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Workshop BeefPoint Mercado do Boi – melhores momentos

Na quinta-feira passada realizamos o Workshop BeefPoint Mercado do Boi em Itupeva/SP. Foram 11 palestras que abordaram os principais pontos relacionados ao mercado do boi no Brasil. Este artigo é uma compilação dos principais pontos que foram discutidos pelos palestrantes.

Na quinta-feira passada realizamos o Workshop BeefPoint Mercado do Boi em Itupeva/SP. Foram 11 palestras que abordaram os principais pontos relacionados ao mercado do boi no Brasil. O evento foi transmitido ao vivo via twitter e gravado em vídeo para depois ser disponibilizado em DVD. Este artigo é uma compilação dos principais pontos que foram discutidos pelos palestrantes. Também iremos disponibilizar as apresentações em slide e muito mais conteúdo sobre as discussões que aconteceram durante o evento. Acompanhe na seção Mercado do boi.

Após a abertura do evento, Miguel da Rocha Calvanti falou sobre Tendências e Perspectivas para a Cadeia da Carne Bovina Brasileira, ressaltando que entres os palestrantes do Workshop estão os principais especialistas do país que abordaram diversos assuntos ligados a pecuária e que permitiram ter uma noção exata do mercado do boi.

Cavalcanti afirmou que o Brasil está se tornando mais justo e a distribuição de renda está aumentando desde 2002. “Com isso a demanda por carne bovina deve aumentar. Outro fator que deve puxar a demanda para cima é a realização da Copa Do Mundo de Futebol”.

O palestrante apresentou dados que estimam que durante o evento da Fifa a venda de refrigerantes deve crescer 10% e a de cerveja algo próximo de 26%. “A carne também deve aproveitar essa onda de crescimento. Tem coisa melhor do que assistir um jogo futebol fazendo um bom churrasco”.

“O pecuarista tem que melhorar sua atuação para acompanhar o crescimento dos frigoríficos e aumentar seu poder de barganha. O outro problema que precisa ser enfrentado pela cadeia (produtores e frigoríficos) é a questão ambiental”. Segundo Cavalcanti, Ongs e consumidores estão cada vez mais preocupados com a preservação ambiental e a preocupação com a sustentabilidade já virou realidade.

“O interessante é q essa exigência além de melhorar a questão da sustentabilidade pode forçar uma solução para a rastreabilidade brasileira”, que é um dos principais requisitos para garantir a origem do produto e que este está sendo produzido de forma correta.

O palestrante lembrou que alguns elos da cadeia já perceberão que precisam cuidar da sustentabilidade e divulgar essas ações. “Hoje vemos propagandas de frigoríficos no Estadão de domingo, quando iríamos imaginar ações como estas? Precisamos mostrar o que está sendo feito no campo e além disso divulgar nosso produto, criar marcas de carne”.

Para resslatar a importância da gestão, Miguel Cavalcanti fala sobre o livro “O verdadeiro poder”, de Vicente Falconi. “É importante trabalhar com método e avaliar metas e resultados”. Ele finaliza sua apresentação pedindo para que todos utilizem o material distribuído para anotar suas dúvidas e refletir sobre cada palestra e onde podemos melhorar, pois só com esta análise crítica será possível promover o desenvolvimento da cadeia.

José Carlos Hausknecht, da MB Agro Consultoria, apresentou a Palestra Mercado do Boi Gordo, Economia e Política em 2010. Ele iniciou falando sobre a crise do sub-prime, a retomada das economias e seus reflexos nos país europeus, que hoje estão em crise. “Hoje gostaria de falar sobre os efeitos desse problema da Europa no Brasil e na pecuária brasileira”.

“Dados da economia mundial estão mostrando que existe uma recuperação em diversos países: Brasil, EUA, China. Mas o que acontecerá na Europa? “Como isso vai influenciar o Brasil?”

“O pacote que foi feito vai resolver o problema, om certeza ele vai dar um folego à economia europeia. Mas mesmo com todas essas medidas, é muito difícil para um país em recessão pagar suas dívidas e esse é o grande problema”, apontou Hausknecht.

