Disposta a vender a imagem do Brasil como um destino interessante para os recursos dos investidores estrangeiros, a presidente Dilma Rousseff usou seu discurso de cerca de 30 minutos no Fórum Econômico Mundial, em Davos, para destacar a força e a estabilidade da economia brasileira.
Dilma começou sua fala mencionando os desafios que a economia mundial precisa superar para voltar a crescer, passados cinco anos do início da crise financeira mundial. Em seguida, destacou a estabilidade da economia brasileira e do real, além de reforçar o compromisso do governo em conter a inflação.
“A estabilidade da moeda é hoje um valor central do nosso país, da nossa nação” afirmou a presidente.
No âmbito fiscal, salientou que o Brasil tem um dos menores níveis de endividamentos públicos do mundo e reiterou que o país buscará cumprir as metas de superávit primário em todos os níveis de governo. Dilma ressaltou também a solidez do sistema financeiro nacional, composto por bancos públicos e privados.
A presidente mencionou também que o Brasil tem uma forte linha de defesa contra especuladores externos, formada pelo sistema de flutuação cambial, bom nível de reservas em dólares e grande fluxo de investimentos externos.
Dilma defendeu ainda o Brasil como um porto seguro e atrativo para investidores de outros países. Para sustentar seu argumento, lembrou das concessões de aeroportos, estradas e do pré-sal, realizadas no ano passado, e destacou os leilões de ferrovias e portos que devem ocorrer neste ano.
O Brasil é hoje é uma das mais amplas fronteiras de oportunidade de negócios. Nosso sucesso nos próximos anos estará associado à parceria com os investidores do Brasil e de todo mundo. Sempre recebemos bem o investimento externo – disse.
Ao final de seu discurso, Dilma lembrou que o Brasil é o país do futebol que, por isso, fará a “Copa das Copas.”
Alguns membros da plateia ouvidos pela BBC Brasil logo após o discurso elogiaram a fala, mas manifestaram preocupação com pontos específicos como o ambiente de negócios ou o controle de gastos públicos. Muitos também disseram que esperam agora ver se o governo cumprirá com os compromissos manifestados pela presidente.
“A presidente manifestou otimismo e disse o que esperávamos ouvir”, observou Veli-Matti Reinikkala, presidente do setor de automação de processos da multinacional ABB. Ele reclamou, porém, dos atrasos em projetos públicos de infraestrutura.
Um representante de uma multinacional concessionária de serviço público no Brasil, que pediu para não ser identificado, disse que a plateia não esperava anúncios de grandes mudanças de política, mas simplesmente uma clareza no compromisso do governo com a estabilidade monetária e financeira. Para ele, no entanto, é preciso esperar para ver se isso ocorrerá na prática.
Para Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do banco Bradesco, o discurso de Dilma “foi claro e atendeu às expectativas”. Porém ele observou: “Foi um discurso de conteúdo protocolar, político”. “O Fórum não seria o local para o anúncio da alteração de diretrizes”, disse.
Fonte: Jornal Zero Hora e BBC Brasil, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.