A Argentina postergou o pedido de restituição do status de país livre de febre aftosa com vacinação ante a Organização Internacional de Epizootias (OIE), porque supostamente foram introduzidas “mudanças no código sanitário internacional”.
Esta foi a explicação dada pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) pouco antes da assembléia anual da OIE, na semana passada. Nesta assembléia, foi anunciado oficialmente, que a Argentina recuperaria o status sanitário após ter passado seis meses do último foco da doença, em setembro passado. Agora, no entanto, esta determinação da OIE, de alta relevância para abertura de novos mercados à carne argentina, ficará adiada possivelmente para os primeiros meses do próximo ano.
O coordenador de Relações Internacionais e Institucionais do Senasa, Rodolfo Acerbi, disse que apesar da solicitação ter sido concluída a tempo, surgiram novas instâncias burocráticas dentro da OIE, que estavam funcionando contra as aspirações sanitárias do país. Segundo ele, existe um problema de equivalências entre os conceitos técnicos de livre de infecção e de circulação de vírus de aftosa que conspiram contra a restituição do status da Argentina. Aparentemente, para que um país ou zona seja reconhecido como livre de febre aftosa com vacinação deve demonstrar que nenhum animal possui o vírus – por vacinação ou infecção -, algo que estatisticamente é impossível.
Este dilema científico, que é parte do novo regulamento adotado pelo órgão internacional, levou o funcionário do Senasa, à não aprovação no comitê científico dos pedidos realizados pela Colômbia, Peru e por uma região do Brasil, em março passado. No entanto, o Senasa tinha recebido a promessa do diretor geral da OIE, Bernard Vallat, de que essas duas interpretações científicas deveriam ser homologadas na próxima assembléia do órgão. “Alguém nos advertiu que nenhum país pode demonstrar ausência de infecção com as técnicas atuais de laboratório, de forma que ficamos em um beco sem saída”, argumentou Acerbi, afirmando que a Argentina será reconhecida como livre de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), junto com o Uruguai, Cingapura e Islândia.
A Argentina conta atualmente com 75 mercados para exportar carnes desossadas pelo valor de US$ 400 milhões anuais. Porém, na indústria frigorífica, existia uma grande expectativa com relação à recuperação do reconhecimento sanitário para começar a negociar a entrada de produtos em países como China e Malásia, que exigem inexoravelmente o status de livre de febre aftosa com vacinação.
Fonte: La Nación (Franco Varise), adaptado por Equipe BeefPoint