Segundo reportagem de Cíntia Végas, publicada hoje no Paraná Online, apesar de a Secretaria de Estado da Agricultura (Seab), através de seu setor de sanidade animal, garantir que os criadores brasileiros não utilizam farinha feita de carne e ossos (responsável pela transmissão do mal da vaca louca), na alimentação de seus rebanhos de ovinos, analistas do Ministério da Agricultura acreditam que a descoberta de focos do vírus “scrapie” (mal da roda) em três ovinos do município de Candoi, na região de Guarapuava, no Paraná, pode prejudicar as exportações brasileiras de carne bovina. Eles acreditam que o fator psicológico possa influenciar na decisão.
Segundo o coordenador da Área de Sanidade Animal da Secretaria de Estado da Agricultura, Felisberto Queiroz Batista, o fato de três ovelhas contaminadas pelo “scrapie” terem surgido no Paraná, não está ligado a falhas no setor de fiscalização do Estado. “O problema só foi detectado porque temos um serviço de fiscalização eficiente, que agiu de forma correta abatendo os ovinos contaminados e os demais animais que conviviam com eles”, declara.
Ele explica que o “scrapie” é transmitido de ovino para ovino no momento do parto. “Eliminamos os animais que não estavam contaminados – foram abatidos 290 exemplares – porque eles poderiam ter tido contato com o líquido amniótico ou com ovinos recém-nascidos contaminados”, explica. “Os criadores e parceiros comerciais do Brasil não devem se preocupar. O problema ocorreu em local isolado e não há riscos de epidemias”. Os animais doentes teriam sido importados dos Estados Unidos e do Canadá, onde o problema é bastante comum.
Farelo
O uso de farelo animal na alimentação do gado bovino foi proibido pelo governo brasileiro. No País, os criadores preferem dar aos animais farelo de soja ou de amendoim, que possuem menor valor financeiro. Segundo o Ministério, o Brasil tem 160 milhões de bovinos, sendo que apenas 6 milhões de cabeças são alimentadas em cochos, isto é, com ração.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) estimou, no início deste ano, que cerca de 750 mil toneladas de carne bovina, com receita cambial de US$ 1 bilhão, seriam exportadas pelo Brasil até o começo de 2002. A expectativa era que o produto fosse vendido para países que eram tradicionais compradores da Europa, continente bastante afetado pelo mal da vaca louca. De acordo com a Abiec, a Europa, no decorrer deste ano, deveria deixar de exportar 600 mil toneladas de carne bovina devido à doença.
Por Cíntia Végas, para Paraná Online, 19/01/01