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Certificação e rastreamento

Manoel Pereira de Queiroz1 – Scot Consultoria

Temos insistido nesta coluna, que o empresário rural tem que se convencer de que quem manda no seu negócio é o consumidor.

Neste sentido foram muito pertinentes os temas abordados pelo Dr. Albino Luchiari Filho (ESALQ-USP) e pelo Sr. Arnaldo Eijsink (Carrefour-Brasil) em palestras proferidas no Intercarne – Simpósio Internacional para Produção de Carne Bovina, realizado em Nova Odessa-SP, em de outubro de 99.

Rastreabilidade e passaporte

O Dr. Albino Luchiari, discorreu sobre a rastreabilidade e o “passaporte” que passará a ser exigido para a exportação de carne para a União Européia.

Observou que há uma pressão crescente dos consumidores do mundo inteiro em relação à QUALIDADE do que consomem.

Fez-nos notar também, que esta preocupação é pertinente, tendo em vista os recentes casos de “vaca louca” na Inglaterra, contaminação de hamburgers por E. coli nos EUA e contaminação por dioxina na Europa entre outros.

Produtos diferenciados

Outra característica do mercado hoje, é sua segmentação.

Existe consumidor para “orgânico”, para “light”, para “precoce” e isso tem que ser encarado como oportunidade pelo empresário rural.

O Dr. Luchiari bem lembrou, que programas como o NNCO (Novilho Nelore Com Certificado de Origem), Red Connection, Delta G, e Montana, além de outros, nada mais são além de certificações, que garantem ao consumidor que ele está adquirindo aquilo que está sendo anunciado.

Barreira comercial

Alguns empresários dirão que apenas 6% de nosso rebanho é voltado para a exportação, e que na verdade o rastreamento é mais uma barreira comercial camuflada.

Não é!

Os consumidores (clientes finais da cadeia) querem saber o que estão comprando, uma tendência que ganha força também no mercado interno.

Para mostrar isso, enumeramos abaixo alguns pontos abordados pelo Sr. Arnaldo Eijsink:

1. O Carrefour, uma das maiores rede de varejo no Brasil, em pesquisa realizada com consumidores, constatou 5 itens que eles consideram importante nos produtos “in natura”:

* Produtos sãos: sem uso de elementos polêmicos e com garantia de origem.
* Produtos com sabor: frescos e com maturidade ideal.
* Produtos com bom aspecto visual.
* Produtos que respeitem o meio ambiente: ecologicamente corretos.
* Produtos socialmente corretos: produzidos por empresas que não explorem mão de obra infantil, que dêem boas condições para seus funcionários e que manejem os produtos com higiene.

Observe, que dos 5 itens, somente o número 2 e o número 3 podem ser vistos pelo cliente, ou seja, a grande maioria do que ele considera importante ele não vê.

Portanto para ter confiança no que está consumindo, ele precisa de um certificado, elaborado com base em controles, registros e rastreamento.

O que já é rastreado

80% da laranja e da banana vendidas no Carrefour já é rastreada.

O Carrefour, nas carnes com certificação de origem (projeto ainda em implantação), já consegue hoje identificar o pecuarista que a produziu.

A rede está buscando tecnologia australiana para poder identificar o boi, pasmem, através de exame de DNA.

2. O grupo é réu de ações em tribunais de pequena causa devido a, entre outros motivos, por abcessos encontrados no meio de peças de carne comercializadas, decorrente de vacinas mau aplicadas nos animais.

Qualidade x Obrigação

Qualidade na pecuária ainda é um diferencial, brevemente será uma obrigação.

Alguns enxergam as mudanças como oportunidade, outros como um monte de exigências descabidas.

Segundo o Sr. Eijsink, dependendo da região, sua empresa remunera em até 3% a mais o boi e até 10% a mais a novilha para quem aderiu ao programa.

Na minha opinião, trata-se de oprtunidade, ainda.

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1 Engenheiro agrônomo e consultor da Equipe da Scot Consultoria.

Scot Contultoria

E-mail: scotconsultoria@scotconsultoria.com.br

Tel: (17) 3343-5111

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