As recentes chuvas intensas, que resultaram em alagamentos, enchentes e deslizamentos de terra no estado do Rio Grande do Sul, criaram condições propícias para a disseminação de doenças transmitidas pela água contaminada, entre as quais se destaca a leptospirose.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), até quinta-feira (23/5) foram confirmados 48 casos no estado após as enchentes, com o registro de duas mortes, uma no município de Venâncio Aires e outra na cidade de Travesseiro. Há ainda outros 454 suspeitos de contágio. As recomendações para a população rural ou urbana são de que aos primeiros sintomas da doença procurem atendimento médico.
“Embora os primeiros sintomas, como dor de cabeça e febre sejam comuns a outras doenças, as pessoas que tiveram em contato com agua e apresentarem esses sintomas, dor nas panturrilhas e falta de apetite precisam realmente procurar atendimento”, diz a veterinária Flávia Borges Fortes, coordenadora da comissão de saúde única do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS).
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS) divulgou nota alertando para o elevado risco de zoonoses, em especial a leptospirose nas áreas rurais, uma vez que animais silvestres, domésticos e de produção que estiveram em áreas úmidas ou alagadas podem ter contraído a doença.
“A forma grave da lepstopirose no animal pode provocar insuficiência renal e evoluir para uma doença crônica, que em última instância vai gerar problemas reprodutivos nos animais de produção”, explica a veterinária do CRMV.
Segundo Flávia, a vacinação é a maior ferramenta para evitar que a doença acometa os rebanhos. A vacina faz parte do calendário anual de vacinação de diversas espécies. A veterinária explica que a preocupação neste momento são os pequenos animais, que ficaram, por vezes, muito tempo na água. “Isso preocupa principalmente pelo contato muito próximo com as pessoas que estão acompanhando os abrigos”, diz.
Por isso ela recomenda que as pessoas que estão cuidando dos animais usem os equipamentos de proteção para fazer a higiene dos abrigos e manusear os animais. “Os abrigos começaram a se organizar para colocarem os animais que estão com enfermidade em zonas separadas”, diz.
Jeferson de Andrade, biólogo e pesquisador de Desenvolvimento de Produtos e Mercado da BASF, explica que os sintomas da doença nos humanos podem surgir de surgem de 1 a 30 dias após o contato com a bactéria, mas normalmente aparecem entre 5 a 14 dias.
“O grande problema da doença é que se a pessoa tem alguma lesão no corpo ela é a porta de entrada para a bactéria”, diz Andrade. Por isso, mesmo que o indivíduo não tenha tido contato com as águas das enchentes é importante que ele esteja protegido com luvas e botas no momento da limpeza das residências.
Usualmente em um cenário normal a lepstopirose pode ser considerada uma doença ocupacional de pessoas que lidam com limpeza urbana, em abatedouros, médicos veterinários e pessoas que costumam trabalhar em regiões alagadiças, mas as alterações climáticas que acabam provocando volumes muito grande de chuvas como estes registrados no estado favorecem a contaminação para toda a população”, diz Flávia.
As recomendações do CRMV/RS são para que a população mantenha animais de estimação protegidos. Se a residência tiver sido inundada é necessário remover a lama e desinfetar o local, sempre com uso de luvas e botas de borracha ou outro tipo de proteção, como sacos plásticos duplos. Roupas, calçados, objetos, móveis e paredes também devem ser lavados com sabão e água sanitária.
Fonte: Globo Rural.
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É seguro comer carne ou frango após a enchente?
Olá Enilce, obrigada pelo comentário! Confira aqui: https://beefpoint.com.br/e-seguro-comer-carne-apos-a-enchente/