Caio Junqueira Filho
A inflação que assolou a economia brasileira por vários anos, mascarava a contabilidade das atividades produtivas, dando a impressão de ser lucro os ganhos obtidos com a correção monetária.
O gerenciamento do fluxo do caixa da atividade pecuária não tinha sua importância reconhecida, porque o pecuarista vendia animais uma ou duas vezes ao ano, e com aplicações no mercado financeiro, obtinham “juros” (correção monetária mais juros) capazes de pagar suas contas mensais. A inflação corroia o capital e a remuneração do dinheiro perdia o poder de compra. Quando o capital inicial mais a remuneração de juros e correção monetária não eram capazes de manter as contas em dia, era o momento de se efetuar novas vendas. Estas ocasiões, na maioria das vezes, não eram propícias para a venda, seja por baixa no mercado ou condições corporais inadequadas dos animais. Os altos “juros” pagos pelas instituições financeiras, criavam uma falsa idéia do resultado econômico da atividade, relegando a segundo plano as tecnologias e a comercialização.
O fim das altas taxas de inflação, por ser abrupto, foi de difícil adaptação. A perda dos “juros” ocasionou a baixa renda efetiva e conseqüentemente a baixa rentabilidade, aparente, do setor. Foi impossível manter caixa positivo apenas com aplicações financeiras. O pecuarista passou a consumir a base de seu rebanho para manter suas despesas, se descapitalizando. Neste contexto, aparece o gerenciamento do fluxo de caixa, como arma fundamental para obtenção de resultado econômico na atividade.
O gerenciamento do fluxo de caixa está alicerçado em um tripé: Planejamento (previsão), Registro (realização) e Análise (conclusão) das entradas e saídas de caixa. Assim, com tranqüilidade, o pecuarista pode efetuar a comercialização, de forma mais adequada e eficiente, de sua produção, planejar as aquisições e reposições de acordo com as disponibilidades, diminuindo os custos financeiros e tomar decisões na adoção de tecnologias para aumentar a rentabilidade do sistema produtivo.
O trabalho se inicia com a elaboração de um plano de contas de receitas, despesas e investimentos. Nelas são efetuados todos os lançamentos mensais.
A partir do segundo mês, baseado no primeiro, fica mais fácil planejar os meses seguintes. Com o decorrer do tempo é possível fazer o orçamento anual, peça fundamental para manter sempre o fluxo de caixa positivo, evitando vendas ou compras mal realizadas ou pagamento de juros, para cobrir saldos bancários negativos.
A assessoria econômica disponibiliza ao pecuarista metodologias eficientes de controle e planejamento, auxiliando na elaboração de planos de contas, de planilhas de controle e na gestão do fluxo de caixa e orçamentos anuais, como forma de reverter o quadro de ineficiência que tomou conta do setor.
Colaboradores: Carlos Heitor Sá Brito Carvalho e Lucila Carvalho Dias Junqueira