A crise árabe deve conter o crescimento das exportações de carne bovina, segundo a projeção de Antonio Carmadelli, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec). Apesar dos empecilhos no mercado árabe, o setor deve manter as previsões de crescimento em torno de 10% a 15% em receita e queda de 10% em volume ao longo do ano, afirma o presidente da Abiec.
A crise árabe deve conter o crescimento das exportações de carne bovina, segundo a projeção de Antonio Carmadelli, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec). Depois de superados os problemas internos, com a queda da ditadura, o Egito se reorganizou e voltou a comprar. Mas a instabilidade na Líbia ainda não permitiu uma normalização completa das relações comerciais entre os dois países. Embora seja um cliente pequeno, com apenas 400 toneladas por semana em compras – menos de 2% das vendas brasileiras -, a Líbia tem grande importância para o setor porque consome basicamente carne de dianteiro, que não tem destinação fácil em outros mercados.
Apesar dos empecilhos no mercado árabe, o setor deve manter as previsões de crescimento em torno de 10% a 15% em receita e queda de 10% em volume ao longo do ano, afirma o presidente da Abiec. No primeiro quadrimestre de 2011, as vendas de carne bovina ao exterior aumentaram 12% em receita, com retração de 9% em volume. Com US$ 4,8 bilhões e 1,23 milhão de tonelada em exportação em 2010, o setor sofreu retração de 1% no volume, mas a alta de 18% nos preços médios permitiu à receita um incremento de 16%.
Uma das preocupações dos exportadores é com a queda de competitividade do produto brasileiro perante outros competidores. Com o preço do boi praticamente igualado em todo o mundo, a distância do Brasil para os principais mercados, o câmbio defasado e a logística deficiente têm afetado a rentabilidade, afirma Carmadelli. A entidade firmou uma parceria com a Universidade de São Paulo e o Ministério da Agricultura para estudar formas de reduzir as deficiências na atividade.
Apesar disso, o setor teve ganhos importantes. Um deles é a melhora da produtividade, afirma Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura. O criador brasileiro está substituindo o modo extensivo pelo intensivo. Ou seja, a mesma área produz mais carne que antes. “No Estado de São Paulo, a área diminui e a produção cresce”, afirma o executivo do ministério. O país também aumentou a precocidade dos animais com melhoras na nutrição. As pastagens ganham tratamento para se tornarem mais produtivas. Antes, o animal era abatido com 36 meses. Hoje, atinge o ponto de abate aos 30 meses ou menos, aproximando o país de grandes produtores, como os Estados Unidos, onde o abate ocorre por volta dos 24 meses.
Também em crescimento, o setor de aves reclama da alta dos custos, principalmente das rações, e da queda do dólar perante o real (12,6% em 12 meses até 1º de junho). “Estamos perdendo oportunidades porque não conseguimos repassar esses custos lá fora”, reclama Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef). Com o aumento da produção de milho entre 3% e 5% este ano, o setor espera que o custo seja ligeiramente aliviado.
Apesar das queixas, o setor tem conseguido resultados expressivos e acima dos esperados. A estimativa da Ubabef no início do ano era de aumento de 3% a 5% nas exportações. O crescimento de janeiro a maio foi de 9% em volume e de 20% em receita ante o mesmo período de 2010.
“Fomos bem, mas poderíamos ter ido muito melhor”, prossegue Turra. “O cenário lá fora é de demanda alta e estoques baixos. O Japão continua comprando, a China aumenta suas importações. Ásia e África estão demandados”. Segundo ele, produtores e indústria não “alimentam esperanças” de mudança no curto prazo. “Sabemos que a política do governo é aumentar juro, e juro atrai dólar. Do preço dos insumos também não dá para esperar milagre”.
O setor ainda enfrenta algumas barreiras sanitárias, mas tem conseguido suas vitórias. Recentemente, o mercado da Índia foi aberto. Mesmo assim, o país cobra sobretaxa de 100%, o que inviabiliza os negócios. Turra destaca questões técnicas que durante muito tempo emperraram as vendas para países como Canadá e Ucrânia, recentemente derrubadas.
Com um terço das exportações mundiais, o Brasil está se tornando o maior exportador de carne de frango do mundo – título que só foi reconhecido neste ano pela agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Em documento divulgado no início de junho, a organização reforça as críticas do presidente da Abiec, Antonio Carmadelli, de que o governo precisa cuidar da infraestrutura. A Ubabef entrou nesse debate. A entidade encaminhou ao Ministério do Planejamento um documento apontando as necessidades prementes da infraestrutura logística que representam impedimentos para o crescimento do setor.
As informações são do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeePoint.
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Cresce a receita..(pelo alto preco do boi e pelo dolar baixo nao porque os frigorificos tenham conseguido precos ou lucros maiores !!) ..volume em toneladas exportadas continua em queda…nao é só a Libia que consome dianteiro…o Egito tambem ..a Russia tambem…alias a grande maioria das nossas exportacoes sao de dianteiros – barreiras sanitarias….queda de competitividade….infra estrutura logistica deficiente…
como vemos aqui nada ….absolutamente nada mudou apesar de,como sempre, notar-se aquele certo tom otimista (e irreal claro!!) que querem dar ao texto….
a grande verdade é:
situacao das exportacoes vai continuar dificil e complicada para o setor – sao muitos fatores afetando o desempenho das vendas externas – preco do boi/taxa do dolar/demanda local/crise mundial/concorrencia/boicote da russia/ …haja otimismo dos politicos para que o setor possa aguentar e sobreviver a esta situacao!!!Que nao vai mudar nao tem como!!!
O crescimento da receita brasileira com exportações de carne bovina é decorrente unicamente da alta dos preços da carne no mercado internacional. Na minha opinião a queda no volume exportado não deixa muito espaço para comemoração. Estamos perdendo participação no comércio internacional e correndo risco de forte volatividade em caso de qq recuo na demanda interna. A logistica (estradas, portos, etc) é um limitante macro a nossa competitividade que precisa ser enfrentado imediatamente.