Com um rebanho de matrizes inferior ao brasileiro, os EUA conseguem produzir mais carne. Isso se deve aos bons índices produtivos do rebanho norte-americano. Para conhecermos um pouco mais sobre o sistema de cria de bovinos, Skip Nyman, pecuarista da região noroeste dos EUA nos conta um pouco sobre sua produção.
A propriedade de Skip Nyman fica na cidade de Crane, região leste do estado de Oregon, EUA. Assim como a maioria dos pecuaristas da região, Skip Nyman se dedica à venda de bezerros após o desmame, o estado de Oregon é conhecido como um grande produtor de bezerros, sendo que a venda é realizada normalmente para fazendeiros da Califórnia e Idaho, os quais fazem a recria a pasto (cerca de 3 meses) e depois os animais são enviados para a terminação em confinamentos.
Rodrigo Araújo de Souza e Skip Nyman
Rebanho cruza Angus x Hereford
Skip nos conta que os animais de sua fazenda são cruzas Angus x Hereford, animal típico da região e que a estação de parição é fevereiro/março (final do inverno) com a desmama sendo feita quando os animais atingem cerca de 9 – 10 meses, o peso médio de desmama é de 200 kg. O manejo dos animais é bastante simples, ele faz um bom controle do rebanho, sendo todos os animais identificados e os machos castrados logo na primeira semana de vida.
Após a desmama todos os bezerros são vendidos, ficando apenas parte das fêmeas para a reposição. A taxa de reposição de seu rebanho é de 20-25%, dependendo do ano, as vacas são retiradas do rebanho devido a idade, temperamento e produtividade.
As novilhas são inseminadas aos 24 meses com sêmen de touros Angus avaliados por programas de melhoramento genético. Skip utiliza como critério a diferença esperada de progênie (DEPs) para peso ao nascimento, facilidade ao parto e produção leiteira. Com a inseminação artificial ele consegue uma taxa de prenhez de 70-75%. Entre as bezerras nascidas de inseminação artificial ele seleciona as melhores, através de conformação e temperamento, para repor o seu rebanho. Nas vacas é utilizado monta natural com touros da raça Hereford.
O sistema de produção é relativamente simples, no período de abril até novembro as vacas ficam em pastos nativos da sua propriedade, ele utiliza o sistema rotacionado porém não é realizada nenhuma fertilização da área, ele explica que no estado de Oregon exitem duas alternativas para este período do ano: “Podemos enviar os nossos animais para áreas do governo (pagando um aluguel) ou mantê-los em nossas fazendas, dependendo do tamanho de cada propriedade. No meu caso, mantenho os animais comigo”. Nestas áreas de pastagem a taxa de lotação é muito baixa, cerca de 0,27 unidades animal (UA) por hectare, ele justifica essa taxa de lotação pelo baixo custo da terra e impossibilidade de mecanização da área devido ao relevo muito acidentado.
Durante o verão, Skip aproveita para produzir feno de alfafa, o qual utiliza no período do inverno para suplementar as vacas, esse feno possui cerca de 15-20% de proteína bruta sendo utilizado principalmente no final da gestação e no pós-parto. Os campos de alfafa são irrigados e produzem anualmente 12,35 toneladas por hectare distribuídos em 3 cortes. Além disso ele também produz feno de “meadow foxtail” após o último corte de alfafa, porém ele diz que este é de pior qualidade e só é oferecido aos animais logo no início do inverno, quando ainda estão no meio da gestação.
O maior desafio de Skip em sua propriedade é manter a atividade rentável. Os custos de produção são elevados e os preços de venda dos animais variam muito. “Agora estamos em um bom momento, os preços estão bons, porém logo vão baixar”.
De forma geral o sistema de produção do Skip Nyman é simples, sendo o maior diferencial o controle do rebanho e a busca por produtividade, renovando todo o seu rebanho a cada 4 ou 5 anos, sendo a maior preocupação a qualidade das novilhas que entraram para repor as matrizes.
A grande vantagem da fazenda do Skip é a sua produção de feno de alfafa, a qual proporciona um alimento com cerca de 18% de proteína bruta e permite que as vacas passem a fase mais exigente da sua produção (final da gestação e lactação) durante o inverno, que durante a noite chega até a -20 °C.
_________________
A entrevista foi realizada por Rodrigo Araujo, que mora nos EUA atualmente.