União Europeia espera mais ação e qualidade em práticas de bem-estar animal

Um dos compradores mais exigentes do comércio global, a União Europeia (UE) espera ver melhora na qualidade das práticas de bem-estar animal adotadas por seus fornecedores, respondendo a uma demanda da população, uma vez que o consumidor também está cada vez mais preocupado com as condições dos animais e de onde vêm os alimentos.

“Esperamos mais ação em termos de qualidade do bem-estar animal que é aplicado”, disse Andrea Gavinelli, chefe da unidade bem-estar animal da Comissão Europeia, durante evento promovido pela startup Produtor do Bem nesta terça-feira(11/6), em São Paulo (SP).

Segundo o executivo, as normas e a legislação adotadas pelo bloco visam reduzir os riscos de danos aos animais tanto a nível internacional, quanto entre os produtores rurais que atuam dentro da UE. Exigências mais recentes também vão de encontro com os interesses da população.

“Fizemos entrevistas com milhares de pessoas da União Europeia e 84% dos europeus acham que esses animais deveriam ser mais protegidos”, afirmou Gavinelli.

A partir de então, a comissão passou a avaliar a aplicabilidade das leis vigentes e identificou que algumas regulamentações para transporte animal, por exemplo, tinham mais de 20 anos, embasadas em regras ainda mais antigas.

Esse movimento motivou mudanças por parte da UE, em cooperação com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

“Trabalhamos em um cenário multilateral e essas organizações criaram normas internacionais para bem-estar animal, que se concentraram especialmente no transporte de animais”, disse o executivo.

Outro elemento considerado importante é a rastreabilidade, e transparência dessas informações na rotulação dos produtos no varejo. “Praticamente todos os cidadãos europeus querem comprar de empresas que identifiquem em suas embalagens que adotam bem-estar animal”, enfatizou.

Gavinelli ressaltou ainda que os impactos socioeconômicos e custos também são levados em consideração na construção das normas da Comissão Europeia, “para termos certeza de que tudo vai bem do ponto de vista do desenvolvimento”.

Presença brasileira

A diretora do Global Reporting Initiatieve (GRI), Andrea Pradilla, órgão responsável por promover a transparência das informações sobre sustentabilidade, disse que gostaria que o Brasil ocupasse mais espaço nos debates internacionais sobre o tema.

“O Brasil e a América Latina, em geral, estão no banco de trás. Reclamamos que as políticas não refletem a nossa realidade, mas precisamos estar mais nessas discussões”, afirmou a executiva durante evento promovido pela startup Produtor do Bem.

Andréa Figueiredo Procópio de Moura, do departamento de negociações não tarifarias e de sustentabilidade do Ministério da Agricultura, ressaltou os brasileiros precisam estar mais preparados para “agir de forma preventiva e não reativa, para que o bem-estar animal não seja uma futura barreira para nós”.

“É impossível dissociar bem-estar animal de sustentabilidade”, acrescentou.

Cumprir as exigências locais e ter uma ação proativa nas práticas de bem-estar animal contribuem para a conquista de novos mercados para exportação, acesso a compradores mais exigentes e redução de custos que ocorrem quando não há controle total do sistema produtivo.

O professor da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), Mateus Paranhos da Costa, destacou entre as despesas possíveis de serem evitadas a mortalidade de animais, redução de produtividade, risco de perda de mercado e prejuízos à imagem do exportador.

Confinamentos de bovinos com muita poluição no ar por terra, má qualidade da alimentação dos animais, manejo incorreto que gere dano à estrutura física do animal, erosão nas pastagens e poluição na água do gado são alguns dos exemplos citados por Costa do que não fazer, por não ser sustentável.

“No médio e longo prazo a imagem de quem adota práticas incorretas fica bastante comprometida lá fora e no mercado interno, já que o consumidor tem mais exigências sobre o produto que ele vem consumindo”, completou.

Fonte: Globo Rural.

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