Comprovação, feita a partir de análises de amostras de DNA de touros Nelore da central de inseminação Lagoa da Serra, derrubam mito de que a carne de zebuínos não é macia o suficiente para atender exigências dos consumidores.
O gado zebuíno tem, sim, potencial genético para maciez da carne. E que esse potencial assemelha-se, em algumas linhagens, às raças européias. Esta é a conclusão após análise genômica, examinando o DNA de touros Nelore do Brasil e detectando formas do gene da calpastatina (enzima correlacionada geneticamente com a maciez da carne), feita pela empresa australiana Genetic Solutions em 96 reprodutores de corte em coleta na central de inseminação Lagoa da Serra. Foram avaliados 71 touros zebuínos, 21 europeus e 4 sintéticos.
A Genetic Solutions disponibiliza o GeneStar, o primeiro teste de DNA do mundo para características de maciez e marmoreio. Por meio da avaliação, os touros puderam ser classificados com estrelas – nenhuma, quando apresenta ausência do gene; uma, com maciez; ou ainda duas, que representam muito potencial para maciez.
“A freqüência encontrada do gene para a maciez da carne foi de 77,5% nos reprodutores de raças zebuínas, com média de 1,55 estrelas por touro. Nos animais das raças européias, a freqüência foi de 78,5%, com média de 1,57 estrelas por touro”, informa Maurício Lima, gerente de Desenvolvimento de Produtos e Exportação da Lagoa da Serra.
Segundo o geneticista Luiz Fries, consultor em melhoramento genético da Lagoa da Serra, as informações vindas da Austrália confrontam-se com as análises feitas pelo Meat Animal Research Center (MARC), de Clay Center, Nebraska/EUA, que apontam a carne zebuína como dura “Provavelmente os resultados publicados pelo MAC foram baseados em análises feitas com amostras de gado Brahman, Sahiwal e poucos exemplares Nelore. O potencial genético para maciez da carne existe sim no nosso Nelore”, afirma o especialista.
“Com os resultados da análise de DNA feita na Austrália, verifica-se que não existe impedimento genético para produzir carne macia no Nelore. Basta seguir as recomendações que o professor Pedro de Felício (Unicamp, Campinas/SP) faz há décadas (animais jovens, bem acabados e manejados; carcaças com estimulação elétrica, não penduradas pelo garrão e sem choque térmico no túnel de resfriamento; carne bem acondicionada e maturada), garantindo satisfação plena. Já disparamos na quantidade, agora nosso próximo desafio é qualidade”, ressalta Maurício Lima.
Para Lucio Cornachini, gerente de Vendas e Marketing da Lagoa da Serra, o resultado contribuirá ainda mais para a carne brasileira conquistar o mercado externo. “Os resultados são surpreendentes e estão recebendo especial atenção da Lagoa da Serra. Afinal, acabamos de ultrapassar os próprios australianos na exportação de carne bovina, com 1,2 milhão de toneladas/ano. Com esse comprovado potencial genético para maciez, poderemos incrementar ainda mais nossos embarques, principalmente para os mercados mais exigentes”, entende Cornachini.
Fonte: Assessoria de imprensa da Lagoa da Serra