Os grandes compradores de commodities agrícolas produzidas no Brasil – principalmente soja e carne – podem ajudar o país a zerar o desmatamento nas próximas décadas. A presença deste setor na economia nacional é forte o bastante para incentivar os produtores rurais a cumprir a legislação florestal e influir para que o governo sustente políticas de incentivo à agricultura de baixo carbono. Além disso, o segmento tem plenas condições de abastecer o mercado externo com produtos vindos de cadeias produtivas sustentáveis.
Para que isso aconteça, exportadores, financiadores e compradores dos produtos agrícolas brasileiros podem adotar em bloco uma estratégia que inclua compromissos internacionais – como assinar e propagar o Acordo de Nova Iorque, por exemplo. Intervenções locais como manter ou ampliar os compromissos da Moratória da Soja após 2016 seriam formas de ajudar a conter a perda de florestas nativas.
Os líderes do mercado de commodities agrícolas também podem ajudar a conter o desmatamento se passarem a exigir de todos os seus fornecedores, pelo menos o registro das propriedades rurais no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SICAR).
As sugestões foram feitas pelo Superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Jean-François Timmers durante o workshop The Sustainable Soy Workshop, realizado pelo The Consumer Goods Forum (TCGF), na semana passada, em Brasília.
Para Timmers, o Brasil tem uma legislação ambiental restritiva, o que é bom, mas só a existência da lei não garante seu cumprimento. Segundo ele, é fundamental que o mercado exija salvaguardas legais por parte dos fornecedores.
Para ele, o Código Florestal é crucial para proteger e recuperar parte das florestas, mas insuficiente para garantir a sustentabilidade nas cadeias produtivas. São necessárias ações complementares para garantir a sustentabilidade no mercado de commodities. “Não é necessário desmatar para ampliar a produção. Isso se faz sobre terras já convertidas e que estão abandonadas. Basta aumentar a produtividade por hectare”, lembrou.
Outra medida de impacto, destacou, seria adquirir carne apenas de empresas que assinaram o Termo de Ajuste de Conduta da Carne na Amazônia (Moratória da Carne).
Fonte: WWF, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.