O transporte de animais foi uma das áreas que mais apresentou problemas no ano passado em Goiás, segundo levantamento das atividades da Diretoria de Defesa Agropecuária, da Agência Rural. É o que informa reportagem de Ana Flávia Pereira, publicada no jornal O Popular. A retirada de bovinos em pé de municípios situados na zona-tampão da febre aftosa e outras irregularidades, como falta de certificado de trânsito e de exames sanitários obrigatórios (aftosa, brucelose, tuberculose, anemia infecciosa eqüina), geraram aproximadamente 600 autuações.
Os abates sanitários realizados foram cerca de 1.200, principalmente nas regiões Nordeste e Norte do Estado, sobretudo na regional de Porangatu.De acordo com o chefe do Departamento de Sanidade Animal da Agência Rural, Ítalo Roberto Rizzo Esselin, os números não chegam a surpreender, considerando o elevado efetivo bovino do rebanho goiano. No fim do ano, explica ele, a iminência de acabar com a zona-tampão também fez diminuir a ocorrência de problemas.
No âmbito das indústrias e no transporte de produtos de origem animal, o volume maior de apreensões foi de lácteos. Durante o ano foram inutilizados quase 25.500 quilos de queijo, 13.500 litros de leite e mais de 500 litros de iogurte. No caso dos queijos, a maioria das apreensões foi de clandestinos em trânsito. Condições inadequadas de transporte, produtos contaminados e adulterados com adição de substâncias não permitidas também foram verificados.
Quanto ao leite, as irregularidades foram mais comuns na indústria. De acordo com a médica veterinária Simone Martins, do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Agência Rural, no período de estiagem a menor oferta de leite e os preços mais altos estimulam a adulteração do produto, para aumentar o volume. Já as apreensões de iogurte ocorreram principalmente em fábricas clandestinas.
Os dados mostram também que, das indústrias de lácteos interditadas em 2000 no Estado, 18 ainda não voltaram a funcionar. Somente nos primeiros dias deste ano, outros 3 laticínios foram interditados por problemas no funcionamento e nos produtos.
A carne bovina, caprina e suína apreendida pelos fiscais da Agência Rural não chegou a 4 mil quilos. Conforme Simone, praticamente todo esse volume era oriundo de abates clandestinos e sofreu confisco quando era transportada. Nos abatedouros clandestinos, diz a fiscal, quase sempre os animais são encontrados ainda vivos e por isso não há apreensões, apenas punição para os infratores. Ela explica que as ações de fiscalização são realizadas em conjunto pela Agência Rural, a Vigilância Sanitária Estadual e dos municípios. Entretanto, as apreensões no comércio são de responsabilidade exclusiva da Vigilância Sanitária.
Para garantir melhor qualidade da carne proveniente de frigoríficos e matadouros que fazem comercialização intermunicipal, a Agência Rural passou a exigir a presença de um médico veterinário do serviço oficial de fiscalização em cada uma das unidades. Atualmente, 18 já se regularizaram e 6 estão em fase de adaptação.
O maior número de apreensões ocorreu no entorno de Goiânia. Simone atribui o fato à maior concentração de indústrias, ao mercado mais amplo e aos melhores preços, que funcionam como atrativo para os produtos clandestinos. Mas, de maneira geral, em todo o Estado as irregularidades na fabricação e no transporte de produtos de origem animal estão diminuindo, avalia. Ela ressalta que, embora o número de fiscais disponíveis ainda não seja o ideal (em torno de 500 na fiscalização de trânsito de animais e 80 na inspeção de produtos), o trabalho tem se intensificado a cada ano.
Por Ana Flávia Pereira, para O Popular/GO