Apesar do temor, ele lembra que caso a crise da Grécia não se torne uma grande crise bancária, o crescimento de Alemanha, França e Itália devem sustentar a economia. “Isso acontece porque o crescimento desses países pode evitar uma queda muito forte do euro”.

“Olhando a economia brasileira, vemos que quase todos os indicadores são bastante positivos e é esperado um aumento das vendas de todos os setores da economia para este ano, evidenciando que o mercado segue crescendo e aquecido”.

Com a demanda super aquecida, nós da MBAgro revisamos nossas projeções e acreditamos que a inflação deve chegar a 6% esse ano, comentou o palestrante. “Além disso esperamos ver em dezembro um dólar de R$ 1,90 e isso é muito bom para os exportadores de carne”.

Para Hausknecht o ciclo pecuário ainda não acabou. “A rentabilidade da cria ainda é boa, a oferta é pequena e os preços devem permanecer altos”. Comparando o que está acontecendo no Brasil com os seus principais concorrentes, ele mostra dados dos da pecuária argentina, norte-americana e uruguaia, que apontam redução do rebanho e queda da produção.

“Mas apesar dos concorrentes estarem em um ciclo de redução do rebanho, o Brasil não está conseguindo aumentar suas exportações de carne como o desejado”. Hausknecht mostra os preços do boi gordo nos EUA, Argentina e Uruguai e todas as linhas apontam para cima indicando valorização.

“No mercado interno a situação é de oferta restrita, demanda um pouco mais fraca e problemas de competição com a carne de frango”, frisa o palestrante.

Durante a seção de perguntas Miguel da Rocha Cavalcanti pergunta a Hausknecht como ele vê a situação dos países produtores de petróleo, tradicionais importadores de carne Brasil. “Não vejo grandes problemas, pois apesar dos preços atuais do petróleo, a tendência aponta uma novo movimento de alta”, comenta Hausknecht.

A platéia pergunta se o palestrante acredita que a UE irá reduzir seus subsídios. Enfático ele diz que não acredita neste tipo de mudança.

Sergio de Zen, professor Esalq/USP e coordenador de pecuária do Cepea, falou sobre Custos de Produção Brasileiros e Competitividade Internacional da Carne Bovina Brasileira. “Acabei de chegar dos EUA e lá estão produzindo enorme quantidade de etanol, a partir do milho, mas eles não conseguem atender a demanda. Mesmo com todas as discussões sobre sustentabilidade, 60% da energia deles vem da queima de carvão e é muito difícil mudar essa situação e isso pode se tornar uma oportunidade e um fator que beneficia a produção agropecuária brasileira”.

“No Brasil, alguns anos atrás o boi era moeda. Hoje a inflação está controlada e o preço está mais estável, assim está claro que o ganho com especulação acabou. Por isso precisamos conhecer os custos da pecuária. Hoje só quem produz melhor consegue ganhar mais”, frisou de Zen.

“É preciso comparar os custos das fazendas. O Cepea vem aplicando metodologias já existentes e trabalhando isso junto com a CNA”. “O cepea faz isso através de painéis regionais, onde os produtores montam avaliações de custos de uma propriedade representativa da região”

“Hoje no Brasil, o recado para o produtor é: tem que gastar o mínimo”, enfatizou o professor da Esalq/USP. “Gestão é o ponto mais importante e precisa ser melhor trabalhado pelos brasileiros”.

Mostrando dados do Agribenchmark – fórum destinado a discussões ligadas à produção agropecuária em diversos países, do qual o Cepea participa juntamente com outras instituições de pesquisas internacionais – de Zen lembra que no Brasil, a produção de bezerros é feita em terras menos valorizadas e por produtores com maior aversão a risco. “Durante a reunião do Agribenchmark, fiquei muito assutado, pois o custo de produção dos EUA e Canadá está recuando e se aproximando do Brasil”. “Um dos motivos para isso é o grande volume de investimentos em pesquisa e tecnologia que está sendo feito na universidades dos EUA”.

“O Brasil tem 169 milhões de hectares de pastagens degradadas que podem ser utilizadas para a produção de alimentos. Se colocarmos pasto bem manejado nestas áreas e tecnologia já existente, podemos colocar no Brasil 84% do rebanho mundial”, calcula de Zen, ressaltando a importância do investimento em tecnologia e que este é o motivo da preocupação dos nossos concorrentes.

