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Concluída primeira emissão de um título ‘verde’ por produtores

Duas empresas brasileiras são as protagonistas da emissão do primeiro título “verde” do mundo para financiamento da agricultura feita por produtores rurais com a certificação da Climate Bonds Initiative (CBI), organização britânica referência na comprovação de padrões sustentáveis para esses papéis. A operação de R$ 25 milhões, finalizada esta semana, foi estruturada pelo Grupo Ecoagro em favor da Rizoma Agro para custeio e investimentos de produção orgânica no interior paulista.

O valor foi captado por um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e será usado no cultivo de 1,2 mil hectares de milho, soja, feijão, aveia, grão-de-bico, limão tahiti, pecuária bovina e agrofloresta. Parte dos recursos será investida em irrigação e em uma fábrica de biofertilizantes.

Criada em 2018, a Rizoma é a maior produtora de grãos e leguminosas orgânicas do Brasil e atua também na área de pesquisa. Abastece grandes indústrias alimentícias, como Nestlé e Unilever, e exporta milho e soja produzidos sem pesticidas para Estados Unidos e Europa.

A produção na safra 2019/20 se aproximou de 8 mil toneladas e o faturamento bruto, após incrementos financeiros do título, deve chegar a R$ 27 milhões. À frente, a empresa criada pelo empresário Pedro Paulo Diniz tem como principal projeto expandir a área irrigada de 44 para 550 hectares. Os cultivos regenerativos da Rizoma retiram da atmosfera 48 toneladas de carbono por hectare por ano, aumentam a biodiversidade e otimizam o ciclo das águas em terras agrícolas, segundo o sócio e co-fundador Fábio Sakamoto.

Antes baseada na criação de um fundo de investimentos, a estratégia de ganhar escala foi adaptada para captação por títulos e o potencial de expansão revisado para 350 mil hectares em dez anos. O plano é puxado pela demanda mundial crescente por produtos orgânicos premium, como hambúrgueres vegetais e ração animal.

A coordenadora do Programa de Agricultura da CBI no país, Leisa Souza, disse que a emissão é um marco e prova o potencial do agro brasileiro com títulos verdes, estimado em R$ 700 bilhões em dez anos. Segundo ela, muita coisa já está “pronta” no país devido à legislação ambiental rígida e às tecnologias utilizadas no campo desde a década de 1980, como o plantio direto.

“Captamos o dinheiro em 40 minutos. É algo que vai abrir uma nova porta para o mercado de capitais”, destacou o CEO da Ecoagro, Moacir Teixeira. O ponta-pé da estruturação da emissão foi em junho e a oferta foi encerrada na última terça-feira.

Para estruturar a operação, a Rizoma emitiu uma Cédula de Produto Rural (CPR) em favor da Ecoagro com o penhor de safra como garantia. Com lastro nesse título, a securitizadora emitiu um CRA, comprado por investidores profissionais. Os recursos integralizados serão usados pela Ecoagro para pagar a CPR da Rizoma, que usará o dinheiro para financiar a safra e fazer os investimentos ao longo de sete anos.

A produção é vendida para indústrias alimentícias aprovadas pela Ecoagro, que depositam os valores referentes a essa compra diretamente na conta vinculada ao CRA. Com esses novos recursos, a securitizadora amortiza juros e o principal dos investidores. A rentabilidade será de IPCA mais 7% ao ano para investidores da série sênior (R$ 20 milhões) e IPCA mais 9% para investidores subordinados (R$ 5 milhões).

Teixeira agora quer criar um fundo verde de investimentos para agricultura regenerativa focado na compra de terras de pastagens degradadas para conversão em produção orgânica. “Vai haver um efeito multiplicador e valorização das áreas”, contou.

Fonte: Valor Econômico.

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