O ano de 2025 promete um horizonte mais positivo para os pecuaristas e toda a cadeia de produção de proteína animal do que em tempos recentes. A forte demanda no mercado externo deverá dar um gás adicional à rentabilidade do segmento. Além disso, a virada de ciclo da pecuária de corte tende a puxar para cima o valor do gado e da carne bovina, um movimento que eleva também a busca dos consumidores por proteínas alternativas, como o frango.
A Globo Rural ouviu especialistas para saber o que se pode esperar para o ano que vem. A recomendação deles aos pecuaristas foi unânime: com esse cenário, é hora de os produtores acertarem as contas e se planejarem para investir em tecnologias que possam aumentar a produtividade.
Oswaldo Ribeiro Júnior, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), conta que 2024 foi um ano um tanto ruim para a pecuária de corte, com preços da arroba em baixa até o terceiro trimestre e perdas nas fazendas causadas por incêndios e falta de chuva. “Começamos a ver uma recuperação no preço da arroba, que voltou ao patamar de dois anos atrás. Esses valores vão ser usados, primeiro, para pagar dívidas”, afirma.
Ele estima que, ao longo de 2025, o preço do boi gordo pode transitar entre R$ 300 e R$ 350 por arroba, com chance até de superar essa marca, a depender das condições do mercado. Trata-se da mesma faixa de preços que se via em 2022, logo após a pandemia de covid-19, quando o consumo de carne no país estava aquecido e o ciclo pecuário era de baixa oferta.
Agora, o que tem dado impulso às cotações é mais uma vez uma virada de ciclo, que ocorre depois de um período de oferta ampla de animais no mercado e volume recorde de abates de bovinos no país. “Fizemos abates de fêmeas até meados de outubro de 2024. A retenção verdadeira de fêmeas vem a partir de 2025, e, como leva um tempo até que elas emprenhem, vai faltar bezerro por um período”, explica Ribeiro.
Isso significa que os preços de boi gordo, vaca e bezerro vão subir nos próximos meses. O presidente da Acrimat recomenda aos pecuaristas atenção redobrada à gestão de contas antes de fazer investimentos. “Passou a época de anotar venda de boi em papel de pão. É preciso ter noção exata de lucro e prejuízo”, diz. “Também sugerimos ao pecuarista não vender todo o gado de uma vez e monitorar os preços. O mundo é globalizado. A explicação de uma mudança de preço pode estar em outro país.” Os produtores que estão com as finanças em dia devem priorizar aportes nos quatro pilares de tecnologia para ganho de produtividade: nutrição, genética, manejo e sanidade.
Para a indústria, o aumento do valor do gado elevará o custo da principal matéria-prima dos processadores de carne, avalia Paulo Mustefaga, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). “Assim como houve um período de oferta abundante de gado, é natural que haja uma virada de oferta e preços da arroba em 2025. A preocupação é que isso vai afetar o consumidor final. Os índices de inflação de carnes já mostram isso”, destaca.
As margens devem ficar particularmente mais apertadas no caso dos frigoríficos que atendem apenas o mercado doméstico ou que não acessam grandes compradores internacionais, como China e Estados Unidos. Para os grandes exportadores, a perspectiva é mais promissora.
Fonte: Globo Rural.