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Após baque da crise setor espera recuperação

Após um período de euforia, dinheiro fácil e altos investimentos, o setor sucroalcooleira e de frigoríficos, voltam a aparecer no noticiário, especialmente, por conta de pedidos de recuperação judicial, fusões e aquisições. O setor de frigoríficos vem sofrendo muito. Entre os motivos está a grande dependência das exportações, que caíram. O ex-ministro da Agricultura e professor da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, acredita que as empresas do agronegócio deverão ganhar fôlego nos próximos meses com a tendência de recuperação de preço e de consumo.

Após um período de euforia, dinheiro fácil e altos investimentos, o setor sucroalcooleira e de frigoríficos, voltam a aparecer no noticiário, especialmente, por conta de pedidos de recuperação judicial, fusões e aquisições.

Foi assim com o negócio entre Sadia e Perdigão, a compra da Nova América pela Cosan e do Grupo Santa Elisa pela Dreyfus, alguns dos negócios mais recentes do setor. Ou os casos de pedido de recuperação judicial dos frigoríficos Independência, Margen, Estrela, Arantes, IFC e Quatro Marcos e dos grupos sucroalcooleiros Infinity Bio-Energy Brasil e Companhia Albertina.

Alcides Leite, coordenador do centro de conhecimento Equifax, empresa especializada em análise de crédito, confirma o destaque negativo: “O setor de frigoríficos vem sofrendo muito. Entre os motivos está a grande dependência das exportações, que caíram. A produção teve de se voltar ao mercado interno e com o excesso de oferta os preços caíram. A situação também ficou complicada para as usinas de açúcar e álcool”.

Empresas exportadoras ligadas ao agronegócio brasileiro são as companhias de grande porte que mais apelaram neste ano à recuperação judicial, mecanismo de proteção contra a execução de dívidas por credores, que substituiu a concordata após a Lei de Falências, de 2004.

Neste ano, até o final de maio, 300 empresas de diferentes segmentos recorreram à recuperação judicial – o triplo dos pedidos de 2008. Segundo levantamento da Serasa feito para a Folha, na amostra há 18 frigoríficos ou empresas do setor de carnes e derivados, 11 produtores agrícolas e 10 usinas de álcool, entre outros setores.

Em comum, essas empresas se beneficiaram do boom no preço de commodities até meados de 2008 e tiveram de se endividar para manter um ritmo frenético de investimentos, compatível com uma promessa que depois foi abortada pela crise. São companhias que dependem quase que integralmente das vendas a alguns dos países mais prejudicados pela recessão, sendo que muitas perderam triplamente: com preços, em quantidades vendidas e por prejuízos financeiros com hedge [proteção] cambial.

Roberto Rodrigues acredita em recuperação

O ex-ministro da Agricultura e professor da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, acredita que as empresas do agronegócio deverão ganhar fôlego nos próximos meses com a tendência de recuperação de preço e de consumo tanto para a carne quanto para o açúcar.

No caso das carnes, o grande impulso, segundo o ex-ministro, deverá vir da abertura de novos mercados e da aquecida demanda interna. Além disso, a produção caiu nos últimos meses por conta dos problemas no setor e, com a oferta menor, a tendência é de aumento de preço.

Presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, afirma que no agronegócio as decisões são de longo prazo. E, portanto, ao ser abatida pela crise uma empresa do setor tem mais dificuldades na mudança de rota ou na simples interrupção dos investimentos. “No nosso caso, as férias coletivas não funcionam”, explica. “Não dá para adiar o calendário no campo”.

Para Camargo, havia um excesso de euforia tanto entre os frigoríficos quanto entre as usinas. “O BNDES é parcialmente culpado porque bombou os frigoríficos com dinheiro, deu uma fábula e de uma hora para outra essas empresas perderam o mercado da União Europeia, que passou a exigir a rastreabilidade. Na sequência veio a crise no mercado global”, acusa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e da Folha de S. Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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