As exportações australianas de carne bovina começaram 2025 em um ritmo impressionante, com os embarques de janeiro e fevereiro sendo excepcionalmente altos.
Na verdade, o volume acumulado de exportações no ano calendário já atingiu um recorde de mais de 198.000 toneladas. Nem mesmo nos anos de liquidação acelerada de rebanho, como 2019-20 e 2014-15, esse volume foi alcançado no mesmo período, pois as exportações não ultrapassaram 173.000 toneladas em janeiro e fevereiro daqueles anos.
No mês de fevereiro recém-concluído, os volumes de exportação de carne bovina atingiram 117.502 toneladas, um aumento de 44% em relação a janeiro – que, tradicionalmente, é o mês mais fraco para exportações australianas.
O volume de fevereiro foi 24.000 toneladas ou 25% maior do que no mesmo mês do ano passado, tornando-se um dos maiores embarques de fevereiro já registrados. O impacto climático foi limitado, o que ajudou a manter os embarques regulares, especialmente em Queensland – o maior estado produtor e processador de carne bovina da Austrália –, onde normalmente as condições climáticas podem causar interrupções nessa época do ano.
Uma das características marcantes da temporada de abate australiana em 2025 tem sido a rapidez com que a produção aumentou. Historicamente, há um período de transição nos primeiros três ou quatro meses do ano antes que os níveis de produção atinjam o pico. No entanto, os dados do NLRS (National Livestock Reporting Service) mostram que o abate em fevereiro já está próximo da capacidade máxima, com cerca de 145.000 cabeças por semana.
Esse aumento inevitavelmente elevou o volume de produtos disponíveis para exportação no mês passado. No entanto, as exportações de carne bovina em março podem ser impactadas pelo fechamento do Porto de Brisbane, ocorrido no último domingo devido à chegada do Ciclone Alfred na costa sul de Queensland. Dependendo da reabertura do porto (prevista para domingo ou segunda-feira), até uma semana de operações de carregamento pode ser perdida.
Os desafios relacionados à mão de obra continuam sendo um dos principais gargalos para a produção e exportação de carne bovina na Austrália neste ano. Alguns processadores afirmam que a questão já ultrapassou a dificuldade de contratar funcionários e se tornou um desafio de acomodação, especialmente em comunidades regionais menores onde muitas unidades de processamento estão localizadas.
Dado que a lucratividade está alta para diversas categorias de gado, a maioria dos frigoríficos aceitaria um volume maior de animais para abate – especialmente vacas – se tivesse mão de obra suficiente.
Espera-se que o relatório de Projeções da Indústria de 2025 da MLA, que será publicado na próxima semana, traga mais detalhes sobre os desafios trabalhistas e seu impacto na produção de carne bovina neste ano.
A maioria dos grandes clientes de exportação aumentou suas compras de carne bovina australiana em fevereiro, à medida que a Austrália começa a substituir parte do produto de origem norte-americana em mercados como Japão, Coreia do Sul e China.
A queda no abate de vacas nos Estados Unidos é agora um fator-chave para a demanda de carne bovina magra australiana usada na fabricação de hambúrgueres nos EUA. Em fevereiro, os embarques para portos da Costa Leste e Oeste dos EUA atingiram 35.102 toneladas, das quais mais de 20.000 toneladas eram de carne congelada.
O crescimento do comércio com os EUA já vinha ocorrendo desde o segundo semestre de 2023, com os embarques em dezembro alcançando 42.158 toneladas – o segundo maior volume mensal do ano, atrás apenas de outubro, quando foram enviadas 45.338 toneladas, o maior volume mensal desde 2014.
A lacuna deixada pela carne bovina dos EUA no mercado de hambúrgueres está se refletindo nos preços das vacas para abate na Austrália, que atualmente variam entre 580 c/kg (carcaça) em Queensland e até 620 c/kg em algumas partes do sul da Austrália.
A substituição do produto norte-americano também foi evidente em outros países que compram carne da Austrália e dos EUA. O impacto das tarifas comerciais recentes impostas pelos EUA sobre grandes parceiros comerciais de carne bovina e gado ainda está se desenrolando, e será monitorado nos próximos relatórios mensais de exportação.
Além dos EUA, a China subiu da quarta para a segunda posição entre os principais clientes da Austrália em fevereiro, importando 21.373 toneladas de carne bovina australiana. Esse volume foi 6.500 toneladas (43%) maior que em janeiro e 36% superior ao de fevereiro do ano passado.
O Japão ficou logo atrás, comprando 20.115 toneladas no mês passado – um aumento de 27% em relação a janeiro, embora ainda 15% abaixo do volume registrado no mesmo mês de 2024.
As exportações para a Coreia do Sul também subiram, chegando a 17.778 toneladas, um crescimento de 60% em relação a janeiro e 28% maior do que no mesmo período do ano passado.
Mesmo com incertezas em torno das licenças de importação para 2025, a Indonésia importou 5.012 toneladas de carne bovina australiana em fevereiro – um crescimento significativo de 79% na comparação anual, após um mês de janeiro bastante fraco.
O Oriente Médio, que hoje é dominado pela carne bovina de baixo custo da América do Sul, importou 2.604 toneladas da Austrália em fevereiro – 12% acima de janeiro, mas ainda 5% menor que no mesmo mês do ano passado.
As tarifas impostas pelos EUA ao Canadá sobre carne bovina e gado ainda não tiveram impacto perceptível no interesse canadense pela carne australiana. No mês passado, as exportações para o Canadá chegaram a 2.949 toneladas, mais que o dobro do volume de janeiro e 9% superiores na comparação anual.
Os mercados asiáticos secundários continuam mostrando forte demanda, com Tailândia (1.871 toneladas), Malásia (2.054 toneladas) e Vietnã (1.630 toneladas) mantendo um bom volume de compras.
Apesar do Acordo de Livre Comércio estar em vigor há 20 meses, o Reino Unido importou apenas 744 toneladas de carne bovina australiana em fevereiro – 88% a mais que no mesmo mês do ano passado, mas ainda um volume insignificante no contexto geral do mercado. Enquanto isso, a União Europeia (sem o Reino Unido) importou apenas 578 toneladas, metade do volume registrado em fevereiro do ano passado devido à falta de um acordo comercial com a Austrália.
Fonte: Beef Central, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.