A agricultura de precisão tem se firmado como um dos pilares das estratégias adotadas por produtores, entre eles cooperados, para acompanhar a evolução no campo com o uso de novas tecnologias. Pesquisa da consultoria MarketsandMarkets, sediada na Índia, aponta que esse mercado deve girar US$ 7 bilhões no mundo este ano e que a tendência é que o valor cresça 82,8% até 2025, para US$ 12,8 bilhões.
Na América Latina, o Brasil é principal expoente nessa frente, e, sozinho, gerou US$ 388,7 milhões em receitas com produtos e serviços no ano passado. Segundo Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, a tendência é de crescimento principalmente dos serviços no setor – partindo de atores como as cooperativas, porque o avanço tecnológico depende da capacitação na ponta, e não somente da venda de máquinas.
Na agricultura 4.0, ela afirma que o valor está em extrair conhecimento dos dados, e não apenas em gerá-los. “A agricultura de precisão é uma ferramenta da agricultura 3.0, que vem de mais de 20 anos atrás, e que ajuda a subsidiar essa nova fase [4.0], em que informações embasam tomadas de decisão e ações preditivas”, diz Silvia.
Para Gabriel Camarinha, coordenador de agricultura de precisão da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), de Piracicaba (SP) – que tem 14 mil cooperados e faturou R$ 1,7 bilhão em 2019 -, o grande valor da agricultura de precisão está no acompanhamento de processos, que é convertido em ganhos financeiros ao produtor. As melhorias vão desde a redução da sobreposição do trajeto de tratores no campo e a consequente diminuição da compactação do solo, até a economia de tempo, horas-máquina, combustível e insumos. Isso sem falar no incremento da qualidade da cultura implantada, destaca Camarinha.
Dos 750 agricultores de cinco culturas diferentes e 11 Estados do Brasil entrevistados pela consultoria McKinsey este ano, Camarinha lembra que 47% afirmaram usar pelo menos uma ferramenta de agricultura de precisão, ao passo que 33% disseram usar duas ou mais. A pesquisa da McKinsey também já apontava que os jovens são os grandes adeptos da aplicação de insumos a taxas variáveis e do uso de mapas de solo, além de drones. Na Coplacana, o perfil identificado entre os cooperados foi parecido: “Em geral, os agricultores de 25 a 44 anos são os que mais buscam inovação”, afirma Fábio Salvaia, especialista em agricultura de precisão da cooperativa paulista.
Fonte: Valor Econômico.