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Após greve, IGP-M desacelera alta de 1,87% em junho para 0,51% em julho

A normalização dos fretes e da oferta de alimentos nos supermercados pelo País após a greve dos caminhoneiros contribuiu fortemente para a desaceleração do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), aponta a Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice, que é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de aluguel de imóveis, desacelerou a alta em julho diante de uma redução em praticamente todos os índices que contribuem para a formação do indicador, com destaque para queda nos preços de alimentos e insumos.

O indicador subiu 0,51%  em julho, sobre avanço de 1,87% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira. Na segunda prévia de julho, o indicador havia registrado alta de 0,53%. Assim, o indicador saltou de 6,92% em 12 meses até junho para 8,24%. No ano, o acumulado registra elevação de 5,92%.

No mês, o resultado veio acima da mediana das estimativas do Projeções Broadcast, de 0,49%, mas dentro do intervalo de 0,29% a 0,58%

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, apresentou variação positiva de 0,50%, contra 2,33% no mês anterior.

O destaque ficou para os Produtos Agropecuários, cujos preços recuaram 1,83%, depois de terem subido 3,03% em junho.

A FGV informou ainda que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, desacelerou a alta a 0,44%, contra 1,09% antes, com recuo em sete das oito classes de despesa que compõem o índice. A principal contribuição para o movimento veio do grupo de alimentação, que registrou queda de 0,19%, ante avanço de 1,55% no mês anterior.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) avançou 0,72% em julho, depois de subir 0,76% antes.

Preços ao consumidor

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) perdeu força em julho, marcando 0,44%, bem abaixo da alta de 1,09% em junho, com a principal influência do grupo Alimentação (de 1,55% para -0,19%). O comportamento do item hortaliças e legumes foi destacado, com a taxa variando de 10,21% no período para -21,45%.

Os preços em transportes também contribuíram, passando de 1,43% para 0,28%, refletindo a normalização dos fretes de cargas. Também tiveram alívio nos preços os grupos Vestuário (de 0,81% para -0,84%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,52% para 0,27%), Habitação (de 1,45% para 1,37%) e Despesas Diversas (de 0,08% para 0,07%). As principais influências nestes segmentos foram os preços de gasolina (5,53% para -0,43%), roupas (0,84% para -1,15%), médico, dentista e outros (0,91% para 0,68%), material para limpeza (2,23% para 0,45%) e alimentos para animais domésticos (0,33% para 0,03%).

Por outro lado, dois grupos registraram aceleração nas taxas de variação. São eles: Educação, Leitura e Recreação (de -0,12% para 1,07%) e Comunicação (de 0,18% para 0,35%). Os itens de maior influência sobre o IPC-M no período foram passagem aérea (de -3,76% para 20,15%) e tarifa de telefone móvel (de 0,30% para 0,75%).

Os itens que mais influenciaram o IPC-M de julho em baixa, conforme a FGV, foram o tomate (de 7,85% para -31,80%), cebola (de 9,46% para -34,30%), batata-inglesa (de 40,86% para -26,71%), cenoura (de 1,91% para -23,09%) e laranja-pêra (de 2,37% para -10,69%).

Já entre as principais contribuições para alta, a FGV listou, além da passagem aérea, tarifa de eletricidade residencial (de 6,83% para 6,65%), leite tipo longa vida (de 7,85% para 15,34%), tarifa de ônibus urbano (de 0,44% para 2,08%) e condomínio residencial (de 2,20% para 1,50%).

Confiança de Serviços

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 0,8 ponto na passagem de junho para julho, para 87,5 pontos, na série com ajuste sazonal, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado interrompe uma sequência de quatro quedas consecutivas.

“A reação da confiança do setor de serviços em julho não foi suficiente para compensar a perda verificada em junho. Se na leitura das empresas sobre a situação corrente houve uma recuperação, a percepção sobre os próximos meses manteve a trajetória negativa. Assim, o início do segundo semestre mostra que as empresas vislumbram um cenário de recuperação ainda muito tímida, o que deve estar relacionado à frustração com o fraco desempenho corrente e à elevada incerteza associada ao processo eleitoral”, avaliou Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.

Houve melhora em nove das 13 principais atividades pesquisadas. O Índice da Situação Atual (ISA-S) avançou 1,6 ponto, devolvendo a queda de junho, para 86,7 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE-S) teve ligeira queda de 0,1 ponto, para 88,6 pontos, o patamar mais baixo desde dezembro de 2016.

Incerteza

O Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IIE-Br) recuou 8,3 pontos na passagem de junho para julho, a 116,8 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar da queda, o Indicador manteve-se na região de incerteza elevada (acima de 110 pontos) pelo quinto mês consecutivo.

“Após o choque de junho, a incerteza voltou a cair mas continua acima dos 110 pontos. Os pontos de resistência para uma maior queda da incerteza são as eleições presidenciais e o cenário externo. Por aqui, apesar de a proximidade das eleições deixar mais claro quem são os candidatos, ainda há muita dúvida sobre o compromisso e a capacidade de o presidente eleito conduzir um ajuste fiscal que coloque o País nos trilhos. No front externo, é esperar um comportamento mais previsível do presidente (Donald) Trump e o fim da guerra comercial, que poderá provocar enormes estragos na economia mundial”, avaliou o economista Pedro Costa Ferreira, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.

O IIE-Br passou a integrar o calendário de divulgações de indicadores econômicos do Ibre/FGV no fim de 2016. O índice mensal é composto por três componentes: o IIE-Br Mídia, que faz o mapeamento nos principais jornais da frequência de notícias com menção à incerteza; o IIE-Br Expectativa, que é construído a partir das dispersões das previsões para a taxa de câmbio e para o IPCA; e o IIE-Br Mercado, baseado na volatilidade do mercado financeiro.

Em julho, o recuo do IIE-Br foi disseminado entre seus três componentes, com destaque para a componente de Mídia. O componente de Mercado recuou 3,7 pontos, contribuindo com -0,4 ponto para o comportamento do índice geral no mês, e o IIE-Br Expectativa recuou 1,3 ponto, exercendo uma influência de -0,3 ponto no índice agregado. Já o IIE-Br mídia encolheu 8,7 pontos em relação a junho, colaborando com -7,6 pontos para o desempenho negativo do indicador.

A coleta do Indicador de Incerteza da Economia Brasileira é realizada entre os dias 26 do mês anterior e 25 do mês de referência.

Fonte: Estadão, com Reuters.

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