Alberto Pessina, diretor-executivo da Agropecuária Pessina S/A apresentou a palestra “Mercado do Boi em 2010 e 2011: a Visão do Confinador”. Mostrando uma série histórica de preços ele ressaltou que de 2004 a 2008 o dólar desvalorizou. Enquanto isso o preço do boi continuo subindo. “Isso foi causado pelo grande bate de vaca”.

Pessina frisou que o preço a reposição muito alto afeta a rentabilidade do confinador. Traçando um cenário do momento atual, ele ressaltou que a oferta de carne está menor que nos anos anteriores. “Em 2008 vimos o pico de preços e uma queda em 2009 que foi causada pela crise. Exportamos hoje cerca de 20% da produção nacional de carne. Em abril o valor da exportação aumentou, porém o volume caiu. Isso mostra que o mercado ainda esta sensível as variações de preços”.

Falando também sobre os concorrentes do Brasil no mercado internacional da carne, o palestrante ressaltou que a Argentina teve redução do rebanho e explosão de preços. Na Austrália temos uma demanda mais forte (Japão e EUA) e aumento de preços. Os preços da carne uruguaia também aumentaram, o que deixa o Brasil mais competitivo. “Em 2010 observamos preços maiores na exportação destes países, representando uma retomada do comércio internacional da carne bovina.

Olhando o lado do importadores da nossa carne, Pessina lembra que a Rússia e países do Oriente Médio são muito dependentes do petróleo, que vem caindo. Ele acredita que isso pode afetar a demanda desses países.

“Os EUA sentiu bastante a crise, mas vem com uma recuperação forte. Já a zona do euro se recupera lentamente, o que afeta o aumento do consumo”.

Pessina aponta que o nível de investimento no Brasil cresceu bastante e o desemprego está caindo, mas acredita que se as exportações caírem e aumentar a oferta de carne no mercado interno, os preços provavelmente irão cair.

Analisando os fatores que estão influenciando a decisão do confinador, o palestrante lembrou a reposição está muito cara, e em alguns casos chega a inviabilizar o confinamento. “Pesquisa da Assocon mostra que número de animais confinados em pequenos e médios confinamentos associados (na maioria produtores que fazem ciclo completo) deve crescer, enquanto os grandes estabelecimentos deverão reduzir sua produção, sendo que apenas 45% de gado já está comprado”, evidenciando a dificuldade em realizar a compra de animais magros. Ele lembra que os frigoríficos irão aumentar a produção em confinamento, para suprir uma falha de oferta no mercado durante a entressafra.

Falando sobre os preços da entressafra, Pessina acredita que “se houver redução considerável da oferta, os preços podem chegar a algo em torno de R$ 90”.

Segundo o diretor-executivo da Agropecuária Pessina S/A, os sistemas de engorda em pastagens com algum tipo de suplementação tem crescido muito e uma boa parte da oferta na entressafra pode vir desses sistemas. Ele afirma que a eficiência na compra e um a boa produtividade são fatores essenciais para garantir o lucro na engorda de bovinos.

“Em 2010, teremos uma margem bem mais apertada que nos últimos anos. Não temos como fugir do mercado futuro, é a segurança, quem não fez hedge ano passado vendeu o boi em setembro num valor bem menor do esperado”, finalizou Pessina.

Perspectivas do Mercado de Grãos em 2010 e 2011, foi o tema da palestra ministrada por Cristiano Ramos, sócio da Céleres Consultoria. Segundo dados apresentados por ele, o mundo volta a crescer em 2010 e o Brasil cresce acima da média mundial. “A curto prazo a crise europeia não deve afetar o crescimento do PIB brasileiro, já que após a crise de 2008, os preços dos alimentos voltaram a subir”.

“Essa retomada do crescimento econômico interrompe a queda nos preços das commodities, com isso veremos impactos no comportamento dos preços das matérias primas”. Ramos enfatiza que o consumo de carnes no mundo deverá se recuperar em 2010e isso deve manter aquecido o mercado de rações e de grãos.

