Mato Grosso reduziu em mais de 25% o trânsito de bovinos vivos para outros estados nos últimos quatro anos
9 de setembro de 2015
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USDA: Relatório anual do setor pecuário do Brasil

Sumário

A previsão para a economia brasileira em 2016 é de continuar em recessão. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou suas previsões de produção e consumo para carne bovina e suína devido aos seguintes fatores limitantes: cortes e aumentos de impostos impopulares do governo, aumento da inflação, aumento do desemprego, aumento das taxas de juros e menor confiança dos consumidores. Se a atual crise política continuar durante o próximo ano, pode levar o Brasil a perder seu grau de investimento o que poderá agravar mais suas perspectivas econômicas.

Do lado positivo, o USDA espera maiores exportadores de carne bovina e suína devido à desvalorização da moeda brasileira, mas a previsão de exportações pode ser temperada pela queda nos preços do petróleo em alguns dos mercados brasileiros mais importantes para carne bovina e suína, como a Rússia. Durante janeiro-agosto de 2015, a moeda brasileira se desvalorizou em 33,2%, o que tornou a carne bovina e suína do Brasil mais competitivas no mercado mundial.

BOVINOS

Produção 

O USDA previu a continuidade das ofertas limitadas de bovinos para abate em 2016. Devido aos volumes insuficientes de chuvas por quase dois anos, que estão afetando as áreas mais importantes de produção pecuária nas regiões centro-oeste, os maiores preços dos bezerros (aumento de 25% com relação ao ano anterior) estão estimulando a retenção de animais pelos produtores brasileiros. Devido aos altos preços dos bovinos no Brasil, os frigoríficos fecharam mais de 30 plantas em vários estados, principalmente porque suas margens alcançaram níveis críticos. O Estado do Mato Grosso, que tem o maior rebanho bovino do país, fechou nove plantas que estavam operando com capacidade ociosa devido à limitação nas ofertas de bovinos. A previsão para a produção é que melhore somente em 2017.

Comércio

O USDA previu um aumento pequeno nas exportações de bovinos em 2016, principalmente devido a uma recuperação nas exportações ao Líbano e outros mercados do Oriente Médio devido à contínua desvalorização da moeda brasileira. Além disso, recentemente, o Brasil abriu o mercado para exportações de bovinos vivos à Turquia. As exportações à Venezuela deverão permanecer baixas devido aos riscos de inadimplência como resultado da deterioração da situação econômica naquele país e aos contínuos altos preços dos bovinos no Brasil.

Dados sobre produção, oferta e demanda (1000 cabeças):

Captura de Tela 2015-09-08 às 17.54.07

CARNE BOVINA E DE VITELO

Produção

O USDA previu que a produção de carne bovina aumentará somente em 2% em 2016, para 9,6 milhões de toneladas, principalmente direcionada pela maior demanda de exportação uma vez que a demanda doméstica provavelmente permanecerá estagnada. As ofertas limitadas de bovinos para abate e os altos preços dos bovinos também continuarão a pressionar as margens de lucros dos frigoríficos em 2016. Apesar de um grande número de plantas ter fechado nesse ano, as fontes comerciais acreditam que plantas mais ineficientes podem ser fechadas em certas áreas do país. Dois limitantes importantes podem também impactar adversamente a produção de carne bovina em 2016: a escassez de energia e os maiores custos da energia, incluindo a possibilidade de racionamento à medida que a crise hídrica deverá continuar durante o próximo ano. Quase 70% da energia do Brasil é hídrica.

Consumo

O USDA projeta que o consumo doméstico de carne bovina permanecerá estagnado em 2016, em 7,8 milhões de toneladas, devido à continuidade dos maiores preços ao consumidor para a carne bovina. Além disso, a previsão para a economia em 2016 permanece fraca, com o aumento da inflação, o aumento do desemprego, o aumento das taxas de juros e o aumento do endividamento dos consumidores brasileiros, que estão afetando a confiança dos consumidores. A confiança dos consumidores brasileiros caiu em julho de 2015 para seu menor nível desde que os dados começaram a ser registrados em setembro de 2005. Os maiores custos da carne bovina no varejo também estão fazendo com que os consumidores brasileiros mudem para outras carnes, como carne de frango e suína. Em 2015, a diferença de preços entre os cortes varejistas de carne bovina e a carne de frango está 60% maior para a carne bovina.

Comércio

 As exportações de carne bovina deverão se recuperar em 2016 a uma taxa de quase 10%, para quase 1,8 milhão de toneladas, principalmente direcionadas pela desvalorização da moeda brasileira e maior demanda da Ásia. A moeda brasileira foi desvalorizada em 33,2% desde agosto de 2014.

China e Hong Kong: o governo anunciou a suspensão do embargo à carne bovina brasileira à China há alguns meses e, desde junho, oito plantas começaram a exportar à China. Entretanto, os exportadores brasileiros não esperam que essas exportações de carne bovina à China aumentem de forma significativa em 2015, mas estão otimistas que antes do final do ano, outras nove plantas serão autorizadas a exportar ao país, o que provavelmente aumentará as exportações em 2016. Ao mesmo tempo, os brasileiros acreditam que um declínio nas exportações de carne bovina a Hong Kong é devido à maior vigilância chinesa com relação ao comércio de carnes para evitar operações “triangulares”. Porém, os comerciantes esperam que Hong Kong continue sendo um importante importador de carne bovina brasileira.

Rússia: fontes locais comerciais estão mais cautelosas com relação ao mercado russo em 2016 devido à crise econômica, à desvalorização do rublo e aos preços ruins do petróleo. Entretanto, devido aos estoques de carne bovina menores do que o estimado na Rússia, o USDA informou que o país provavelmente continuará o maior mercado para a carne bovina brasileira em 2016, mas a níveis mais baixos.

Estados Unidos: os exportadores brasileiros de carne bovina esperam começar as exportações de carne bovina fresca e congelada aos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2016. Atualmente, oficiais do governo de ambos os países estão trabalhando nos requerimentos. Os exportadores brasileiros esperam enviar em 2016 cerca de 60% da cota dos Estados Unidos, de 64.805 toneladas disponível para outros países. As exportações de carne bovina processada aumentarão levemente em 2016.

Outros mercados: África do Sul, Iraque, Malásia, Myanmar e Cingapura não somente retomaram as importações de carne bovina do Brasil, mas negociações mútuas entre esses países e o governo brasileiro estão centradas na aprovação de novas plantas brasileiras para exportações. A Arábia Saudita e o Japão, que embargaram a carne bovina brasileira devido à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no Paraná no final de 2012, deverão abrir seus mercados antes do final de 2015. Outras negociações para a abertura do mercado à carne bovina brasileira estão concentradas em Tailândia, Taiwan e Indonésia.

Dados sobre produção, oferta e demanda (1000 cabeças; 1000 toneladas):

Captura de Tela 2015-09-08 às 17.56.03

Commodity

Carne bovina e de vitelo

Captura de Tela 2015-09-08 às 17.57.25

Fonte: USDA, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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