Dante Pazzanese: acreditem no conhecimento que é produzido nas universidades

O Prêmio BeefPoint – Edição Confinamento vai homenagear quem faz a diferença nos confinamentos do Brasil. Essa é uma iniciativa do BeefPoint, e tem a Assocon como parceira. A premiação será feita durante o Interconf 2013, evento da Assocon que acontecerá nos dias 9 a 12 de setembro de 2013, em Goiânia/GO e que o BeefPoint está fazendo a curadoria de conteúdo.

Para conhecer melhor os finalistas, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas que mostram o que eles têm feito para se destacar na pecuária de corte.

Confira abaixo a entrevista com Dante Pazzanese Lanna, um dos finalistas na categoria Nutrição em Confinamento.

Dante Pazzanese Lanna é professor do departamento de Zootecnia da Esalq (Mestrado pela Esalq/USP; Phd pela Cornell University). Adicionalmente, é diretor técnico da Assocon (Associação Nacional de Confinadores) e dono da marca DP e do Confinamento da Fazenda Santa Helena, localizada no Paraná/ PR. Sendo o confinamento três vezes ganhador do Prêmio Nelson Pineda.

BeefPoint: O que você considera mais importante em um confinamento de gado de corte?

Dante Pazzanese: A gestão. É fundamental uma gestão de qualidade, saber organizar e inspirar uma equipe, assim como cobrar metas. Muitas vezes projetos piores apresentam resultados melhores em função de boa gestão.

Em segundo lugar a qualidade do projeto. A localização e as instalações definem custos que sempre acompanharão o projeto. Projetos mal nascidos muitas vezes jamais conseguem ser reerguidos, mesmo com boa gestão.

Terceiro é acreditar nas análises técnicas. Parece óbvio dizer isto, mas muitas vezes até mesmo técnicos duvidam das suas análises técnicas e dos resultados de pesquisa, fazendo as suas interpretações (na verdade “acochambrações”), desviando do trabalho simples e baseado no conhecimento acumulado.

BeefPoint: Qual o maior desafio dos confinamentos no Brasil hoje?

Dante Pazzanese: Iniciar um projeto em local adequado, identificando viabilidade na aquisição de matéria-prima e determinando uma logística de venda com mercado confiável. Além do mais, montar uma equipe capaz de trabalhar focada em metas, capaz de enfrentar o trabalho repetitivo do confinamento sem deixar de estar sempre atenta aos detalhes é um grande desafio.

BeefPoint: Qual projeto de confinamento você teve contato ou implementou nestes últimos anos, que considera um case de sucesso? Por quê?

Dante Pazzanese: Nosso foco tem sido mais a pesquisa e na pós-graduação, mas são vários os confinamentos para os quais transferimos tecnologias e que apresentaram resultados muito bons. Alguns são de ex-alunos aqui da Esalq.

Obviamente é inegável que adoro poder auxiliar o confinamento do meu pai na Fazenda Santa Helena no Paraná, onde minha paixão pela atividade se iniciou ainda pequeno. Foi o terceiro ano em que ganhamos o Prêmio Nelson Pineda e o confinamento tem melhorado continuamente.

Outros exemplos de confinamentos com grande sucesso que tem interação com nosso laboratório incluem o Confinamento Santa Fé em Goiás da família Merola onde a inclusão de muita tecnologia tem sido sinônimo de excelentes resultados há anos. Este confinamento com mais de 50 mil cabeças é um exemplo entre vários que visitamos pelo Brasil.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Dante Pazzanese: Acredito que a elaboração e contínua atualização do software que desenvolvemos o RLM (ração de lucro máximo), é uma das coisas que mais resultados traz aos confinadores no Brasil inteiro. É uma ferramenta capaz de auxiliar desde o consultor até o financiador das operações.

Vamos trabalhar cada vez mais no desenvolvimento das novas versões do RLM 4.! E utilizando esta ferramenta transferir tecnologia nas áreas de nutrição e gestão e melhorar desempenho e baixar custos.

O uso integrado da informação é sem dúvida o maior desafio para o futuro. O desenvolvimento destes softwares visa este fim.

Vamos continuar desenvolvendo também os trabalhos com requerimentos mínimos de fibra para bovinos confinados. Este ano o trabalho conduzido por uma pós-doutoranda nossa, Mariana Caetano, trouxe excelentes resultados práticos, pois foi o primeiro ano que utilizamos os resultados destas pesquisas na formulação das dietas para muitos confinamentos.

Podemos citar outras ações que trouxeram excelentes resultados para os confinamentos individuais:

A) Aquisição de grãos e farelo nos momentos corretos. Identificação de canais de compra do gado com prêmios em relação ao preço commodities.

B) Investir em produção e processamento de parte dos grãos e volumosos com alta eficiência agronômica, alta produtividade e consequentemente baixo custo.

C) A formulação e inclusão de ingredientes e de aditivos de forma dinâmica, identificando continuamente oportunidades no mercado para alterar a dieta de forma a aumentar a margem.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E por quê?

Dante Pazzanese: Na verdade manter a metodologia de trabalho. Vamos apostar ainda mais no grão de alta umidade, uma tecnologia para a qual nós desenvolvemos um grande volume de pesquisa e que acredito será cada vez mais uma solução de sucesso para a pecuária intensiva nacional. Em 2013, vamos passar alguns meses na Universidade da Califórnia, ou seja, sempre há coisas novas para aprender e mudar.

BeefPoint: Qual mensagem gostaria de deixar para os confinadores no Brasil?

Dante Pazzanese: Trabalhem cada vez mais a gestão do seu confinamento. Não tenham medo de mudar a equipe e principalmente os líderes. Encontrem pessoas que amam o que fazem, que saibam trabalhar em equipe e que sejam capazes de liderar e inspirar seus colaboradores.

Acreditem na técnica e no bom conhecimento que é continuamente produzido nas universidades. Mas não se esqueçam do básico e que boas soluções são quase sempre as simples.

Confira a Programação do Interconf 2013

Lembramos que todos os finalistas do prêmio são convidados vip cortesia do Interconf 2013.