Olhando o que está acontecendo nos outros players do mercado internacional de grãos, o palestrante alerta que o incremento de área plantada nos EUA deverá ser menor do que o esperado pelo mercado e isso deve limitar uma pressão ainda maior sobre os preços internacionais. “Consequência disso: preços de soja devem buscar um novo patamar. No Brasil o câmbio e o problema da logística exercem forte pressão sobre os preços da soja” Assim a perspectiva é que o mercado da soja apresente manutenção da demanda global. Caso o real continue valorizado e os estoque da China permaneçam elevados podemos ter uma perspectiva baixista para a soja.

Quanto ao milho, o estoque mundial está abaixo da média histórica. “As perspectivas de aumento de produção e oferta de milho, estão muito próximas ao aumento da demanda, e assim os estoques devem continuar baixos”, lembrou Ramos.

Os preços do milho no Brasil estão sendo pressionados pelo câmbio, que não favorece um bom volume de exportação. “A previsão inicial em 2010 era de exportação de 8 milhões de toneladas, mas estamos muito longe disso. Assim devemos continuar com estoque de milho no Brasil e preços baixos”.

“As previsões altistas só acontecerão se registrarmos um aumento considerável das exportações no segundo semestre e maior desvalorização do real”.

Segundo Ramos, “o que temos visto é aumento da produção de milho na safra de inverno no MT, já que mesmo com preço baixo o produtor do MT conseguiu plantar a safra de inverno mais cedo”.

André Camargo, analista de mercado do BeefPoint, palestrou sobre o mercado de bezerros e garrotes em 2010 e 2011. Ele ressaltou que o ciclo de produção de bovinos é um cilco longo em comparação ao ciclo de produção de outras carnes, como aves e suínos. Assim é mais difícil conseguir adequar a oferta com a demanda.

“Podemos admitir que os preços do boi gordo e das categorias de reposição seguem a dinâmica do ciclo pecuário, ou seja, existem momentos em que os preços sobem e o produtor é estimulado a produzir mais e investir na atividade. Posteriormente este aumento de produção causa aumento na oferta e os preços tendem a cair”. Este ciclo pode sofrer influências do clima, índices zootécnicos e ganhos de produtividade, variáveis econômicas e abates de matrizes.

O palestrantes apresentou gráficos com o preço do bezerros de do boi gordo que indicam que a partir de 2002 quando os preços começaram a cair, ocorreu um aumento no volume de abate de matrizes, fato que aconteceu até 2006.

Camargo ressaltou que o preço do bezerro está diretamente relacionado ao tamanho do rebanho de matrizes. “Quando o preço do bezerro sobe, o criador se sente estimulado e cai o abate das matrizes”. Segundo o analista do BeefPoint, nos últimos anos, essas variações também aconteceram nos preços do boi gordo, porém de forma menos intensa do que no caso dos preços do bezerro. “Estamos aumentando a tecnologia de engorda e encurtando o ciclo pecuário e essa antecipação dos abates acabou cobrindo algumas lacunas que a menor oferta de bezerro em anos anteriores poderia ter causado”.

Como os preços do bezerro e do boi gordo apresentam certa correlação, historicamente os pecuaristas utilização a relação de troca para avaliar se o momento é propício ou não para realizar a reposição do rebanho. “Essa conta indica quantos bezerros é possível comprar com a venda um boi gordo”. Utilizando este indicador vemos que hoje estamos com uma das piores relações de troca de todos os tempos, em torno de 1:1,80.

“No BeefPoint, gostamos de utilizar a margem bruta na reposição para avaliar como está o poder de compra do invernista”. Essa margem expressa o que sobra após a venda de um boi gordo e a compra de um bezerro para a reposição. Este capital é o que será investido na atividade, cobrirá os custos de manutenção, salários e pagamentos e o lucro do pecuarista. “Entendemos que normalmente essa é a operação que é realizada”, completou Camargo.

“Analisando este índice percebemos que não importa muito se o preço do bezerro está caro, o ponto principal é qual é a relação do preço do bezerro com o do boi gordo. Pois se eu compro um bezerro valorizado, mas vendi um boi a um preço alto, a quantidade de dinheiro que sobra é maior também”.

Falando sobre as tendências para os próximos anos, Camargo trouxe dados de diversas instituições que apontam para o crescimento da população mundial e renda. “Isso deverá impulsionar o aumento da demanda por carne bovina e consequentemente um aumento na demanda por bezerros”.

