Inventário Inicial.7. Balanço Patrimonial
1 de dezembro de 2000
Exportações da cadeia da carne bovina precisam da colaboração de todos os seus integrantes
15 de dezembro de 2000

A cultura do girassol para produção de silagens – Parte 2/2 – Características fermentativas e nutricionais

Na maioria das áreas agrícolas do mundo, períodos de intenso crescimento forrageiro alternam-se com períodos de baixa produção, seja por geada ou seca. Uma prática para melhorar a alimentação do rebanho e minimizar os efeitos de redução de peso e produção de leite é a conservação de forragens, via ensilagem, e o girassol pode ser utilizada para esse fim.

A alta produtividade potencial do girassol, ao redor de 70 t de matéria verde / ha é maior que a do milho e sorgo de duplo propósito (50 t MV / ha) e similar aos sorgos forrageiros (70 t MV / ha). O seu sistema radicular profundo é um excelente melhorador físico de solos, o que em sucessão de culturas pode ser um fator importante para o aumento da produtividade da cultura de verão, normalmente o milho. Os custos de uma silagem estão diretamente ligados à sua produtividade por área; portanto, os custos de produção da silagem de girassol podem ser inferiores aos encontrados normalmente para silagens de milho.

A maioria das citações bibliográficas salienta os maiores valores protéicos dessa cultura, contudo não comenta sobre valores normalmente baixos de matéria seca e altos de gordura ou extrato etéreo, que podem ser problema para o processo fermentativo no silo e ingestão de matéria seca pelos animais, e na digestão de fibras no rúmen, respectivamente.

Alguns produtores têm produzido silagens de milho e sorgo conjuntas e parece que a adição de até 30% de girassol na silagem de milho propicia bons resultados, apesar da dificuldade de viabilizar silagens mistas na prática, mesmo que cultivadas em áreas separadas.

O ponto de corte será quando as plantas apresentarem coloração amarelo-parda, com mais de 50% dos grãos maduros. Nesta fase não haverá mais excesso no grau de umidade (aproximadamente 70% de umidade ou 30% de matéria seca), o que prejudicaria a qualidade da silagem. A prática, segundo alguns autores, têm indicado que a colheita pode ser realizada aos 90 dias, enquanto que o milho necessita de mais 10 dias. Contudo é muito provável que os teores de matéria seca para ensilagem não sejam os adequados.

Recomenda-se o enchimento do silo o mais rápido possível, distribuindo as partículas em camadas uniformes de 30 centímetros, inclinadas no sentido da entrada do silo, e compactando com um trator para promover a saída do ar, controlando a respiração e, assim, beneficiando a ação de bactérias produtoras de ácido lático. O ideal é que o silo seja preenchido num prazo máximo de 72 horas e completamente vedado com lona plástica para impedir a entrada de ar e água. Sobre a lona é recomendável a colocação de algum material, tais como pneus, terra, resíduos orgânicos, areia, etc. para proteção da lona contra a ação dos raios solares, ou usar uma lona resistente à essa ação.

Após a massa verde ser compactada, deve ocorrer um ambiente anaeróbio, que promove um processo fermentativo, onde atuam bactérias do grupo coliformes produtoras de ácido acético, que inicia o abaixamento do pH da silagem. Em seguida, inicia-se a produção de ácido lático pelas bactérias láticas (Streptococcus, Lactobacillus, Pediococcus e Leuconostoc) que mantém um pH entre 3,8 a 4,2 evitando a ação de Clostridium, responsável pela produção de ácido butírico que deteriora a silagem.

Tabela 1 – Análise bromatológica de silagem de girassol

Tabela 1

Comentário BeefPoint: A produção de girassol tem se tornado uma excelente alternativa como cultura para os sistemas de rotação com milho, sorgo, soja e arroz. Pela boa propaganda sobre altas produtividades em algumas situações, têm se tornado uma boa alternativa para abaixamento do custo de produção das silagens. Contudo esses dados não parecem consistentes com os resultados de pesquisa. O seu valor protéico é realmente superior ao do sorgo e do milho. Entretanto, os valores de matéria seca no momento da colheita, mesmo com 90% dos grãos maduros, pode ficar abaixo dos 30%, o que reduz a qualidade fermentativa da silagem produzida. Os valores de extrato etéreo elevados (8 versus 2) em relação ao milho e sorgo é um fator negativo para a digestão ruminal por ser tóxico às bactérias celulolíticas, o que diminui o potencial de digestão da fibra e de ingestão total de matéria seca. A produção de silagens mistas é sempre mais uma solução mais teórica do que prática, tanto para plantio conjunto ou mistura no momento da ensilagem. A utilização de outras fontes de volumosos no balanceamento de rações parece ser a solução mais prática para a maximização do uso de silagens de girassol. O girassol não é uma solução milagrosa, mas pode ser uma peça importante em sistemas de produção onde se procure máxima produção por área utilizando-se várias culturas em sucessão ou rotação.

********

Fonte: VIEIRA, O. V. Silagem de Girassol. Boletim Técnico da EMBRAPA, 1998. Artigos resumidos da Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia de 1999 (TOMICH et al. ; FREIRE et al. ; PEREIRA et al. E do VALLE et al.).

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress