A empresa americana Bio-Rad quer comercializar no Brasil testes para detecção da doença da “vaca louca”, a encefalopatia espongiforme bovina (BSE), segundo reportagem de Alda do Amaral Rocha, publicada hoje no Valor Online. A companhia, que produz um milhão de testes por mês, pretende negociar com frigoríficos exportadores, para eles, um dos maiores interessados em mostrar que o país não tem a doença.
O governo, no entanto, não pretende implementar um programa de testes de BSE, nem a iniciativa privada. Para o secretário de Defesa Agropecuária, Luís Carlos de Oliveira, “não há necessidade” de se implementar o teste porque não há casos de “vaca louca” no país.
O principal argumento é que o Brasil não utiliza farelo de carne e osso na ração animal, por isso é menor o risco de ter a doença. Além disso, segundo Oliveira, todo o gado bovino importado está sendo rastreado.
Já a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec) defende que “sejam seguidas as políticas existentes para regiões onde não há a doença, como o rastreamento dos animais importados e a vigilância sobre a ração”, diz o diretor Ênio Marques. Pessoalmente, ele acredita que o teste para BSE poderia ser usado como diagnóstico diferencial. “Se houvesse um diagnóstico negativo para a raiva, o teste poderia ser utilizado”.
O teste da Bio-Rad, o Platelia BSE, foi desenvolvido pelo laboratório francês Pasteur Sanofi Diagnostics, adquirido em outubro de 1999 pela empresa americana. Não à toa, o principal mercado para a Bio-Rad hoje é a Europa, já que após o ressurgimento da doença no ano passado, países europeus implementaram programas de testes no rebanho.
O gerente-geral da Bio-Rad na América Latina, Fernando Devia, afirma que ao implementar os testes, o Brasil poderia se antecipar a uma eventual decisão da União Européia de exigir que toda a carne importada seja testada para BSE. Ele acredita que o teste seria um diferencial para o produto brasileiro.
A Bio-Rad, que faturou US$ 720 milhões em 2000, atua também nas áreas de diagnósticos clínicos, controle microbiológico de alimentos e equipamentos para biotecnologia. A empresa tem filial no Rio e parceria com a brasileira Bio-Cyte, que distribui seus testes para alimentos.
Por Alda do Amaral Rocha, para Valor Online, 02/02/01