Os benefícios e oportunidades de criar carne bovina in vitro, fora do animal, foi tópico de interesse de centenas de participantes da reunião anual e exposição de alimentos do Institute of Food Technologists (IFT), realizada em Chicago. Em sua apresentação em 12 de julho, o presidente de fisiologia e vice-reitor de tecnologia biomédica da Universidade Maastricht, na Holanda, Mark Post, explorou as possibilidades e o progresso que foram feitos pela criação da chamada carne “de proveta”. Post virou manchete de jornais e revistas em 2013, quando fez a primeira degustação pública do hambúrguer produzido em laboratório, que custou mais de US$ 300.000 para criar. O objetivo da pesquisa é descobrir alternativas para criar carne bovina à medida que a população mundial continua crescendo, mais sociedades se tornam mais afluentes e demandam mais carne bovina, com crescentes preocupações referentes aos impactos ambientais e bem-estar animal associadas com a criação de gado.
“Somos uma espécie designada a adorar carne”, disse Post, e o papel da carne na evolução da humanidade tem sido constante.
O programa financiado pelo governo holandês designado a investigar carne in vitro chamou a atenção de Post em 2008, após esse ter sido o foco de pesquisa de Willem van Eelen, que ficou doente aos 80 anos. Post entrou em cena e assumiu a supervisão dos estudantes de doutorado que trabalhavam com Eelen na época e continuou a pesquisa após seu financiamento ter terminado em 2010. O financiamento de parceiros privados manteve o projeto em andamento à medida que Post se esforçou para criar um produto de carne derivado de células tronco de vacas.
Em 2000, os pesquisadores descobriram que as células de músculos de animais continham células tronco ou “células satélite que estão lá esperando para reparar músculos em caso de lesão”, disse Post, ilustrando isso com um slide de uma visão microscópica dessas células.
Permitindo que a proteína criada pelas células tronco crescessem por três semanas, os pesquisadores descobriram que ela produz uma fibra muscular que é microscopicamente idêntica ao bife de músculo disponível na maioria dos supermercados. A produção de mais de 10.000 dessas fibras e as combinando é possível criar um hambúrguer, embora esse seja totalmente sem gordura.
Após fazer a cultura de 30 bilhões dessas células, um simples hambúrguer foi criado usando o método e Post realizou uma degustação pública em 2013. Durante o que Post chamou de híbrido de um show de culinária e uma conferência de imprensa, o hambúrguer foi apresentado em Londres.
Os degustadores disseram que o produto era “reconhecidamente carne bovina”, que a textura era fina e que o sabor era mais ou menos, disse Post, principalmente porque não continha gordura. Desde a degustação, Post e sua equipe vêm trabalhando para ajustar o processo de produção para resolver esses problemas. Um dos objetivos é fazer carne in vitro menos cara para produzir. As projeções baseadas em modelos ampliados do processo de cultura atualmente indicam que o custo pode ser de US$ 65 por quilo. Outro objetivo é tornar o processo internamente sustentável, que não é atualmente porque depende do soro vindo do sangue, que é derivado de vacas vivas. Por fim, o produto precisa parecer melhor uma carne tradicional, porque “somos espécies designadas a querer carne e não substitutos da carne. Ela precisa realmente imitar o produto real”.
Todos esses assuntos estão sendo trabalhados, disse Post, e serão o foco da firma que focará na oportunidades e questões de percepção referentes à carne bovina in vitro e possivelmente carne de outras espécies no futuro.
“Estamos na iminência de começar uma companhia para fazer essa ampliação e teremos uma ideia mais clara”, disse Post, que também disse que vê potencial para expandir a tecnologia de cultura de carne para permitir a criação de carnes de musculo em ambiente laboratorial.
Fonte: http://www.meatpoultry.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.