O tema do próximo Workshop BeefPoint será sobre Associações de Pecuaristas. Através das palestras e estudos de caso apresentados nos workshops BeefPoint, os participantes têm a oportunidade de trocar conhecimento, compartilhar ideias, acertos e erros também.
Para conhecer melhor os palestrantes, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.
Confira abaixo a entrevista com Celso Lopes, presidente da Aprova (Associação dos Produtores do Vale do Araguaia).
Celso Lopes é engenheiro civil, mora em Ribeirão Preto e divide as obras com a gestão de suas fazendas, uma localizada em Britania, Vale do Araguaia – e outra no sudoeste goiano, onde planta cana de açúcar.
Na fazenda de Britania é onde se dedicam à pecuária de corte de forma intensiva. Tem dois consultores, Dr. Armelio (engenheiro agrônomo) em pastagens e Rodrigo Cantoni (zootecnista) em nutrição. Sob a supervisão do Dr Armelio, estão implantando um sistema de pastagens rotacionado, tendo como meta elevar a produção de 4@/ha/ano para 16@/ha/ano e desfrute 100%, terminando os bois em confinamento.
Também é sócio fundador e presidente pelo segundo mandato da Aprova.
De acordo com Celso, a Aprova (Associação dos Produtores do Vale do Araguaia) foi fundada em 2006, momento em que a pecuária atravessava grandes dificuldades e vários movimentos contra “o cartel” dos frigoríficos eclodiram pelo país. A princípio, eles pretendiam organizar os produtores para um enfrentamento com a indústria. Com o passar do tempo, entenderam que deveriam organiza-los para vender melhor e comprar melhor. Organizaram então um grupo de compra para insumos e venda de bovinos em conjunto.
BeefPoint: O que os pecuaristas de sua associação têm feito de interessante que pode servir de exemplo para os demais pecuaristas brasileiros?
Celso Lopes: Primeiro, é a habilidade para sobreviver e isto traduz em trazer aos associados benefícios diretos e imediatos, como por exemplo, a venda de bois prontos para abate. A venda em escala permite preços melhores. Historicamente, conseguimos preços até 3% maiores que o preço balcão. Em segundo lugar, defender os interesses de nossos associados participando de eventos e atos onde nossos direitos estão sendo ameaçados (retenção Funrural, Código Florestal, Redução da alíquota do ICMS, redução da taxa de emissão GTA etc) e atividades desenvolvidas junto com a Faeg.
BeefPoint: Quais os principais desafios de sua associação?
Celso Lopes: Além da rotina (comprar e vender bem) nosso maior desafio é identificar os anseios de nossos associados e oferecer alternativas. A comunicação também é um desafio, para tanto usamos todos os meios disponíveis, pela ordem: telefone, internet e correio.
Temos 4 eventos anuais, onde tentamos reunir o máximo de associados. Este também é outro grande desafio.
BeefPoint: Qual o perfil ideal do associado, para a sua associação?
Celso Lopes: Aquele que acredita na máxima “a união faz a força”, ou sobre outra ótica “caititu fora do bando é comida de onça “.
BeefPoint: Qual o exemplo de associação na pecuária, no Brasil hoje? Qual instituição você admira por fazer um excelente trabalho?
Celso Lopes: Existem várias. Novilho Precoce – MS, Conexão Delta G e outras que atuam com nichos de mercado, o que não é o caso da Aprova, por isso a que mais nos inspira é a Acrimat .
BeefPoint: Qual modelo de associação inspirou a formação e as diretrizes de sua associação e por quê?
Celso Lopes: Como já disse anteriormente, o momento da fundação da Aprova era um momento de confronto e entre as associações que nos inspiraram estava a ASFAX – Associação dos Fazendeiros do Xingu, na época presidida pelo Carlito Guimarães e uma outra associação que atuava na região de Araçatuba.
Ambas nos inspiravam pois defendiam o confronto através da organização dos pecuaristas.
BeefPoint: Quais os pontos fortes de sua associação? Quais são os pontos a serem melhorados?
Celso Lopes: O ponte forte é o lucro que proporcionamos a nossos associados na venda dos bois e na compra de insumos. O ponto fraco é que não conseguimos estender este benefício a todos os associados pelo nossa incapacidade de mobiliza-los. Como já falei anteriormente, precisamos melhorar e muito a comunicação.
BeefPoint: O que a associação implementou de diferente em 2012-2013? O que você fez em 2012-2013 que te trouxe mais resultados?
Celso Lopes: A Aprova convive com muitos conflitos sobre onde e para onde caminhar, as evoluções de um ano para outro são pequenas e quase imperceptíveis, mas uma coisa é visível, ano após ano ela se firma.
A diferença de 2012 para 2013 é que fizemos uma reflexão sobre nossas conquistas e resolvemos que não bastava vender melhor, tínhamos que criar fundamentos que dessem sustentabilidade ao seu crescimento (incremento de tecnologia, qualidade e gestão).
BeefPoint: Quais os principais planos para 2013-2014?
Celso Lopes: Dentro desta busca de fundamentos, estamos lançando o programa APROVA: DIAGNOSTICO & SOLUÇÃO, que deve ser iniciado agora no mês de outubro e consiste em um diagnóstico preciso do perfil de nosso associado e de suas propriedades. Para tanto, contratamos um engenheiro agrônomo com especialização em nutrição animal, adquirimos um carro com o qual ele irá visitar todas as propriedades de nossos associados, onde preencherá um extenso relatório que aborda práticas de manejo, pastagens (degradada), nutrição, utilização de créditos (FCO, ABC ), gestão etc.
Em todas as propriedades serão colhidas amostras de solo, permitindo identificar suas carências físico-químicas. Como diz a canção: “vamos onde o povo está”.
BeefPoint: Sabendo que aprendemos mais com os erros, do que com acertos, você poderia compartilhar um erro da associação?
Celso Lopes: A não formação de lideranças, este é o maior erro que cometemos. Precisamos envolver os mais jovens e apreender a distribuir tarefas dando a mesma importância a todos. Também formar uma gestão profissional. Estamos nesse estágio.
BeefPoint: Qual seu recado para os produtores que querem iniciar uma associação ou participar de uma já existente?
Celso Lopes: Primeiro, identificar uma demanda comum ao grupo. Tem associação que surgiu por falta de estradas, por exemplo. Sempre lembrando que as pessoas somente se associam para mudar algo que os incomoda ou para manter conquistas ameaçadas. Como disse, ficar atento às demandas de sua região.
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2 Comments
Parabéns pela iniciativa e a busca da mobilização dos pecuaristas no princípio do associativismo. União faz a força, certamente.
Parabéns a todas as associações pelas iniciativas.