O BeefPoint já publicou diversos artigos apresentando casos de sucesso e experiências com cruzamentos de bovinos de corte, mas hoje, optamos por reunir uma série de opiniões de profissionais ligados ao setor do melhoramento genético, professores e produtores para discutirem a seguinte questão: Cruzamento entre bovinos europeus x continentais será que essa é uma tendência que veio pra ficar?
Por Caio Tristão
Sempre que vem à tona o assunto genética é importante falar de ambiente no sentido mais amplo da palavra, ou seja, salientar o clima, a nutrição e a sanidade aos quais os animais estão submetidos.
Assim sendo, como é de conhecimento amplo, um animal 100% taurino tem limitações para expressar seu melhor desempenho fora das regiões mais temperadas, como o caso do Sul e parte do Sudeste.
Pensando em produção de carne em escala, noto que uma aplicação direta destes animais advindos do cruzamento entre taurinos britânicos e continentais, seria no cruzamento com nossas matrizes zebuínas, via inseminação artificial.
Além do mais, as demandas que levam à combinação de sangue britânico e continental num único animal seriam:
- Trabalho para baixos valores fenotípicos para peso ao nascer,
- Continuidade na seleção para precocidade de terminação,
- Produção de carcaças mais pesadas, sem perda de desempenho, mantendo bons níveis de acabamento e marmoreio,
- Ainda assim, teríamos como benefício indireto, a manutenção do caráter mocho.
O mercado vem sinalizando alguma procura por este material. No ano de 2013, a Semex pode atender, importando, de forma direcionada, sêmen de touros Limousin Preto, para clientes que tinham as demandas descritas, enquanto que para 2014 já temos demanda a ser atendida por Simental Preto.
Seguindo a máxima do cruzamento industrial, que é tirar o máximo proveito da heterose, é bom poder contar com reprodutores “taurinos” potencializados, como estes combinados de britânico e continental, para a produção de carne.”
2 Comments
Caríssimo Caio,
Parabéns por sua análise como sempre realista e equilibrada.
Sem dúvidas há inúmeras formas de se atender, de maneira séria, consciente e responsável, a demanda da cadeia produtiva da carne, assim como tem orientado seus trabalhos.
Como conversamos há algum tempo – e concordamos -, para o início de qualquer seleção, seja para a raça pura, seja para a produção de animais voltados à terminação, deve-se prezar pela intensidade de seleção dos indivíduos. Assim, em parte, deixando de lado os rótulos genéricos atribuídos, tanto a raças, quanto a indivíduos, para que sejam atingidos os melhores resultados de ganho genético.
Ainda: a utilização de reprodutores híbridos é algo sobre o que devemos refletir, inclusive olhando para os exemplos que nos são mais próximos, como Argentina, Uruguai e Estados Unidos.
Novamente parabéns e conte conosco!
Compartilho sua visão de mercado.
Principalmente no que tange a escala de produção – para cujo atendimento, invariavelmente, é necessária a composição de raças taurinas com a base zebuína absolutamente instalada no país. Assim, somando-se as caraterísticas de cada qual, na busca um produto final eficiente e adequado a cada mercado.