Caio Junqueira Filho
Na antiguidade, os instrumentos utilizados pelas atividades econômicas eram simples. As panes eram freqüentes, porém os reparos não exigiam técnicos. Uma falha num setor não exercia impacto noutro.
Nestes tempos modernos, o acesso e a velocidade de circulação da informação, gerados pela globalização e informática, via internet, interligaram as atividades econômicas. Os instrumentos que hoje utilizamos são complexos. Qualquer pane pode ser catastrófica e trazer conseqüências de longo alcance. Há de se estar atento às falhas e erros.
A administração da moderna agropecuária tornou-se tema importante, pois transcende as porteiras das fazendas.
A necessidade de se estar plugado nas informações internas e externas às propriedades, induz a transformação do produtor rural em empresário, que como tal, assume riscos, diferenciando-o dos burocratas que se caracterizam por não assumi-los.
O “risco” é a idéia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o passado. É a noção de que o futuro é mais que um capricho dos deuses e que o homem não é passivo ante a natureza. Até se descobrir como transpor essa fronteira, o futuro era um mero espelho do passado.
Os mercados futuros de commodities agropecuárias são um exemplo de como tentar prever o futuro. São mercados onde poupadores diversificam seus riscos e produtores fixam seus lucros.
A Bolsa de Mercadorias e Futuros, disponibiliza aos pecuaristas o mercado futuro de boi gordo. Nele o produtor tem o preço futuro da @ de boi gordo para qualquer mês do ano. Por exemplo: um pecuarista que planeja um confinamento, tendo o preço de compra dos animais a confinar e sabendo o custo da engorda, chega ao valo de custo da @ de boi gordo para a época prevista para o abate. Através do pregão diário da BM&F, consultando uma corretora credenciada, faz-se uma venda futura (hedge), com vencimento na data prevista para o abate, podendo fixar o seu lucro de antemão, evitando prejuízos. Daí em diante, todos os dias tem-se o ajuste, que é a diferença entre o preço de fechamento do dia em relação ao dia anterior. Este ajuste deverá ser pago ou recebido. Se o preço subir, paga-se a diferença. Se cair, recebe-se a diferença. Nota-se que após o fechamento, o preço fixado passa a não ter mais importância. O que interessa é a diferença em relação ao dia anterior. No final do contrato, o saldo dos ajustes diários, somado ao preço de mercado que o produtor vendeu seus bois, equivale ao preço fixado no contrato futuro. Portanto, o que se negocia na BM&F são os ajustes. Os bois são negociados pelo pecuarista nos frigoríficos de costume. Não é necessária a entrega da boiada via BM&F. Desta forma, o pecuarista antes de engordar seus bois, tem fixado o preço de venda, calcula seu lucro, analisa a rentabilidade e exerce o domínio do risco que a atividade proporciona.
Administrar “risco”, juntamente com o fascínio de correr “risco”, fazendo opções ousadas, são o combustível que impulsiona o sistema econômico moderno.
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Nos dias de hoje a Fazenda deve ser entendida como uma Empresa, pois coloca indiretamente no mercado produtos valorosos e necessários para a população.
Aquela antiga visão do pecuarista tradicional que vende sua carne para o açougue próximo a ele deve ser abolida.
A cada dia, um novo empresário do meio urbano investe no setor rural em busca de lucratividade, diversidade em sua produção. Esses novos criadores possuem metas, objetivos claros, perfil empreendedor e vão querer extrair ao máximo o potencial de uma produção.
Arriscam-se e investem, pois somente assim o retorno poderá surgir.