A Itália começou ontem a sacrificar gado contaminado com a doença da vaca louca em Malpensata Di Pontevico, distrito onde foi confirmado o primeiro caso da doença em janeiro último. Segundo reportagem de Ivana Moreira, publicada hoje no Valor Online, foram abatidas 40 vacas.
Os testes de contaminação foram realizados pelo Instituto Zooprofilático de Brescia, próxima a Verona. Os resultados foram considerados positivos em 28 das vacas submetidas aos testes.
De acordo com informações do Ministério da Agricultura da Itália, desde a confirmação do primeiro caso de vaca louca, a queda na comercialização de carne bovina no país foi superior a 75%. Clientes tradicionais da Itália, como o Egito, proibiram a importação do produto italiano.
Segundo o ministro Percoraro Scanio, os países importadores adotaram medidas rigorosas em relação à possibilidade de importar carne contaminada. Ele lembrou que o Canadá chegou a proibir importação de carne do Brasil só porque o país importou gado britânico em 1999.
A vaca louca levou o governo italiano a adotar medidas igualmente rigorosas em relação aos países da União Européia (EU). De acordo com Scanio, é preciso o máximo de cautela com as regras de sanidade. A suspeita de volta da febre aftosa na Alemanha fez o ministro endurecer o discurso. O controle e a limitação do trânsito de animais vivos nas fronteiras italianas foram reforçados na última semana.
Às vésperas do início da Feira Agrícola de Verona, considerado um dos eventos italianos mais importantes do setor agrícola, foi proibida a participação de animais vivos. Estandes preparados para expor aves e suínos, entre outros animais, ficaram vazios durante a feira internacional realizada de quinta a domingo.
Estima-se que os governos da Inglaterra, França, Alemanha e Itália estão gastando mais para combater os resultados do aumento de produção de carne do que gastaram no início da década para incentivar o aumento da produção. “É um modo doido de fazer política”, disse o chanceler alemão, Gerhard Schröder, em entrevista à imprensa européia.
O Comitê de Agricultura da UE já gastou os recursos disponíveis para o combate à crise da vaca louca e agora está na dependência da liberação de verbas dos países. O comissário Franz Fischer, tem feito palestras para produtores em vários países. Em Verona, ele disse “o importante é produzir com mais qualidade, não produzir mais”.
Apesar dos protestos das associações de produtores, Fischer diz que não cederá. Continuará rigoroso na discussão da regulamentação da segurança alimentar. Conforme a AP/Dow Jones, de 1997 até 28 de fevereiro foram registrados 182.827 casos de vaca louca no mundo.
(Por Ivana Moreira, para Valor Online, 13/03/01)