O processo de venda do Outback no Brasil avançou para a segunda fase, quando as empresas com efetivo interesse na rede devem apresentar as suas ofertas de compra. O Valor apurou que estão incluídas nessa fase a gestora de private equity Advent International, a também gestora Vinci Partners, a rede de fast food Burger King e a cadeia de hambúrgueres Madero.
Segundo duas fontes a par das negociações, com base nas informações já coletadas durante o “non binding”, quando não há acordo vinculativo, a rede de restaurantes é avaliada entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões (em cálculos que descontam o pagamento de royalties), considerando um múltiplo de 13 vezes o valor do lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, da sigla em inglês).
Em 2019, a companhia registrou vendas de R$ 1,35 bilhão em cerca de cem unidades da rede no país. A negociação inclui o Outback e a Abbraccio, rede especializada em comida italiana com 12 unidades no Brasil.
As operações são controladas pelo grupo americano Bloomin’ Brands, que anunciou no ano passado que estuda “alternativas estratégicas”, como a venda de determinadas operações pelo mundo, sem detalhar quais são os ativos.
O Bank of America Merrill Lynch foi contratado para buscar interessados no Outback Brasil. A unidade do restaurante Fleming’s, focada em carnes, e aberta em 2016 em São Paulo, foi fechada e não faz parte das negociações.
Fracos resultados com a unidade, que teve desempenho abaixo do projetado, acabou levando ao seu encerramento, diz uma fonte. Além do grupo americano, a unidade tinha investidores locais como sócios. A empresa confirma o fechamento e informa que isso não altera a condução dos outros negócios no país.
Entre as empresas que consideraram analisar a compra do Outback, mas não avançaram numa negociação, estão a IMC, dona do Viena, Pizza Hut, KFC e Frango Assado, que chegou a sondar fundos de investimentos para uma eventual sociedade na compra, mas não houve maior evolução nas conversas.
O grupo Madero, que teria analisado o negócio no ano passado, acabou avançando para a segunda fase, segundo duas fontes. Uma negociação com a Madero aconteceria na pré-oferta pública inicial de ações da empresa, já que a rede prepara a abertura de capital para este ano na Nasdaq, como antecipou o Valor no início de dezembro. A previsão é que a oferta ocorra no terceiro trimestre, caso haja janela no mercado.
Há informações no setor de que a Sapore, empresa de refeições coletivas, sondou os representantes do Outback, mas não teria entrado nessa segunda fase de negociações.
O Valor já havia antecipado em janeiro o interesse da Vinci e do Burger King na operação. A Burger King Corporation tem atualmente 9,8% do Burger King no Brasil. A Corporation pertence à RBI, que tem entre seus sócios Jorge Paulo Lemann.
De acordo com fonte a par do assunto, a intenção de vender a rede no Brasil, um ativo mais maduro, porém com potencial de crescimento, tem relação com a necessidade de a empresa se desfazer de negócios que rentabilizem os acionistas do grupo americano.
A receita da Bloomin’ Brands, há quatro anos, permanece na casa dos US$ 4 bilhões anuais.
Segundo dados de janeiro a setembro de 2019, a cadeia no Brasil cresceu 6% em termos de vendas “mesmas lojas” (em operação há mais de um ano). É uma expansão de um dígito em cima de uma base baixa, já que houve queda de 3% neste número no ano anterior, segundo balanço da controladora.
Em comunicado publicado em novembro, David Deno, diretor-executivo do grupo, disse que “nos últimos anos, a Bloomin’ Brands fez um progresso significativo em direção a seus objetivos de longo prazo”. “No entanto, apesar desse progresso, acreditamos que o preço atual das ações não reflete o valor da empresa. É por isso que é o momento certo de explorar alternativas estratégicas com potencial para maximizar o valor para nossos acionistas”, disse.
No Brasil, a empresa confirma que a operação da Bloomin’ Brands tem sido considerada nesta avaliação de “alternativas estratégicas para maximizar e acelerar o crescimento da companhia”. “Estamos comprometidos com nossos negócios no Brasil e muito satisfeitos com o desempenho atual”, diz na nota.
Fonte: Valor Econômico.