Mercados Futuros – 26/12/07
26 de dezembro de 2007
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28 de dezembro de 2007

Uso de tamponantes para bovinos de corte confinados

A introdução de compostos tampões na nutrição de bovinos de corte confinados é utilizada com o intuito de melhorar as condições ruminais, através da neutralização dos ácidos produzidos na fermentação ruminal. Nesses casos, a manutenção do pH em valores mais próximos das condições ideais aos microorganismos ruminais, melhoram a população microbiana, digestibilidade total, produção de proteína microbiana e conseqüentemente a saúde e o desempenho animal.

A introdução de compostos tampões na nutrição de bovinos de corte confinados é utilizada com o intuito de melhorar as condições ruminais, através da neutralização dos ácidos produzidos na fermentação ruminal. Nesses casos, a manutenção do pH em valores mais próximos das condições ideais aos microorganismos ruminais, melhoram a população microbiana, digestibilidade total, produção de proteína microbiana e conseqüentemente a saúde e o desempenho animal.

Conceitualmente, tampões são misturas de ácidos fracos e suas bases conjugadas, ou vice versa. Em soluções aquosas, os tampões devem opor-se às mudanças nas concentrações dos íons hidrogênio, quando do acréscimo de ácidos ou de bases. Na prática, a generalização do termo tampão inclui óxidos e hidróxidos que neutralizam ácidos presentes nos alimentos ou produzidos na fermentação ruminal.

A introdução de compostos tampões em dietas de bovinos é prática comum, e bastante antiga, nos sistemas de produção leiteira para evitar a queda das concentrações de gordura do leite devido ao baixo pH ruminal. Além disso, a relação acetato:propionato também tem grande participação na quantidade de gordura depositada no leite desses animais, sendo assim, os tamponantes também são utilizados para obtermos uma maior quantidade de acetato sendo produzido no rúmen, mantendo a relação em níveis favoráveis a deposição de gordura no leite.

Os tamponantes passam a ter importância no metabolismo animal a partir do momento em que a dieta fornecida a esses animais não permita mais que os mecanismos do metabolismo sejam suficientes na manutenção das condições fisiológicas ruminais. O mecanismo fisiológico responsável por tal regulação é o fluxo salivar, ou seja, a quantidade de saliva produzida pelo animal e depositada no rúmen, levando ao controle ruminal de pH.

A saliva dos bovinos contém bicarbonato, composto com ação tamponante, que irá ajudar no controle do pH ruminal. Um bovino tem sua quantidade de saliva produzida diariamente bastante variável, dependendo das condições nutricionais presentes. Para um animal com dieta bastante volumosa teremos uma quantidade maior de saliva produzida, em relação a animais com dietas com grandes proporções de concentrados, situação em que o composto tamponante apresentará efeito esperado.

De forma geral, a produção salivar varia de aproximadamente 120 a 200 litros de saliva por dia, o que corresponde a aproximadamente 1,5 a 2,5 kg de bicarbonato por dia entrando no rúmen (Tabela 1).

Tabela 1. Quantidade de saliva e bicarbonato produzidos pelos bovinos de acordo com a dieta fornecida


Os produtos mais utilizados atualmente em dietas de bovinos são bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio, óxido de magnésio, bentonita (argila de silicato de alumínio) e o sesquicarbonato de sódio. O sesquicarbonato de sódio contém 1 mol de bicarbonato de sódio, 1 mol de carbonato de sódio ligados a 2 mols de água, sendo um tamponante mais eficaz que o bicarbonato de sódio, possivelmente porque, no ambiente ácido do rúmen, mais bicarbonato seria desprendido do grupo carbonato (Nagaraja, 2007). Os dois mecanismos mais aceitos para modificação da fermentação ruminal através de tampões são a resistência a mudança no pH ruminal, e o aumento do fluxo de líquidos junto ao orifício retículo-omasal, ou taxa de diluição ruminal.

Os tampões são utilizados em confinamentos de gado de corte com dietas ricas em cereais, visando o aumento e manutenção de valores de pH mais estáveis. Baixos valores de pH ruminal irão levar a ocorrência de acidose sub-aguda, queda na ingestão total de matéria seca e conseqüente queda de desempenho dos animais. A utilização de compostos tamponantes devem ser muito bem avaliadas pelos técnicos responsáveis, pelo fato de, em algumas situações não levarem a benefício algum, ou até negativos, se empregados de forma incorreta.

Referências bibliográficas:

NAGARAJA, T.G. Saúde Ruminal. III Simpósio de Nutrição de Ruminantes – Saúde do Rúmen. In: Anais – First brazilian Ruminant Nutrition Conference – Rumen Health Proceedings, UNESP, Botucatu/SP, 2007.

MERTENS, D.R. FDN fisicamente efetivo e seu uso na formulação de dietas para vacas leiteiras. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE BOVINOCULTURA DE LEITE: Novos conceitos em nutrição, 2., 2001, Lavras. Anais… Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2001. p.38-49.

5 Comments

  1. Fábio Bueno Gonçalves disse:

    Parabéns pelo artigo Dr. André Alves, falar em tamponantes é muito importante para nutrição animal principalmente por causa das dietas que estão cada vez mais aumentando a quantidade de concentrado. E os tamponantes evitam que o desempenho do animal possa cair, mantendo o pH na faixa ideal para as bactérias celuloliticas, que são de extrema importância na nutrição animal, principalmente na degradação de volumosos.

  2. André Dal Maso disse:

    O uso de monesina sódica, 220mg/animal/dia, leveduras e uma relação de Ca:P de 1,8 a 2,0:1,0 eliminam a necessidade de se trabalhar com tamponantes nas dietas de confinamento com 100% de concentrado, onde a única fonte de fibra efetiva é a casquinha de soja?

    Se a resposta for “não”, quais os níveis de bicarbonato de sódio indicados para estas dietas (g/cab/dia)?

  3. André Alves de Souza disse:

    Prezado André Luiz,

    Fica muito difícil qualquer afirmação da necessidade ou não de tamponantes nessas condições e somente com essas informações. Existem diversos fatores que interferem de forma decisiva na ocorrência ou não de distúrbios metabólicos e que também precisam ser avalaidos. O manejo de cocho, incluindo o tipo de misturador, tipo de cocho e número de refeições diárias, por exemplo.

    Gostaria de poder ajudá-lo melhor, porém seria perigoso qualquer afirmação ou “receita” tratando-se de dietas com 100% de concentrado.

    Grande abraço.

  4. camilo pasquini disse:

    Sou diretor da Vetcurso, empresa que promove eventos para medicos veterinarios e estudantes da área. Estou organizando um simpósio em Cuiabá-MT e gostaria de saber se há interesse em ministrar uma palestra sobre este assunto. Se houver interesse favor entrar em contato camilo_pasquini@yahoo.com.br

  5. André Alves de Souza disse:

    Prezado Antônio Mizael,

    Nas condições de dieta e manejo que você descreveu do confinamento, bem como os animais em questão, não se faz necessário o uso de tamponantes, ok?

    Um forte abraço!

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