Excesso de estoque faz petróleo americano atingir menor patamar da história
22 de abril de 2020
Frigoríficos terão de atuar como os hospitais, diz CEO global da JBS
22 de abril de 2020

Commodities: Clima favorável nos EUA pressiona cotações do milho

Os preços do milho encerraram o segunda-feira em baixa na bolsa de Chicago, diante da perspectiva de clima favorável às lavouras nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, os contratos do cereal para julho recuaram 2,13% (7 centavos de dólar), negociados a US$ 3,2225 o bushel.

Ao Valor, o analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado, disse que o tombo do petróleo WTI — que fechou em forte queda na sessão — não teve efeito sobre os preços do mercado de cereal nesta segunda-feira. Nos Estados Unidos, o etanol é feito a partir do milho.

“Os traders do combustível fóssil estão simplesmente desfazendo posições para o contrato de maio que está prestes a expirar”, pontuou o analista em referência aos contratos do fóssil WTI para maio, que expira na próxima terça-feira.

“O tombo do petróleo não foi levado em conta no mercado do milho”, completou o analista.

Na avaliação de Molinari, o que pesou sobre as cotações do cereal foram as notícias de clima favorável na região do Meio-Oeste dos EUA. “O clima está melhorando e logo o plantio começará a manter o ritmo normalmente”, disse.

Em relatório, a consultoria ARC Mercosul avaliou que o plantio de milho nos EUA deve se intensificar nos próximos dias. “As previsões climáticas trazem um cenário estável para esta reta final de abril”, apontou.

Além dos indicativos de oferta confortável do milho americano, os preços do cereal recuaram por causa da demanda global fraca, afirmou Molinari. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), 683,8 mil toneladas de milho foram enviadas ao exterior na semana encerrada em 16 de abril, queda de 41,8% em relação a semana passada, quando 1,1 milhão de toneladas foram embarcadas.

No caso da soja, os contratos futuros para julho caíram 0,71% (6 centavos de dólar) nesta segunda-feira na bolsa de Chicago, e fecharam negociados a US$ 8,3625 o bushel.

Segundo o analista Carlos Cogo, da Cogo Consultoria, a desvalorização do petróleo acabou refletindo nos preços do óleo de soja e, consequentemente, pesando sobre os da soja.

Na avaliação do analista Luiz Fernando Roque, da Safras & Mercado, o mercado de soja só voltará ao patamar de US$ 9 o bushel após uma notícia com viés altista do mercado financeiro.

“Pode ser uma notícia em relação à diminuição dos estragos econômicos provocados pelo coronavírus ou de corte de produção do petróleo”, avaliou Roque.

Ainda na bolsa de Chicago, os preços do trigo terminaram o dia com alta de mais de 2%. Os contratos futuros com entrega para julho subiram 2,58% (13,75 centavos de dólar), a US$ 5,475 por bushel.

A principal motivação para a alta dos preços vem do anúncio da Rússia de que a cota para exportação do cereal — definida em 7 milhões de toneladas entre abril e junho — provavelmente acabará antes, em meados de maio.

A Rússia é o maior exportador mundial de trigo e suspenderá as exportações, segundo a Reuters, para garantir o abastecimento interno. Além da Rússia, outros grandes produtores do Mar Negro, como a Ucrânia, também anunciaram limitações nas suas vendas externas.

Além disso, o Commerzbank informou em relatório que o clima persistentemente seco na Europa está tornando as perspectivas mais sombrias para as safras de trigo em 2020/21.

“Só é possível, em certa medida, comparar a situação atual com 2010, quando a Rússia suspendeu suas exportações e fez os preços explodirem. Naquela época, a colheita era ruim em muitos países e os estoques internacionais eram muito mais baixos”, afirma o banco no texto.

As restrições e a situação das lavouras dão um viés altista para o preço do cereal no curto prazo, na avaliação do Commerzbank.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.