A safra deu as caras e com oferta maior compradores conseguem novos recuos
27 de maio de 2011
Mercados Futuros – 27/05/11
30 de maio de 2011

André Pessôa: “Hoje vivemos num mercado desequilibrado devido um fator inédito, o choque da demanda”

No dia 26/05, a AgriPoint esteve presente no Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2011 e 2012, promovido pela BM&F Bovespa e pelo Ministério da Agricultura em São Paulo/SP. A palestra "O mercado mundial de commodities" foi proferida por André Souto Maior Pessôa da Agroconsult e teve como debatedor André Nassar, do Icone. Os temas mais discutidos da palestra foram oferta e demanda de alimentos, aumento do consumo de produtos de origem animal e desafios do Brasil, dos produtores e do setor. Confira o resumo da palestra!

No dia 26/05 a Equipe da AgriPoint esteve presente no Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2011 e 2012, promovido pela BM&F Bovespa e pelo Ministério da Agricultura em São Paulo/SP. A palestra “O mercado mundial de commodities” foi proferida por André Souto Maior Pessôa da Agroconsult e teve como debatedor André Nassar, do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais).

Inicialmente, Pessôa comentou que este ano está ocorrendo algo incomum, pois a produtividade e a rentabilidade estão elevadas com os custos relativamente controlados. “Os próximos anos tendem a ser parecidos. Os preços agrícolas caíram nas últimas três décadas devido à Revolução Verde com consequente aumento de produção. Hoje vivemos num mercado desequilibrado devido um fator inédito, o choque da demanda”. André destacou que o que é novo é a presença em conjunto dos choques de oferta e demanda. “É comum que nas produções cíclicas ocorram choques de oferta, pois elas dependem de alguns itens como os fatores climáticos por exemplo. O choque de demanda é oriundo dos baixos e em queda estoques internacionais, da urbanização, da mudança de dieta das pessoas e do aumento de renda da população. “Não podemos esquecer que o crescimento da renda é desuniforme no mundo”, disse ele.

Na palestra ele ainda frisou que o consumo de produtos de origem animal estão crescendo constantemente na China, fruto do aumento de renda da população e mudança no padrão para a produção de carne. “Antes, para a produção de suínos, a China não fornecia entre os ingredientes da dieta o farelo de soja, apenas milho, mas hoje já utiliza. Alguns países como a China dependem das importações e dos estoques, e essa fato é uma oportunidade para o nosso país”.

Falando sobre limitação de oferta, Pessôa destacou que o crescimento da produtividade no Brasil ainda está abaixo do necessário. “Para a soja, o principal veículo para o aumento de produção foi a área plantada e não o aumento de produtividade. Já para o milho, trigo e arroz, o aumento de produção foi fruto do aumento da produtividade. Entre todos os países, o Brasil tem o maior potencial para aumentar a produção por área. Temos uma grande oportunidade e um grande desafio. A oportunidade é que já estamos consolidados como um grande exportador de alimentos e o desafio é justamente o aumento da produção”. Ele ainda citou que o nosso potencial pode ser de primeira grandeza, mas ainda não somos. “Para crescermos no ritmo que o mundo exige, o Brasil não pode prescindir da sua área de produção para atender o mercado mundial. É ingênuo achar que isso vai ocorrer sem desbravarmos novas áreas”.

Para finalizar, o palestrante lembrou que a desvalorização do dólar e a presença dos fundos (preponderante na formação dos preços) não podem ser esquecidos e listou os desafios dos produtores e do setor:

Desafios dos produtores

i) profissionalizar as empresas produtoras de grãos sob a ótica das boas práticas da governança e comercialização;
ii) expandir a cultura de hedge e comercialização antecipada das safras;
iii) aumentar a armazenagem de grãos nas fazendas e investimentos em maquinários.

Desafios do setor

i) legislação ambiental (novo Código Florestal);
ii) melhorar a logística de escoamento da produção;
iii) reduzir a dependência de importação de matéria-prima para fertilizantes;
iv) reduzir o custo de capital para custeio e investimento agrícola (parecer da AGU);
v) desenvolver uma estratégia de comunicação com a sociedade (movimento AGRO).

Após a palestra de André Pessôa, André Nassar do Icone levantou a questão da abertura de mercados. “As condições institucionais estão devagar, isso não deve ameaçar o agronegócio brasileiro, mas este fator precisa ser acelerado. Não se concede a expansão do agronegócio pelo mercado interno e sim, pelos sinais externos. Precisamos incorporar novos itens no nosso discurso. É chato colocar pontos negativos, mas não podemos esquecer do futuro, certas coisas precisam ser antecipadas”. Além disso, ele completou dizendo que temos que pensar em políticas de crédito para exportação e devemos discutir a questão tributária das cadeias.

Raquel Maria Cury Rodrigues, Equipe AgriPoint

0 Comments

  1. Louis Pascal de Geer disse:

    Me parece que mais uma vez ficamos com a bandeira de produtor mundial de materias primas na mão onde os desafios são para aumentar a produção por area, reduzir custos e melhorar a logistica de escoamento de produção incluindo armazenagem nas fazendas.

    Em nemhum momento se falou em agregar valor, nem na necessidade de aumentar a industrialização transformando os food commodities em alimentos; eu vejo isto com grande preocupação;será que nunca vamos mudar o disco que toca a musica do exportador mundial de materias primas?

  2. Rogério Baptista disse:

    O pior de tudo isso é que exportando matérias primas, estamos exportando também os empregos, que deixam de ser gerados aqui e passam a ser gerados lá fora.
    E os Governos? Federal, Estadual e Municipal? Não fazem nada para mudar isso e a culpa é nossa.

  3. Eduardo Cesar Sanches disse:

    É, talvez seja o momento de os próprios produtores se unirem e iniciar um movimento no sentido de agregação de valor às commodities. Há muitos exemplos de casos que deram certo. Como grande exportador de alimentos, é certo que os custos sejam elevados e talvez o risco maior, mas tem que começar a acontecer, os próprios grandes produtores (associados devem obter melhor resultads) têm que mostrar novos exemplos e/ou lutar para que o governo implemente políticas que incentivem essas atividades, como o governo não demonstra se importar ainda com essa possibilidade de mercado, resta a primeira oção e pressões mais convincentes sobre o governo.

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