Segundo informações do Fundo de Desenvolvimento de Pecuária de Corte (Fundepec), o Pará fechou o primeiro semestre de 2001 com um rebanho de cerca de 13 milhões de cabeças de gado, castradas e vacinadas contra a febre aftosa. A estimativa é que, até o final do ano, existam 15 milhões de cabeças de gado castradas no Estado. Em 2000, cerca de 18 milhões de doses de vacina foram aplicadas. O balanço completo sobre a campanha de erradicação da doença no primeiro semestre deste ano será divulgado hoje pela Secretaria de Agricultura do Pará (Sagri).
Segundo o vice-presidente do Fundepec e presidente do Sindicato Paraense de Pecuária de Corte (Sindicorte), Gastão Carvalho Filho, até o final deste ano a meta de elevar o criatório do sul do Pará da condição de médio para baixo risco deverá ser alcançada e, no final de 2002, a área poderá ficar livre da aftosa com vacinação.
Este ano, o período de aplicação foi prorrogado – maio e junho – devido à falta de vacina causada pelo surto de aftosa acontecido no Rio Grande do Sul em abril. As vacinas começaram a ser aplicadas em maio em todo o Estado, com exceção da região do Marajó, que está classificada em alto risco, onde o gado será vacinado somente em novembro.
Segundo Carvalho, a colaboração dos pecuaristas e a atuação efetiva do Sagri foram os principais motivos dos avanços na campanha de erradicação da aftosa no Pará. A campanha – que só começou há três anos no Estado a partir de reivindicações locais ao Ministério da Agricultura – tem um orçamento de apenas R$ 3,7 milhões para este ano. A Sagri entra com R$ 1,5 milhão, o Ministério da Agricultura com R$ 1,1 milhão, e o Fundepec mais R$ 1,1 milhão. Entretanto, o Fundepec e a Sagri calculam que são necessários pelo menos R$ 5 milhões em investimentos do governo federal.
Na opinião de Carvalho, existe um problema relacionado às estatísticas feitas no sentido de mensurar a importância da pecuária no Estado. Segundo ele, o Estado possui cerca de 15 milhões de hectares de pastagens, e a média é de uma cabeça por hectare. “O IBGE indica que o Pará possui um rebanho de 7,5 milhões de cabeças de gado, um número totalmente fora da realidade”, disse.
A febre aftosa está sendo encarada pelos pecuaristas do Pará como um problema comercial, e não mais como uma questão sanitária. Segundo Carvalho, caso o Estado consiga a condição de livre de aftosa, mesmo com vacinação, poderá tornar-se o maior corredor de exportação do setor pecuário do País, podendo servir de ponte de acesso do rebanho dos estados do Tocantins, Mato Grosso, Rondônia e Goiás para o comércio na Europa e nos Estados Unidos. Esses estados totalizam um rebanho de cerca de 60 milhões de cabeças de gado, com desfrute de 20% (ou 12 milhões de cabeças), rendendo um faturamento anual de cerca de US$ 2,5 bilhões.
Em 2000, o Pará comercializou cerca de 1,8 milhão de cabeças de gado, gerando um faturamento de R$ 1,4 bilhão. Apesar de possuir somente pequenas experiências sobre a exportação internacional de carne, as vantagens de ter o chamado “boi verde”, de larga aceitação no mercado, fazem com que muitos pecuaristas acreditem na importância do investimento para livrar o Estado da aftosa.
fonte: Gazeta Mercantil (por Silvia Fujiyoshi), adaptado por Equipe BeefPoint