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Agricultura e BNDES discutem criação de linha de crédito rural em dólar

O Ministério da Agricultura discute com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a criação de uma linha de crédito rural em dólar para financiar investimentos no campo. Um programa piloto pode ser lançado nos próximos dias, mas há conversas para tentar tornar o instrumento permanente, inclusive com a tentativa de incluir no pacote a equalização de parte dos juros.

O assessor especial da Pasta, Carlos Augustin, apresentou a ideia ao presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Pela sugestão, o banco de fomento vai repassar às instituições credenciadas, como bancos oficiais, cooperativas de crédito e bancos de montadoras de máquinas agrícolas, os recursos captados em dólar para financiar a compra de equipamentos, a construção de armazéns e até investimentos para a conversão de pastagens degradadas em lavouras.

Augustin defende juros mais baixos, mas a previsão é que as taxas fiquem em torno de 8% ao ano. A linha deve atender produtores de grande porte, com faturamento na casa dos milhões de reais por ano, que estão familiarizados com as operações em moeda estrangeira e que têm gastos e faturamento já atrelados ao dólar, o que diminui o risco da variação cambial.

“Entendo que pode parecer um risco para o pequeno produtor, mas para quem planta soja, milho e algodão, as commodities exportáveis, é melhor com uma taxa real de 8% ao ano”, disse o assessor. “Se o dólar cai, a receita cai também. Mas se o dólar cai e eu fico devendo em real mais 12,5% ao ano, eu quebro”, explicou Augustin.

Ele disse que a nova linha é um modelo de financiamento a ser testado no mercado para complementar as linhas existentes e dar mais opções de crédito privado para os produtores. “Não vamos substituir crédito rural oficial por dólar”, garantiu. Essa pode ser uma alternativa para um ambiente de juros altos para investimentos de longo prazo e linhas equalizadas do Plano Safra com sinais de esgotamento precoce.

O Ministério da Agricultura analisa o cenário futuro do dólar para avalizar o novo instrumento. A previsão é que a moeda norte-americana vá subir 5% até março de 2024. Essa valorização, somada aos juros de 8% da linha a ser criada pelo BNDES, representaria um custo de 13% ao final para o tomador, patamar visto como “acessível” ao público-alvo e “compatível” com as taxas iniciais de 12,5% do Moderfrota, principal programa para aquisição de máquinas agrícolas do Plano Safra, por exemplo.

A previsão é que a linha rode sem equalização, mas Augustin defende que a subvenção de um ou dois pontos percentuais da taxa final pode ser “barata e mais previsível ao governo nessa modalidade”. A equipe técnica da Pasta estuda uma forma de propor a subvenção federal ao programa, mas deve enfrentar resistência por causa do orçamento reduzido e da “competição” que o crédito em dólar para grandes produtores teria com programas voltados aos pequenos.

O Valor procurou o BNDES, que não quis comentar.

Fonte: Valor Econômico.

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