Na quinta geração de açougueiros, os Wessel não querem ficar de fora do mundo vegetal. Conhecidos pelo hambúrguer de carne bovina e pelos cortes de churrasco gourmet, os descendentes de húngaros criaram uma nova companhia para disputar o paladar dos “flexitarianos”.
Em sociedade com a Bela Vista Investimentos, fundo ex- HSBC que administra cerca de US$ 100 milhões, os Wessel fundaram a Meta Foods, dedicada ao cada vez mais agitado mercado de plant-based.
A novata investiu R$ 20 milhões para erguer uma fábrica em Araçariguama (SP), no mesmo terreno onde fica a planta da Wessel. Os primeiros produtos desenvolvidos pela Meta, um hambúrguer vegetal temperado com páprica e outro com cebola, estão em fase final de cadastro em redes como Carrefour e Pão de Açúcar. Mas já estão disponíveis no armazém gourmet Varanda, que fica no bairro paulistano da Cidade Jardim. A embalagem com duas unidades custa R$ 24, o que embute um prêmio sobre os rivais desse segmento.
Os Wessel chegam a um mercado cada vez mais disputado. De gigantes como JBS, Marfrig e BRF a foodtechs como a pioneira Fazenda Futuro, New Butchers e NotCo, ninguém quer perder a chance de abocanhar o crescente negócio das proteínas vegetais que imitam carne, atraindo as gerações cada vez mais preocupadas com o bem-estar animal e questões ambientais.
Responsável por fazer a fama da família nas últimas décadas, István Wessel rejeita o rótulo de startup. “Não somos uma foodtech. Somos uma família que produz comida com textura, suculência e qualidade há 62 anos aqui no Brasil”, afirmou. Na Hungria, onde o empresário nasceu, os ascendentes já se dedicavam à carne.
A proposta da Meta Foods é diferente da concorrência. Sob a batuta de István, a empresa não quer copiar o sabor da carne, mas apenas sua textura e suculência. Por isso, a fórmula não inclui aromas artificiais e conservantes. “Somos a alternativa de um bom sanduíche, e com sabor próprio”, disse Cristiano Boccia, sócio da Bela Vista Investimentos – o fundo tem 50% do capital da Meta Foods.
Coube a Titi Wessel, filha de István, desenvolver o hambúrguer da Meta desde o começo, da formulação à identidade da marca. “Os primeiros testes ficaram muito longe do produto final. Mas começamos já pensando em não ter gosto de carne”, afirmou. O desenvolvimento do produto começou em 2019.
Para dar suculência, evitando que o hambúrguer ficasse estorricado – comum às da fórmula é a hidratação da proteína texturizada de soja, matéria-prima fornecida pela DuPont. “Se não fizer a hidratação corretamente, pode estragar”, contou ela.
Titi Wessel também está à frente da próxima leva de produtos que serão lançados pela Meta. O próximo a chegar às gôndolas deve ser hambúrguer vegetal já grelhado. A ideia é trazer mais praticidade para consumidores que não tenham intimidade com a cozinha. Para ficar pronto, basta aquecer o produto em microondas ou fritadeiras.
Mas a Meta não deverá ficar restrita aos hambúrgueres. Em 2021, a companhia pretende lançar um empanado de frango plant-based. “Vamos terminar de desenvolver neste ano e lançar entre fevereiro e março”, adiantou a empresária.
Com uma fábrica exclusiva, a sociedade entre Wessel e o fundo Bela Vista tem espaço aberto para expandir a produção. A unidade, que atualmente tem equipamentos para produzir cerca de 10 toneladas mensais, pode ampliar a produção em dez vezes com a aquisição de outras máquinas, explicou István.
Ao Valor, o sócio da Bela Vista afirma que não há pressa para ter o retorno sobre o investimento feito na Meta. “Como fundo, trabalhamos com horizontes de seis anos. Mas o negócio de plant-based ainda está em fase inicial. Não temos pressa. O intuito é maturar a criação da marca”, afirmou. No começo, a marca Wessel ajudará a dar prestígio à Meta. Com o tempo, a marca da família pode sair de cena.
Fonte: Valor Econômico.