O número de bovinos abatidos entre janeiro e maio deste ano na região Centro-Oeste foi 5,9% menor que no mesmo período do ano passado. Segundo as Delegacias Federais de Agriculturas destes estados, a região responde por 31% da produção do País. A declaração de zonas livres de febre aftosa afetou de forma diferente outros estados. Enquanto em Mato Grosso do Sul a diminuição foi decorrente da maior remessa de animais para São Paulo, em Goiás a queda se deu em função da proibição, até maio, da saída do gado da zona tampão para a área livre do Estado, obrigando os pecuaristas a remeterem os bovinos para Tocantins.
Crescimento
Embora tenha havido queda nos abates regionais, os números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um crescimento de 4,6% de cabeças abatidas, comparando-se com o ano passado. A FNP Consultoria, de São Paulo, prevê um aumento de 3,9% no abate de animais, em todo o Brasil, para este ano. “O País está exportando mais, portanto tem-se que abater mais”, explica José Vicente Ferraz, analista da FNP Consultoria.
Segundo o presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Antenor Nogueira, a queda no número de animais abatidos no Centro-Oeste é decorrente de uma manobra dos frigoríficos, que estão em sua maioria em férias coletivas porque os empresários pretendem segurar o preço do boi gordo que nesta época, de entressafra, sempre aumenta. Além disso, ele salienta que mercados como o de São Paulo, onde estão os principais exportadores, buscam muito animal desta região.
A maior variação ocorreu no Distrito Federal, com redução de 14,4% entre janeiro e maio deste ano. Goiás também registrou uma queda significativa: entre janeiro e maio deste ano foram abatidos 13,8% bovinos a menos que em 2000. Em Mato Grosso, a redução foi de 9,5%. Para Divino Lúcio da Silva, chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de origem Animal (Sipa), da Delegacia Federal de Agricultura, problemas como a febre aftosa e o mal da vaca louca teriam afetado o consumo de carne, provocando a redução nos abates.
Frigoríficos fechados
Mato Grosso do Sul foi o único Estado da região que não registrou diminuição nos abates de bovinos neste mesmo período. Houve um aumento de 1,8% em relação ao ano 2000. No entanto, avaliando-se os dados do semestre, a redução é de 2,7% no abate de gado. Estima-se que, neste período, 260 mil animais tenham deixado o Estado, sendo 95% destinados a São Paulo. Além da menor quantidade de animais abatidos no Estado, há ainda maior número de frigoríficos fechados. Em janeiro eram quatro, hoje são oito, de um total de 32 autorizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Cláudio Mendonça, assessor da Federação de Agricultura do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul), diz que parte desta redução pode ser explicada pelo fechamento das unidades, sob a alegação de que não há rentabilidade. “No ano passado, com a proibição de abates fora do estado, o preço ficou até 17% inferior ao de São Paulo e os frigoríficos ganharam com isso. Agora que a situação se inverteu dizem que não conseguem segurar o preço”, reclama Mendonça.
fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint