Fiscais da Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (Agenciarural) supervisionam, hoje, o abate de 59 garrotes apreendidos no domingo passado, em Terezina de Goiás, quando ingressavam irregularmente na área livre de febre aftosa, procedentes de Cavalcante, na zona-tampão. Segundo uma reportagem de Edimilson de Souza Lima, publicada hoje no jornal O Popular, os condutores dos animais foram surpreendidos quando, numa manobra para burlar a vigilância, tentavam passar com o rebanho a pé, por uma estrada vicinal a trás da barreira de fiscalização da localidade denominada Caiçara. Os animais pertencem ao pecuarista Aleci Jacundá e foram levado em dois caminhões para o frigorífico Brasfrigo, em Porangatu, onde serão abatidos.
O secretário da Agricultura, Leonardo Vilela, confirmou ontem a apreensão do gado e advertiu que a vigilância continuará rigorosa, apesar de que , hoje, a zona-tampão será declarada área livre de febre aftosa pelo ministro da Agricultura, Pratini de Moraes. De acordo com o secretário, a medida é um passo importante para a liberação definitiva de todo o território goiano, mas o trânsito de animais para a área livre só será permitido depois do reconhecimento do novo status da zona-tampão pela Organização Internacional de Epizootias (OIE).
Leonardo Vilela admite o desconforto pelo abate sanitário de animais, mas argumenta que o serviço de defesa não pode agir de outro modo, sob pena de perder a credibilidade perante a sociedade e o próprio produtor rural. “Não ignoramos as dificuldade enfrentadas pelos pecuaristas da zona-tampão, mas justamente por isso, não podemos permitir que a imprudência de uma ou outra pessoa coloque em risco um trabalho que já custou tanto sacrifício a todos”, pondera Leonardo Vilela, lembrando que o governo também já investiu milhões de reais na luta contra a febre aftosa.
Em princípio, todo gado apreendido transitando irregularmente da zona-tampão para a área livre é confiscado pela defesa animal, sem prejuízo de multas e outras penalidades prevista para o proprietário. Dependendo das condições sanitárias dos animais, a fiscalização pode optar por sacrificá-los e inutilizar as carcaças, ou abatê-los em frigorífico com inspeção federal, promovendo o seu aproveitamento econômico. Em qualquer dos casos, o proprietário só é indenizado se recorrer à Justiça e obtiver decisão favorável.
Ministro anuncia novas áreas livres
Os Estados de Mato Grosso do Sul e Tocantins e as zonas-tampão (cinturão de proteção das áreas livres) de Goiás, Mato Grosso e São Paulo serão declaradas hoje áreas livres da febre aftosa no País, com vacinação, pelo ministro da Agricultura, Pratini de Morais. Também serão declarados livres da doença, com vacinação, os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe e o leste de Minas Gerais, que formam o chamado Circuito Pecuário Leste.
Brucelose
No pacote com medidas para melhorar a sanidade dos rebanhos do País, o ministro da Agricultura também vai formalizar o início de uma campanha nacional para erradicar a tuberculose e a brucelose. A solenidade será seguida de almoço na sede da Embrapa, no qual serão servidos produtos que se destacam na pauta de exportações do agronegócio: carnes, frutas, café e cachaça.
Às 16 horas, o ministro Pratini de Moraes concederá uma entrevista coletiva na sede do Ministério da Agricultura, na qual irá detalhar as medidas anunciadas.
Com o reconhecimento oficial de livre da aftosa com vacinação no chamado Circuito Pecuário Leste, o governo dá mais um passo para ampliar o potencial das regiões exportadoras de carnes bovinas no País. Na semana passada, o Ministério da Agricultura já encaminhou ao Escritório Internacional de Epizootias (OIE), com sede em Paris, solicitação para que a organização que delibera sobre as questões de sanidade animal conceda o título de livre da aftosa com vacinação para os Estados do Leste. Caso o comitê veterinário do OIE aprove a documentação que embasa esse pedido, ele será analisado pela assembléia geral da instituição marcada para maio próximo.
O OIE já concedeu este reconhecimento aos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina – o governo agora está pleiteando o reconhecimento sem vacinação para esses dois Estados -, e para Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, noroeste do Paraná, sudoeste do Tocantins e Distrito Federal, que integram o Circuito Pecuário Centro-Oeste.
Ficam faltando ainda as regiões Norte e Nordeste do País. Com relação à erradicação da peste suína clássica, a expectativa do governo é a de que a medida propicie o aumento das exportações de carne suína, especialmente para os países do Leste Europeu. As vendas para a Rússia já foram iniciadas no final do ano passado.
Por Edimilson de Souza Lima, para O Popular/GO, 10/01/01