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Agronegócio brasileiro: pecuária cresceu 0,77% e agricultura teve queda de 2,56% no 1S12, segundo CNA e Cepea

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro estimado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), apresentou queda de 0,22% em junho, taxa inferior à observada em maio, quando o setor decresceu 0,40%.

O agronegócio brasileiro no primeiro semestre de 2012, no balanço do período, acumulou queda de 1,55%. Pesou neste resultado o desempenho do agronegócio da agricultura que, até junho, acumulou queda de 2,56%. Já o setor pecuário, mesmo tendo registrado pequenos recuos em março e junho, fechou o semestre com ligeira alta, 0,77%.

De forma geral, o primeiro semestre de 2012 dividiu-se em dois importantes momentos. Nos primeiros meses, a expectativa de desaceleração da economia chinesa e a crise na Grécia e na Espanha geraram preocupações e cautela no comportamento dos agentes. Em maio, a capitalização dos bancos europeus e a entrada de mais dólares na economia norteamericana reaqueceram os ânimos no mercado de commodities.

Paralelamente, a seca nos Estados Unidos prejudicou a safra de grãos daquele país, o que refletiu em aumento nas cotações internacionais, movimento que se espalhou para outros mercados. No Brasil, problemas climáticos adversos, como seca no período de desenvolvimento das culturas e excesso de chuva na época da colheita, também prejudicaram a produção de diversas lavouras, reaquecendo a preocupação com a inflação e com os custos da alimentação.

No cenário externo, destaque para a aceleração dos preços internacionais do farelo de soja e do milho e também dos insumos importados, em especial fertilizantes. O aumento na cotação do dólar ocorrida no mesmo período acentuou o efeito dessas mudanças no mercado interno. A agroindústria, por sua vez, seguiu pressionada pelas importações e pelos aumentos salariais, decorrentes da aceleração dos serviços.

No acumulado do semestre, o recuo no setor industrial chegou próximo a 4%, a maior perda dentre os segmentos do agronegócio. Diante desse cenário negativo, o governo federal anunciou uma série de medidas, visando aumentar a competitividade do setor.

Na cadeia agrícola, a queda acumulada nos primeiros seis meses de 2012 foi de 2,56%. Dentre os segmentos, os Insumos sofreram queda menos expressiva, de 0,67% no acumulado. O segmento primário, mesmo voltando a crescer em junho 0,52%, acumulou baixa de 2,18% no semestre. Fora da porteira, os segmentos Industrial e de Distribuição recuaram durante o período e, ao final de junho, acumularam queda de 3,95% e de 1,90%, respectivamente.

No agronegócio da pecuária, o desempenho foi melhor, e o setor, embora com desempenho modesto, encerrou o semestre com expansão de 0,77%. O segmento primário (Básico) registrou o melhor desempenho, crescendo, no acumulado dos seis meses, 3,03%. Na sequência, veio o segmento de Insumos, com taxa de crescimento acumulada de 1,68%. Os egmentos Industrial e de Distribuição seguiram caminhos opostos e, frente aos recuos mensais registrados no ano, acumularam decréscimo de 3,96% e 0,56%, respectivamente, no primeiro semestre.

Segmento de insumos é o único a crescer

Em junho, o segmento de insumos para a agropecuária voltou a crescer 0,20%, acumulando no primeiro semestre taxa modesta, mas positiva, de 0,26%. A expansão mensal esteve ligada ao desempenho do segmento para a agricultura, que, no mês, cresceu 0,48%, contra uma baixa de 0,23% do segmento para pecuária. Ainda assim, no acumulado dos seis primeiros meses de 2012, o desempenho do segmento para pecuária registrou alta de 1,68%, contra uma queda de 0,67% para agricultura.

Nos fertilizantes, a alta nos preços internacionais de diversas commodities agrícolas e a relação de troca favorável em culturas altamente consumidoras deste insumo, como soja e cana-de-açúcar, refletiram em crescimento e antecipação das compras para a safra 2012/13. Na comparação de 2012 com 2011, o faturamento da indústria de fertilizantes cresceu 3,70%. Em preços, a expansão foi de 3,14%, mas os elevados estoques de passagem inibiram avanços da produção, e esta cresceu apenas 0,54%.

No caso dos combustíveis, o cenário do primeiro semestre foi de preços reais em ligeira queda, de 0,15%, mas a produção teve um  crescimento de 1,15%. Com isso, no balanço do período, a atividade também registrou alta, de 1%. Já no grupo de alimentos para animais, a quantidade produzida em baixa na comparação entre os semestres dificultou o faturamento da atividade e este recuou 0,63% no primeiro semestre de 2012. Em preços, o alto custo do milho e do farelo de soja seguiu elevando as cotações das rações e, no acumulado do período, a expansão chegou a 1,75%, já descontada a inflação do semestre.

