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Boi verde, um nicho de mercado a ser desenvolvido

O termo Boi Verde vem aparecendo constantemente nos noticiários recentemente. Tem se destacado que é o boi produzido somente a pasto e que sua carne é um produto saudável e de melhor sabor do que a produzida com a ajuda de outros alimentos, principalmente de alimentos concentrados e em condições de cdnfinamento.

O termo Boi Verde vem aparecendo constantemente nos noticiários recentemente. Tem se destacado que é o boi produzido somente a pasto e que sua carne é um produto saudável e de melhor sabor do que a produzida com a ajuda de outros alimentos, principalmente de alimentos concentrados e em condições de cdnfinamento.

Esse termo tem bastante apelo junto a consumidores, principalmente a aqueles interessados em consumir carne saudável (sem resíduos), produzida seguindo conceitos ecológicos de sustentabilidade do meio ambiente e conceitos de conforto animal. Esse nicho de mercado ainda é pequeno mas tende a aumentar.

O Brasil e inúmeros outros países localizados nos subtrópicos e trópicos produziram, produzem e devem continuar a produzir predominantemente carne bovina de animais alimentados predominantemente a pasto. Entretanto, não se deve passar a impressão e ter a ilusão que essa é a única e sempre a melhor alternativa de produzir carne bovina saudável, saborosa, ecologicamente correta e respeitando o conforto dos animais. Tanto em sistemas de produção exlusivamente a pasto com em sistemas que fazem o crescimento e ou acabamento em condições de confinamento, as exigências dos consumidores descritas anteriormente podem e devem ser atendidas. Entretanto, a essas exigências, pelo menos tres outros aspectos importantes devem ser considerados: confiança do consumidor de que a carne bovina é um produto saudável tanto do ponto de vista nutricional como de resíduos e contaminações; qualidade o mais constante possível dentro de carcaças, cortes e outros produtos com as mesmas especificações; e constância de fornecimento e preços adequados (justos).

Com relação à qualidade da carne bovina do ponto de vista nutricional já existem hoje informações na literatura, que devem ser exploradas mais intensamente na divulgação da carne bovina, tarefa essa de todos os envolvidos na cadeia, mas que precisa de lideranças em níveis regionais e nacional coordenadas ou pelo menos agrupadas em Entidades representativas da cadeia da carne bovina.

Quanto à segurança do ponto de vista de resíduos e contaminações, a rastreabilidade é o caminho mais lógico. Entretanto, ela deve ser padronizada para facilitar auditorias que devem ser frequentes e feitas por pessoas e ou empresas especilizadas creditadas junto aos órgãos representativos da cadeia da carne bovina. Laboratórios independentes seriam os encarregados das análises de compostos específicos. Um selo assegurando que o produto comprado está sendo rastreado seria uma consequência lógica desse processo.

Os esforços e as experiências de algumas alianças ou parcerias mercadológicas poderiam e deveriam ser somados para avançar no sentido de abranger a maior quantidade possível da produção brasileira de produtos da cadeia produtiva da carne bovina.

Do ponto de vista de constância de qualidade, os produtos da cadeia da carne bovina, principalmente os derivados da carcaça, apresentam características especiais. Ao contrário dos produtos de outras cadeias de carne como de suínos e principalmente aves, nas quais os sistemas de produção e o materiais genéticos usados são relativamente uniformes e constantes no mundo todo, os sistemas de produção e os materiais genéticos usados nos sistemas de produção de gado de corte ao redor do mundo diferem bastante. Quando se fala em peito de frango, lombo de porco e de outros produtos dessas cadeias em qualquer lugar do mundo, não fica na mente das pessoas qualquer dúvida sobre o que se esperar em termos de padrão de sabor e qualidade desses produtos. No caso da carne bovina a realidade é bem diferente, existindo uma gama de sabor e qualidade bem diferente e característico para os mesmos produtos (cortes) em função dos sistemas de produção e dos materiais genéticos usados. Alguns acham que isso é um problema grave, enquanto outros acham que é uma vantagem. Não temos dúvidas que ambas as correntes têm suas razões. É um problema grave que com criatividade e trabalho constante poderá ser transformado em uma vantagem competitiva muito grande com outras carnes, tanto pela variedade de nichos de mercado existentes como a serem desenvolvidos que poderão ser atendidos. O do boi verde é um deles que está sendo identificado e desenvolvido. Iniciativas como esta são necessárias para aumentar o mercado da carne bovina e só merecem elogios.

Finalmente, quanto à constância de fornecimento de produtos de características definidas durante o ano todo a preços competitivos, vários sistemas ou alternativas de produção devem ser combinadas de maneira apropriada. Na maioria das condições existentes no Brasil é praticamente impossível ter constância de quantidade, qualidade e competitividade usando uma única alternativa de produção nas fases de recria e acabamento, seja ela baseada em pastos irrigados ou não ou em confinamento.

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