Os Estados Unidos começarão a reduzir sua barreira às importações de carne bovina e bovinos do Canadá dentro de duas semanas, informaram fontes de indústrias norte-americanas na terça-feira. A retomada do comércio de carne bovina dos EUA com o Canadá tem sido complicada pela insistência do Japão de exigir certificação de que qualquer carne comprada nos EUA seja isenta de produtos canadenses. O Japão é o maior importador de carne bovina dos EUA, importando uma grande variedade de produtos.
No dia 20 de maio, o Canadá anunciou o registro de um caso isolado da doença da ‘vaca louca’ – encefalopatia espongiforme bovina (EEB) – em uma vaca de Alberta, abatida no último inverno. Os EUA e muitos outros países compradores de carne e bovinos canadenses imediatamente suspenderam estas compras, que geram bilhões de dólares ao Canadá anualmente.
“O USDA informou que se as coisas continuarem como estão e se nós continuarmos a ter o progresso que estamos tendo, então começaremos a ver esta (barreira comercial) sendo cada vez mais reduzida dentro de algumas semanas”, disse uma fonte da indústria dos EUA. Quando questionado se o anúncio do USDA referia-se ao mês de julho, a fonte respondeu que sim.
Durante o mês passado, uma busca exaustiva não encontrou outros casos da doença no Canadá, o que levou o Estado de Ottawa a solicitar que os EUA reduzissem ou retirassem suas restrições comerciais, que já têm mais de um mês.
Outra fonte da indústria dos EUA informou que o USDA pretende “em algum momento da semana após o feriado de Quatro de Julho” começar a relaxar a barreira comercial com o Canadá, permitindo as importações de bovino jovens e de cortes de músculos também oriundos de animais jovens, produtos que se acredita ter baixos riscos para EEB.
Um painel internacional de saúde animal deverá divulgar suas descobertas ainda nesta semana, em resposta ao caso de EEB do Canadá.
“Nós faremos uma ampla avaliação de riscos” antes de qualquer relaxamento na barreira à carne bovina do Canadá, disse a porta-voz do USDA, Julie Quick. Porém, o USDA não informou um prazo para isso. Oficiais do Canadá, dos EUA, do Japão e da Coréia – outro grande importador de carne bovina – estão tentando alcançar um acordo referente ao comércio.
“O USDA está trabalhando no sentido de chegar a uma solução global e não lutar país a país”, disse uma fonte da indústria dos EUA.
O Canadá estima que sua indústria de carnes e de bovinos está perdendo cerca de US$ 20 milhões por dia devido à barreira dos EUA à carne bovina.
Fontes da indústria dos EUA informaram que este caso de EEB provavelmente forçará a uma maior rigidez nos controles do governo da América do Norte da produção de carne bovina. Entre as medidas que estão sendo consideradas está o teste de amplo alcance dos bovinos mais velhos, que acredita-se ter o maior risco da doença, e proibir partes dos animais de alto risco, como cérebros, olhos e medula espinhal, de entrar na cadeia de alimentos.
As fontes norte-americanas informaram que existe um grande problema a se resolver ainda, com relação à segurança referente à EEB, que é o sistema de remoção da carne dos ossos, chamado de “recuperação avançada da carne” (“advance meat recovery“). Este sistema representa um risco, uma vez que inclui partes da medula espinhal com a carne e constitui um problema à medida que a medula espinhal pode ser uma parte do animal de alto risco de transmissão de EEB. Se novos controles forem impostos pelo USDA, a indústria terá que abandonar esta prática, o que poderia levar a um aumento no preço de alguns produtos de carne.
Oficial dos EUA quer que abertura seja “mais rápido possível”
Um representante do governo do estado de Montana dos EUA quer que o comércio de carne bovina de Alberta com os EUA seja retomado “o mais rápido possível”, mas acredita que os outros países precisam concordar com isso antes da decisão ser tomada.
“Nós não queremos isolar os produtores canadenses, queremos somente nos certificar de que a ciência está dando suporte e, se a ciência dá suporte, os outros países se unirão rapidamente”, disse o membro do governo do Estado de Montana, Karl Ohs, um pouco depois de sair de uma reunião anual com o ministro das Relações Internacionais e Inter-governamentais de Alberta, Halvar Jonson. Ambos os oficiais concordam que a sobrevivência da indústria de carne bovina depende da abertura entre os dois países.
“Estamos todos do mesmo lado em termos de querermos que a fronteira seja reaberta para normalizar toda a indústria pecuária da América do Norte – esta é uma situação muito séria”, disse Jonson. “E estamos continuamente estimulando a reabertura da fronteira – continuaremos impulsionando até isso ocorrer, e quanto antes, melhor”. Apesar de este ser um assunto federal, Jonson disse que estas discussões em níveis menores são benéficas.
Fonte: Reuters (por Richard Cowan) e Canoe.ca, adaptado por Equipe BeefPoint