Em uma moderna fábrica cercada por pastos próxima a Toowoomba, na Austrália, uma empresa pertencente a coreanos está transformando ossos de bovinos em um negócio multimilionário de exportação.
O “CJ Group” pode ser pouco conhecido fora da Coreia do Sul, mas no país, é uma corporação amplamente reconhecida, tão conhecida quanto marcas domésticas como Samsung, Hyundai e LG.
Originalmente conhecida como Cheil Jedang e já tendo sido a companhia matriz da Samsung até a gigante do setor de eletrônicos ser desmembrada em 1993, o CJ Group é hoje um importante conglomerado, com marcas líderes de mercado nos setores de alimentos, bio-farmacêutica, entretenimento, mídia e compras na Coreia. Em termos simples, o CJ Group foca em fornecer produtos que ajudam os consumidores a aproveitar a vida.
Os alimentos têm um espaço especial na cultura coreana e o gosto do país por caldos e sopas sabor carne bovina é onde as operações da divisão australiana da CJ Foods, a CJ Nutracon, ganhou relevância. Em uma fábrica construída propositadamente perto de Toowoomba há sete anos, a CJ Nutracon usa processos concebidos por ela mesma de cozimento e hidrólise de enzimas para converter ossos de bovino e carnes em uma série de caldos concentrados líquidos de carne bovina.
Uma grande proporção do extrato líquido de carne bovina da CJ Nutracon é exportada para sua companhia matriz, CJ Foods na Coreia do Sul, onde é combinado com ingredientes para processar um popular caldo de carne bovina em pó chamado “Dashida”, um dos realçadores de sabor de carne de maior venda disponíveis no mercado coreano.
A fábrica cresceu para se tornar uma líder global reconhecida na produção de caldos, exportando caldo de carne bovina verdadeira, extrato de ossos da perna e outros extratos de carne a clientes na China, em Taiwan e nos Estados Unidos, e também está buscando expandir sua gama de clientes dentro da Austrália.
A CJ Foods estabeleceu sua primeira planta de processamento de caldo de carne em Oklahoma nos Estados Unidos em 1998, mas decidiu realocar para a Austrália quando a detecção de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) fechou todas as exportações de carne bovina e produtos relacionados dos Estados Unidos em dezembro de 2003. A Austrália foi escolhida devido a seu ambiente puro e ao seu status de rebanho limpo, enquanto Toowoomba foi escolhida devido a sua proximidade com as plantas de processamento de gado no sudeste de Queensland e no norte de New South Wales, e à indústria de confinamento na região oriental da Austrália.
Os ossos de bois alimentados com grãos produzem um caldo de carne superior, de acordo com o diretor gerente da CJ Nutracon, Charles Lee, e são preferidos aos ossos dos animais alimentados a pasto, que tendem a produzir um sabor mais “amargo”.
Garantir uma quantidade confiável do produto cru é um dos desafios mais significantes da operação, mesmo em Darling Downs, onde a oferta de ossos de pernas de bovinos alimentados com grãos deveria ser abundante. A planta requer entre 3000 toneladas e 4000 toneladas de ossos de perna de bovinos por ano e estima-se que os maiores processadores do país produzem mais de 90.000 toneladas por ano (tanto de animais criados a pasto, como dos animais criados com grãos). Entretanto, os ossos podem ser difíceis de serem comprados com preços viáveis, porque a maioria dos abatedouros processa os ossos no local, colocando-os em cozimento no local para produzir farinha de carne e não os disponibilizam para venda separada.
As restrições na disponibilidade significam que a CJ Nutracon, apesar de ter pelo menos 10 plantas de processamento de gado dentro de um raio de 200 quilômetros de sua planta de produção em Toowoomba, atualmente busca a vasta maioria de seus requerimentos de ossos da perna da planta de processamento de Riverina, da Teys Cargill, em Wagga Wagga, no sul de New South Wales, a cerca de 1000 km de distância.
Após abrir sua planta de A$ 27 milhões (US$ 26,09 milhões) em 2007, que tem um laboratório no local com a última tecnologia e emprega 23 pessoas, a CJ Nutracon agora gera vendas de mais de A$ 15 milhões (US$ 14,49 milhões) anualmente.
No ano passado, a CJ Nutracon foi nomeada Exportadora Regional do Ano de Queensland no 2012 Queensland Premier’s Export Awards. “Ao fornecer uma oferta confiável de caldo de carne limpo, saudável e livre de doenças, a CJ Nutracon cresceu e se tornou uma das maiores produtoras globais de caldo de carne e ossos”, disse o membro da LNP para Toowoomba North, Trevor Watts, durante a conquista do prêmio da CJ Nutracon.
A reportagem é do Beefcentral.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
2 Comments
Achei superinteressante e curioso, ao mesmo tempo. Isto prova que “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Parabéns pela excelente matéria. Que venham outras e outras e outras…
Cordiais saudações,
Fernando J Almeida
fj2m.almeida@gmail.com
Considerando o baixo investimento para implantação de uma fábrica processadora,e o retorno certo,poderíamos disponibilizar aqui no Brasil uma subsidiária da detentora da tecnologia., afinal, possuímos o maior rebanho bovino do mundo.! – Gasta-se tanto dinheiro à toa…por que não implantar uma dessas em parceria Pública-Privada??