Dentro da porteira: agricultura em baixa prejudica desempenho do segmento

Após consecutivas quedas, o segmento primário do agronegócio voltou a crescer 0,17% em junho, completando o primeiro semestre de 2012 sem mudanças. Como observado nos meses anteriores, as atividades primárias da agricultura e da pecuária seguiram caminhos opostos. Na agricultura, o desempenho mensal foi positivo, 0,52%, mas no acumulado do semestre houve queda de 2,18%. Já o segmento primário da pecuária, que desde o início do ano apresentou consecutivas altas, decresceu 0,29% em junho. Ainda assim, no acumulado do primeiro semestre, o segmento cresceu 3,03%.

Os reajustes para baixo nas estimativas de produção e a redução nos preços, na comparação entre 2012 e 2011, pesaram na renda das atividades agrícolas neste primeiro semestre do ano. Considerando-se o desempenho do primeiro semestre 2012, a queda no faturamento médio da agricultura foi de 2,19%.

No milho, a grande produção e o menor patamar de preço marcaram o primeiro semestre. Entretanto, a seca que atingiu as lavouras norte-americanas influenciou a aceleração dos preços no mercado brasileiro, impedindo que o recuo fosse ainda maior na comparação anual.

Em junho, o segmento primário da pecuária registrou a primeira baixa mensal do ano, queda de 0,29%. Ainda assim, no acumulado do semestre, o cenário foi positivo em 3,03%. Dentre as atividades primárias, a suinocultura e a bovinocultura de corte foram às únicas com faturamento em baixa no semestre, 2,20% e 5,31%, respectivamente. Em ambas, o menor patamar de preços recebidos na comparação entre os semestres explica tal cenário. Na suinocultura, a maior oferta de animais para abate e a fraca demanda interna pela carne marcaram o início do ano. Na bovinocultura, frente à maior oferta, as cotações também se mantiveram em baixa e, mesmo após o início da entressafra, a chuva favoreceu as condições das pastagens e, assim, a oferta se manteve estável.

Nas demais atividades, preços e produção em alta refletiram em expansão do faturamento. Destaque para a atividade avícola, que, no semestre, acumulou crescimento próximo de 15%. Essa expressiva expansão se deve, em especial, aos preços recebidos pelo frango vivo que, no período, cresceu 11,58%. O desempenho da produção também foi positivo, crescimento de 3,04%. Para os próximos meses, a expectativa de expansão das exportações brasileiras de carne avícola deve dar ainda mais impulso ao setor.

Com preços e volume em alta, o faturamento da atividade leiteira também foi positivo, alta de 3,28%. Entretanto, considerando-se a margem de lucro, os altos custos com a alimentação animal e com a mão de obra prejudicaram os resultados obtidos.

Agroindústria: quedas consecutivas no primeiro semestre

O segmento industrial do agronegócio decresceu 0,73% em junho. Considerando-se os recuos dos meses passados, o balanço do primeiro semestre de 2012 foi negativo, em 3,95%. As sucessivas quedas na agroindústria de processamento animal, e também da agroindústria vegetal, explicam o resultado desanimador no semestre.

A indústria de base pecuária manteve trajetória de queda em junho, 0,60%, acumulando retração de 3,96% no semestre. Pressionada pela queda dos preços e produção, a renda real de todas as indústrias de processamento animal acumularam baixa no semestre. Destaque para as indústrias de calçados e laticínios, que, no período, retraíram quase 5%. Na indústria de laticínios, a redução da margem de lucro das indústrias e cooperativas esteve ligada ao aumento no custo com a matéria-prima e à relativa estabilidade nos preços dos derivados no segmento atacadista. Além disso, o volume de lácteos importados a preços relativamente baixos se comparados ao produto nacional também dificultou as vendas da indústria nacional.

Na indústria de abate, a queda nas exportações brasileiras de carnes bovinas e suínas prejudicou o desempenho da atividade de abate e esta acumulou baixa de 3,61%. Para os próximos meses, a expectativa é que a valorização dos grãos contribua para o aumento dos preços da carne, voltando a elevar o faturamento da atividade.

O segmento da distribuição da agropecuária, comércio e transporte decresceu 0,29% em junho, elevando para 1,49% a queda no ano. Nos setores agrícolas e da pecuária, as taxas observadas para este segmento em junho foram de queda de 0,24% e de 0,42%, respectivamente. No semestre, a retração foi para 1,90% na distribuição agrícola e 0,56% na pecuária.

Fonte: CNA, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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