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Frigoríficos terão de atuar como os hospitais, diz CEO global da JBS

Com dois abatedouros fechados nos EUA para tentar conter o avanço do novo coronavírus em regiões rurais, a JBS não vislumbra a realidade pós-pandemia tão cedo. Ainda que o período de maior distanciamento social passe, os frigoríficos terão de conviver com as medidas de segurança contra a doença.

“Esse vírus não vai embora amanhã. O que estamos fazendo é achatar a curva, mas vamos ter que conviver. Vamos ter que operar em condições semelhante às que operam um hospital”, afirmou o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, em ‘live’ promovida pela XP Investimentos na última segunda-feira.

De acordo com o executivo, a JBS determinou “medidas estruturais” de proteção nas fábricas, como óculos de segurança nas áreas nas quais não é possível instalar barreiras físicas. A companhia também está testando um “túnel de desinfecção” — os funcionários passariam por ele antes de ingressarem nas unidades.

Em tom cauteloso, o CEO da JBS disse que ainda não é possível traçar um cenário claro para o abastecimento de alimentos nos EUA, mas os riscos existem.

“Poderá ter um problema lá na frente, dependendo do tamanho e do número de plantas [parando] concomitantemente”, afirmou Tomazoni.

Nesse sentido, a JBS teve boas e más notícias na segunda-feira. De um lado, a unidade de carne bovina de Souderton, no Estado americano da Pensilvânia, voltou a funcionar após duas semanas de paralisação.

Por outro lado, a empresa anunciou o fechamento, por tempo indeterminado, do abatedouro de suínos de localizado em Worthington, no Estado americano de Minnesota. O abatedouro processa diariamente 20 mil suínos e emprega mais de 2 mil pessoas do condado de Nobles.

“Conforme aprendemos mais sobre o coronavírus, fica claro que a doença é muito mais disseminada nos EUA e em nosso condado do que as estimativas oficiais indicam com base em testes limitados”, disse o presidente do negócio de carne suína da JBS nos EUA, Bob Krebs, em comunicado. A empresa não informou o número de trabalhadores infectados pela covid-19.

Além da unidade de Worthington, a JBS também mantém fechado o abatedouro de bovinos localizado em Greeley, no Colorado. Trata-se de uma das principais unidades da companhia nos EUA. O frigorífico, que se tornou um foco de contaminação entre funcionários, foi paralisado na semana passada. A previsão é que essa unidade volte a funcionar a partir de sexta-feira.

Apesar do vaivém de paralisações nos EUA, a JBS deve manter a solidez financeira e o nível de endividamento na “zona de conforto”, disse o vicepresidente de finanças e de relações com investidores da companhia, Guilherme Cavalcanti, na live transmitida pela XP.

Segundo ele, mesmo se o Ebitda da empresa recuasse 40% entre abril e dezembro, um cenário improvável, a alavancagem da JBS não romperia o patamar de 3 vezes. No ano passado, a companhia adotou uma política de endividamento que prevê a manutenção do índice de alavancagem entre 2 vezes e 3 vezes. Quando medido em dólar — mais de 85% do Ebitda da JBS é gerado na moeda americana —, o indicador estava em 2,13 vezes em dezembro.

Fonte: Valor Econômico.

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