Foi com grande entusiasmo que se deu a abertura do V Encontro Nacional do Novilho Precoce, realizado em Campo Grande entre os dias 4 e 6 de julho. O encontro foi muito técnico e pouco político. Nestes dias foram discutidos temas específicos, onde a ênfase se deu nos aspectos de fora da porteira das fazendas.
A globalização da economia aliada à estabilização de nossa moeda obrigou o pecuarista a tomar conhecimento, e muito mais do que isso, a se preocupar, com todos os elos da cadeia produtiva da carne. Essa preocupação se faz necessário, principalmente, pelo fato de sermos nós pecuaristas, tomadores de preço nas duas pontas. Perguntamos quanto custa para comprar e quanto me pagam para vender. É desta forma, que todos os tributos, sejam eles de qualquer natureza, recaem sobre a produção.
Escutei de um assessor de governo numa reunião, que nós pecuaristas não pagamos impostos. Realmente nós produtores, não pegamos o cheque ou o dinheiro e através de um DARF recolhemos os impostos. Porém quem arca com os custos dos tributos é o produtor, que ao perguntar quanto me pagam?, recebe o valor de seu produto, já descontado de todos os impostos da cadeia produtiva.
A participação do produtor em todos os elos da cadeia produtiva da carne é de suma importância. Hoje nós não somos mais produtores de bois. Somos produtores de carne de qualidade, atestada pela certificação concedida pela OIE, de livre de aftosa com vacinação, nos habilitando a exportar.
Devemos nos concentrar no consumidor. Primeiro precisamos saber seus anseios e necessidades, para poder produzir o que se demanda. Também é importante informar ao consumidor o que e como produzimos. Devemos informar formas de consumo do nosso produto, como atestar sua qualidade e como preparar os diferentes pratos, com os diferentes cortes, que a carne de boi oferece. Atestar a qualidade e origem da produção será imprescindível daqui para frente. É uma exigência do mercado externo e já dá sinais no mercado interno.
Os exemplos dessas atuações são as alianças mercadológicas. Produtores se aliam e contratam frigoríficos, como prestadores de serviço, disponibilizando nas redes de supermercados cortes prontos, com atestado de origem e marca própria.
Como exemplo podemos citar o PROCARNE – MS, Associação de Produtores de Carne de Qualidade de Mato Grosso do Sul, que através de uma aliança mercadológica com a rede de supermercados COMPER de Campo Grande, usa um frigorífico como prestador de serviço. Como já estão em estagio avançado, a associação tem mais de dois anos, estão concluindo uma sala de desossa própria, independente do frigorífico. Sua carne, além da marca estilizada, contém dados específicos de qualidade e estimulam o consumo.
É sob essa ótica de empresários que devemos enfocar nossa atividade. O mercado consumidor exige Quantidade, Qualidade e Regularidade. A dona de casa não quer saber se temos seca, veranico ou doença no nosso pasto. Ela quer à sua disposição, a qualquer época, a mercadoria que procura, com a mesma qualidade.
Atestar a qualidade significa ter qualidade na produção, no transporte, no abate, no resfriamento, na desossa, na embalagem, no transporte frio até nas gôndolas expositoras. Sendo assim, fica claro que nós produtores devemos atuar em toda a cadeia da carne. Como estamos na produção, não basta produzirmos com qualidade, pois se os processos adiante não forem corretos, todo o nosso trabalho será penalizado. Por sermos tomadores de preço, a má manipulação do produto nos segmentos pós-porteira, resultarão em depreciação, via preço, no pré porteira.