Segundo ele, dados de pesquisas de intenção de confinamento divulgadas pela Assocon e IMEA evidenciam que está difícil de comprar bezerros, principalmente porque o mercado segue bastante aquecido. “Acredito que este cenário deve se manter ainda por algum tempo, apesar de já notarmos um movimento de retenção de matrizes, o setor de engorda no Brasil está trabalhando com alta tecnologia enquanto a cria está um pouco atrás apresentando menores ganhos de produtividade”.

Otávio Cançado falou sobre as exportações brasileiras de carne bovina. Para exemplificar o momento atual ele apresentou uma comparação das exportações de carne bovina nos principais concorrentes do Brasil. O principal destaque é o ganho de market share do Brasil nos últimos anos. “Se considerarmos as operações no Brasil e as controladas por brasileiros no exterior, somos responsáveis por 50% das vendas mundias de carne bovina”.

Outro ponto destacado pelo diretor da Abiec é o recuo das vendas argentinas. “Argentina pode até se tornar importadora de carne”.

Cançado também chama a atenção para as exportações brasileiras de carne bovina ao Irã, que já se tornou um dos principais parceiros comerciais do Brasil em carne bovina e deve importar algo em torno de 150 mil toneladas em 2010. Segundo ele os problemas políticos em relação à nação do Oriente médio não devem ter grandes influências no comércio de carnes.

Ele ressaltou que a tendência de fusões e aquisições dos frigoríficos brasileiros ainda não acabou. “Devemos ter novidades esse ano ainda”, comentou Cançado. Dessa forma ele acredita que a união dos produtores e das associações de classe é fundamental e principalmente em tempos de crise pode ajudar a alavancar o desenvolvimento do setor.

Quando questionado sobre o recall carne brasileira nos EUA, o diretor da Abiec comenta que não deve ter muito impacto nas exportações. “Isso ainda é muito novo e precisa ser melhor avaliado”.

Marcus Braun da BRFoods falou sobre o mercado interno de carne bovina. Segundo Braun o CADE já aprovou a fusão entre a Perdigão e a Sadia em algumas atividades e a carne bovinas é uma delas. Ele ressaltou um ponto interessante, que o consumo de carne bovina aumenta com aumento da alimentação fora de casa. Ele aponta que em mercados como Rússia e México ainda se espera aumento no consumo de carnes, fato que não deve ocorrer nos EUA, Canadá, Coréia do Sul e Japão. “No Brasil ainda existe espaço para aumentar o valor agregado dos produtos”.

Segundo Braun os vetores para o crescimento do consumo são: aumento do poder de compra, praticidade, produtos que fazem bem à saúde, sofisticação (novidades/inovação) e a busca por produtos de maior valor agregado (desejo da experiência de compra e consumo). Esses são os pontos que devem ser trabalhados pela indústria de carnes.

“Nos últimos 30 anos o consumo per capita de alimentos preparados cresceu 317%”. Dados do IBGE indicam que aumento de renda leva consumidores a procurar por produtos de maior valor agregado e conveniência.

István Wessel falou sobre sua experiência no comércio de carnes especiais no Brasil, onde a família atua há mais de 50 anos. Ele conta que vem de uma família de cinco gerações de trabalho com comércio de carne bovina.

Contando a história da criação da marca ele chamou a atenção para a inovação. Segundo ele seu pai (húngaro) vinha de uma realidade completamente diferente da brasileira e constantemente buscava identificar problemas na comercialização de carne e os desejos dos consumidores brasileiros. Ele ressaltou que é difícil alterar hábitos culturais, mas é possível. “Antes do uso massivo da maturação de carnes (e pela baixa qualidade da carne da época) se fazia churrascos bons só com filé mignon”, lembra István Wessel.

“A primeira barreira que minha família teve que enfrentar era não vender fiado no açougue. Meu pai começou a conhecer o consumidor brasileiro, e percebeu que era aqui que tinha que investir”.

Wessel fala que devemos atender aos anseios de nossos consumidores e conta a história de um vendedor de cachorro quente no Paraná que entrou em contato com ele pois queria um hambúrguer de carne bovina com o formato do pão que ele utiliza em sua lanchonete. “Ele veio até meu escritório e trouxe o pão. Nós fizemos da maneira como ele desejava e está sendo um sucesso de vendas”.

