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Análise Semanal – 23/02/2005

Os frigoríficos conseguiram o que se julgava impossível: promover a união dos pecuaristas. A imposição da tabela de deságios para compra de animais terminados mexeu com os brios do setor, que articulou uma “retaliação”.

A reunião de Goiânia, onde, entre outras coisas, foi decidido promover uma redução de oferta de animais terminados por pelo menos 30 dias, negociando, nesse período, apenas o estritamente necessário, deu força a um movimento que havia começado alguns dias antes, em função das constantes desvalorizações da arroba.

Em síntese, as ofertas já vinham diminuindo. Depois da reunião, foram reduzidas a pequenos lotes pingados, que surgem aqui ou acolá. Em São Paulo tem frigorífico exportador que, no início de fevereiro, ostentava escalas de 12 dias. Agora, busca gado para abater 4 ou 5 dias adiante.

No Sul de Goiás as programações de abate atendem, em média, 2 ou 3 dias. No Mato Grosso do Sul estacionaram em 5 ou 6 dias, e está difícil mantê-las assim. Tem comprador que não quer admitir, mas os produtores realmente deram uma sonora demonstração de força. O boi, em boa parte das praças pesquisadas pela Scot Consultoria, literalmente sumiu.

Diante dessa nova realidade, “pipocam” para todos os lados negócios acima dos preços considerados referências. Em São Paulo, por exemplo, está mais fácil conseguir R$60,00/@, para descontar o Funrural, ou R$59,00/@, livre de imposto. Ambos a prazo.

Aliás, o prazo de pagamento também se tornou negociável. Às vezes o frigorífico oferta R$1,00/@ a mais, com acerto para 40 dias. Às vezes não mexe no preço, mas se compromete a quitar a dívida em 20 dias.

Valorizações mais significativas da arroba esbarram, principalmente, em dois fatores. Primeiro, o fraco desempenho das vendas no atacado. A demanda por carne bovina está morna, tirando, inclusive, a sustentação dos preços, mesmo diante do enxugamento do mercado. Na última semana o equivalente físico acumulou baixa de 4%.

Depois, tem a valorização do real, que tem promovido o aumento dos preços em dólares. Veja na tabela abaixo a variação dos preços médios em reais e em dólares, em todas as praças pesquisadas pela Scot Consultoria, em relação ao mesmo período do ano passado.

Variações das cotações médias do boi gordo entre fevereiro/04 e fevereiro/05


Tem sido noticiado na mídia que um preço justo para o boi gordo rastreado de São Paulo seria algo próximo de R$70,00/@, a prazo, para descontar o Funrural. Pode até ser, mas isso equivale a US$27,00/@, ou 39% a mais que o preço médio dos últimos 5 anos. O mercado não comportaria, hoje, tal cotação. Infelizmente, essa é a realidade.

De toda forma, o mercado está firme, com possibilidades de alta em algumas praças. Para evitar correções positivas significativas, os frigoríficos já vêm lançando mão de estratégias conhecidas: redução do volume diário de abates, falhas, aumento do raio de compra, preços diferenciados para lotes grandes, alteração dos prazos de pagamento, etc.

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