Foto: Divulgação Minerva
A Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 114 milhões. O resultado foi apenas 0,5% menor do que o de igual período de 2022, mesmo com a interrupção temporária dos embarques da proteína brasileira para sua principal compradora, a China.
Em fevereiro, o Brasil interrompeu voluntariamente suas exportações de carne bovina ao mercado chinês, após a descoberta de um caso de “vaca louca” no Pará. A suspensão durou cerca de um mês. Em parte, o leve recuo do lucro da Minerva deveu-se à diversificação geográfica das operações da companhia, que continuou atendendo a demanda chinesa durante o período do embargo por meio de suas operações na Argentina e Uruguai.
A geração de caixa operacional medida pelo Ebitda caiu 17,7% em relação ao primeiro trimestre de 2022, para R$ 531,9 milhões. A receita líquida, por sua vez, diminuiu 11,7%, para R$ 6,38 bilhões.
O volume de abates da Minerva caiu 4,3% no primeiro trimestre deste ano, para 836,3 mil cabeças, enquanto as vendas ficaram praticamente estáveis — o volume cresceu apenas 0,6%, para 277,4 mil toneladas.
A empresa conseguiu sustentar suas margens apesar da suspensão temporária das exportações à China e da necessidade de apoiar financeiramente sua cadeia de suprimentos, afetada pelos impactos da crise da Americanas sobre os bancos, disse ontem o CFO da companhia, Edison Ticle.
Segundo ele, todo o mercado de crédito do Brasil foi afetado pelo rombo bilionário da varejista, que elevou os custos para tomada de empréstimos. “Os bancos encolheram o crédito e encareceram bastante o crédito (…) principalmente no financiamento de fornecedores. Isso dificultou bastante o mercado”, afirmou o executivo.
Para contornar a situação, a Minerva substituiu parte dos financiamentos que seriam feitos pelos bancos. “Nós mesmos fizemos o financiamento” principalmente a pecuaristas, afirmou Ticle. Segundo ele, a medida foi um dos fatores que fizeram a empresa ter um capital de giro negativo de R$ 841,5 milhões no primeiro trimestre.
Com isso, o fluxo de caixa proveniente das atividades operacionais da companhia foi negativo em R$ 8,4 milhões entre janeiro e março. Um ano antes, o resultado havia sido de R$ 840,2 milhões positivos.
A alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 2,6 vezes no período, 0,1 ponto percentual acima do desempenho do primeiro trimestre de 2022. Ainda assim, a margem Ebitda atingiu 8,3% no intervalo de janeiro a março, somente 0,6 ponto percentual abaixo da margem do primeiro trimestre do ano passado.
O CEO da empresa, Fernando Galletti de Queiroz, ressaltou que, mesmo com as exportações afetadas pela suspensão das vendas à China, 63% da receita bruta foi proveniente dos mercados externos no primeiro trimestre. Queiroz disse que a “China continua demandando bastante” e seguirá entre os compradores de destaques.
Fonte: Valor Econômico.