“O desafio é tentar perceber o que vai acontecer amanhã. Hoje o que estamos pensando é como trazer soluções que as donas de casa fiquem feliz, exemplos usando mais o forno. Buscamos produtos que sejam muito práticos sem perder a qualidade”, finalizou Wessel.

Flavio Saldanha, gerente de marketing da divisão de alimentos do Grupo JBS, falou da estratégia da empresa para o mercado interno, ressaltando ações com ter uma loja dentro da loja, para destacar mais determinados produtos e marcas. Saldanha diz que vinho tem marca, água tem marca. “Porque não podemos ter marca de carne?”.

Segundo palestrante é muito importante cuidar dos pontos de venda e vender o momento da compra, a experiência, além do produto. “Uma das estratégia do JBS para promover suas marcas passa pelo treinamento do varejista, gestão da gondola e da apresentação dos produtos e chega à contratação de músicos e chefes de cozinha para promover a venda de carne nas lojas de varejo. Nossa missão é deixar o açougue cada fez mais rentável”, comenta Saldanha.

A JBS tem investido muito em promoção de sua marcas, principalmente a Maturatta. Ele ressalta a importância do cuidado com a marca, “é preciso atentar para o processo de produção desde o pasto até o prato”.

Saldanha comenta que tem sido muito questionado sobre a ideia das vans e lembra que esta estratégia surgiu de um pedido de consumidores, de cidades onde a empresa possui plantas industriais, que desejava comprar carnes direto do frigorífico e não sabia onde encontrá-las.

“As vans são um projeto piloto de venda direta ao consumidor e tem o intuito de entender o que esse cara quer. Elas ainda são muito novas e não sabemos se elas realmente funcionam ou não. Até agora podemos encará-las como uma boa ação de marketing”, frisou Saldanha.

“Nós [JBS] queremos atender ao consumidor. Onde tiver alguém comendo carne, nós queremos fazer parte do garfo dele”, finalizou.

Falando sobre o mercado mundial da carne, André Skirmunt, sócio da Unimeat, trading especializada em carnes, apontou que a carne brasileira tem perdido sua competitividade nos últimos anos e hoje compete com carnes historicamente mais caras como a americana. “Hoje uma das opções mais baratas à carne brasileira seria a carne paraguaia, em alguns momentos a carne Argentina”.

Segundo Skirmunt, apesar da valorização, o Brasil ainda joga na 2ª divisão do mercado de carne bovina. “Basicamente por questões sanitárias estamos fora dos mercados que pagam mais caro”.

Segundo o trader, a África é um mercado que tem grande potencial e já vem sendo trabalhado pelos exportadores brasileiros.

0 Comments

  1. João Carlos Carvalho Spínola disse:

    Parabenizo o BeefPoint pela seriedade dos seus objetivos e pela contribuição positiva que suas informações agregam à cadeia produtiva da carne bovina.

  2. sady borges stella disse:

    O profº da Esalq/USP, Sergio de Zen , disse q os pecuaristas hj tem q ¨gastar o mínimo¨ e logo em seguida tb disse q nós temos q¨ investir muito em tecnologia¨.
    Como é q fica isso ? Hoje, um dos ítens mais caros ao pecuarista é justamente implantar ou utilizar tecnologia dentro da fazenda, ainda mais com os preços atuais do boi gordo!
    A pergunta é:Investimos ou Economizamos, profº?

    Comentário Equipe BeefPoint:

    Olá Sady, quando o Professor fala sobre investimento está se referindo ao investimento em pesquisa. Discordo de você que o investimento em tecnologia é o item mais caro. Se este investimento trouxer maiores ganhos de produtividade, porque não analisá-lo, talvez no final do processo esse custo seja diluido em maior produtividade ou maior agragação de valor.

    Forte abraço,

    André Camargo

  3. Ricardo Stanzione disse:

    Só tenho que parabenizar a equipe BeefPoint e os palestrantes., esperando novos eventos desse tipo que muito nos atualiza e esclarece a real situação dos mercados

    da carne em geral.,

    Ricardo Stanzione

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