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Descrição de sistema intensivo de produção de carne em Pivot Central

Marcelo de Queiroz Manella1 e Celso Boin2

A intensificação da pecuária está geralmente atrelada a grandes investimentos. Porém, quando estas técnicas são aplicadas de modo correto, o retorno sobre o capital investido vem de forma rápida. Nos últimos anos, com tendência de estabilização dos preços da arroba, técnicos e produtores têm se entusiasmado com a técnica de irrigação de pastagens e uso de Pivot Central, para tentar manter a oferta de forragem nos pastos uniforme ao longo do ano. A experiência relatada aqui tem um avanço em relação à postura inicial de que seria possível ajustar o crescimento e, portanto, a disponibilidade de forragem uniforme ao longo do ano usando somente uma espécie de forrageira. Além de suplementação, inclui o uso de forrageiras de inverno no sistema.

Menk (2000) descreve um modelo de terminação de bovinos em sistemas de Pivot Central implantado em uma fazenda no estado de São Paulo. A propriedade consta com uma área de 530 ha de pastagens, sendo que deste total 180ha são de pastos irrigados. As áreas de sequeiro são formadas por capim Tanzânia (64%), Brachiaria brizantha (24%) e Tifton (10%).

A área irrigada é totalmente formada por capim Tanzânia. Por volta da segunda quinzena de maio, são efetuadas as semeaduras diretas de aveia e de azevém, para suprir o baixo crescimento do Tanzânia irrigado no final de outono e inverno (problemas ligados a temperatura e a foto período). No período das secas todo o rebanho recebe suplementação energética e protéica, que segundo Menk (2000), compensa a diminuição quantitativa e qualitativa das forragens.

O programa de adubação das pastagens baseia-se em avaliação periódica do solo e das forragens. A adubação nitrogenada das áreas de sequeiro é parcelada durante o período das águas, enquanto que a da área irrigada é maior e distribuída durante o ano. São também realizadas adubações na semeadura de inverno.

A intensificação do sistema de produção teve por objetivo conseguir uma linearidade no processo de engorda, visando obter vendas mensais, e conseqüentemente melhor fluxo e maior giro de capital. No quadro 1 estão detalhas as atividades de compra e venda dos animais ao longo do ano, bem como os dados de utilização do Pivot durante o verão propicia maior aproveitamento do potencial das forragens, pois permite a melhor eficiência na utilização do adubo aplicado. Ainda segundo o autor, no período das secas, que coincide com a maior utilização, permite a melhor qualidade das pastagens, além de otimizar o desenvolvimento das forrageiras de inverno semeadas neste período.

Para entrarem no sistema, os animais são criteriosamente selecionados, baseando-se no peso e características de carcaça. O peso mínimo para os animais entrarem no sistema é de 330 kg. Durante os 120 dias os animais permanecem nas áreas de sequeiro em sistema de pastejo rotacionado, com pesagens freqüentes. Nesta fase 8 lotes fazem a rotação, sendo 6 dias de ocupação e 30 de descanso.

Ao final do período, e com peso mínimo de 400kg, os animais são “promovidos” para as pastagens irrigadas, permanecendo em sistema de rotatividade nos pastos por 60 dias. Este sistema compõe-se de 4 lotes, onde o período de ocupação dura em torno de 4 dias e o de descanso 32 dias. Esta fase é a de terminação, sendo os animais enviados para abate no final desse período.

Quadro 1

Quadro 1

Fonte: Adaptado Menk (2000)
Comp: Compra dos animais, e entrada no sistema de produção
Pro: Entrada dos animais no sistema irrigado
Vend: venda dos animais para abate
* vezes em que foi usado no mês; média de 3 anos (97, 98, 99)

O custo de utilização do Pivot, onde se contabiliza despesas de manutenção e energia elétrica para o funcionamento do equipamento é de R$ 19,07/mês/ha. A fazenda apresenta em média a taxa de lotação de 4,24UA/ha, com cerca de 2500 cabeças, possibilitando o abate anual de cerca de 5000 cabeças. Ou seja, a cada seis meses há renovação completa do rebanho.

Se tomarmos como base o peso de entrada dos animais no sistema, e o peso final de cerca de 460 kg, e um período médio de 180 dias de permanência no sistema, o ganho médio estimado é de cerca de 0,720 kg/animal/dia, sendo que na fase de terminação os ganhos parecem chegar a 1kg/animal/dia. Ao analisarmos a rentabilidade mensal, considerando o preço médio da @ de R$ 40,00, e o abate médio de 417 animais/mês pesando 16 arrobas, a receita bruta mensal do sistema é de R$ 267 mil. Enquanto que os gastos médios mensais com o Pivot são de aproximadamente R$ 14.930,00 (manutenção e energia elétrica). Porém, ainda deve-se considerar os cursos com adubação, medicamente, sal mineral, ração e mão de obra, os quais não foram detalhados pelo autor.

Comentário BeefPoint: A implantação de sistema de irrigação de uma propriedade eleva consideravelmente os custos de produção, sem contar o alto investimento para aquisição do equipamento, porém permite maior giro de capital. Informações confiáveis para uma avaliação mais detalhada sobre as vantagens econômicas e técnicas da utilização de irrigação de pastagens são ainda raras. Entretanto, passado o entusiasmo descabido e o radicalismo inicial comum quando se tenta introduzir novas tecnologias, o assunto está começando a ser tratado com mais realismo e racionalidade. Os resultados, como esperado, não são aqueles inicialmente divulgados com base em simulações feitas precariamente, mas, apesar da crise energética, existem pontos positivos a serem explorados com irrigação de pastagens.

Referência:

Menk, A., 2000. Terminação de Novilhos em Pivot Central. Anais do Simpósio Nelore 2000, p. 21.

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1Doutorando em Ciência Animal e Pastagem, Departamento de Produção Animal, ESALQ-USP
2Eng. Agr., PhD, Prof. Convidado,ESALQ/USP, Consultor

0 Comments

  1. paulo bina disse:

    DEVEMOS IRRIGAR QUANDO A EVAPORAÇÃO FOR MAIOR QUE A PRECIPITAÇÃO, A LUZ E A TEMPERATURA NÃO VARIAREM MUITO, E O SOLO SEJA PROFUNDO E NÃO COMPACTADO. ABRAÇO