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Efeitos da suplementação de cobre no metabolismo de lipídios, fermentação ruminal e desempenho de bovinos em terminação

Os estudos da suplementação de cobre para animais domésticos mostram alguns aspectos interessantes em relação à deposição de lipídios e ganho de peso. O fornecimento de altas doses de cobre (250 mg Cu/Kg de matéria seca-MS) nas dietas de frangos de corte, levou à diminuição da concentração de colesterol no plasma e na musculatura do peito (Pesti e Bakali, 1996, citados por Engle e Spears 2000). Em suínos, observou-se diminuição da gordura de cobertura e de ácidos graxos saturados, e aumento de ácidos graxos insaturados (Engle e Spears, 2000). Algumas pesquisas sugerem que a suplementação dietética de cobre em níveis fisiológicos afeta o metabolismo de lipídios dos ruminantes.

Segundo Engle et al. (2000), a suplementação de cobre para bovinos em crescimento e terminação nas doses de 20 e 40 mg/kg MS (2 e 4 vezes a recomendação do NRC), levou à diminuição da gordura de cobertura e da concentração de colesterol, sem alterar o marmoreio, aumentando a porcentagem de ácidos graxos polinsaturados. A suplementação de cobre em altas doses e por longos períodos leva à diminuição da ingestão de matéria seca, ganho de peso e conversão alimentar. Isso provavelmente está ligado a alterações na fermentação ruminal, em virtude da fonte do mineral utilizada ou das altas concentrações dietéticas do mineral.

Engle e Spears (2000) avaliaram 60 animais da raça Angus divididos em três tratamentos: controle (sem suplementação de cobre), 10 mg Cu/Kg MS e 20 mg Cu/Kg MS, sendo a fonte de cobre o CuSO 4. Os tratamentos foram escolhidos para avaliação da dose sugerida pelo NRC (1996) e o seu dobro, 10 e 20 mg/Kg MS, respectivamente. Os animais foram mantidos em confinamento, com ração com alto nível de concentrado (tabela 1), e foram alimentados individualmente através de portões automáticos. A ração basal apresentava 4,9 mg Cu/Kg MS, 51 mg Zn/Kg MS, 57.9 mg Fe/Kg MS e 0.38 mg Mo/Kg MS.

Tabela 1. Ingredientes da dieta basal

Tabela 1

Foram feitas coletas de líquido ruminal para avaliação das concentrações de Cu e ácidos graxos voláteis e de sangue para medidas de Cu e colesterol.
O ganho de peso e a conversão alimentar não foram afetados pelos diferentes tratamentos (tabela 2). As concentrações de Cu no líquido ruminal e no plasma foram maiores para os animais suplementados em relação aos animais não suplementados (tabela 3). Não houve alteração nos níveis de ácidos graxos voláteis e pH no líquido ruminal, mostrando não haver alteração na fermentação ruminal devido ao aumento da concentração de cobre.

Tabela 2. Ganho de peso e conversão alimentar

Tabela 2

Os níveis de colesterol no plasma não foram afetados nos primeiros 28 dias, sendo menores nos dias 56 e 84 para os animais suplementados (tabela 4). No músculo as concentrações de cobre e lipídios não foram afetadas, porém houve diminuição das concentrações de colesterol (tabela 5), fato que não pode ser claramente explicado, tendo como uma das possibilidades a alta concentração de Cu no plasma inibindo a ação da enzima 3-hidroxi-3-metilglutaryl coA, que está envolvida na síntese de colesterol.

Tabela 3. Concentração de Cu, pH e AGV no líquido ruminal e Cu plasmático

Tabela 3

Em relação aos dados de carcaça (tabela 6) houve diminuição na gordura de cobertura, sem afetar o marmoreio e a quantidade de lipídios. A diminuição da gordura de cobertura neste trabalho provavelmente ocorreu devido à diminuição da enzima “ácido graxo sintetase” em resposta à suplementação com cobre. Apesar de não haver alteração na quantidade de lipídios, houve um aumento da quantidade de ácidos graxos insaturados, e houve tendência de diminuição dos saturados. A suplementação de 10 ou 20 mg Cu/Kg MS em dietas de altos níveis de concentrado, para bovinos em terminação, reduz a quantidade de gordura de cobertura, altera a composição da gordura intramuscular (aumenta ácidos graxos insaturados e tende a diminuir ácidos graxos saturados), sem afetar o ganho de peso e o marmoreio.

A diminuição da concentração de colesterol e as mudanças na composição da gordura são benéficas à saúde humana. Além disso, a diminuição do excesso de gordura de cobertura, diminui as perdas por limpeza na carcaça.

Tabela 4. Concentração de colesterol plasmático (mg/dl)

Tabela 4

Tabela 5. Concentrações de Cu, lipídios e colesterol no músculo (Longissimus dorsi)

Tabela 5

Tabela 6. Efeito da suplementação Cu sobre as características de carcaça

Tabela 6

Referências Bibliográficas

ENGLE, T.E.; SPEARS, J.W. Dietary copper effects on lipid metabolism, performance, and ruminal fermentation in finishing steers. J. Anim. Sci., v. 78, p. 2452-2458, 2000.

ENGLE, T.E.; SPEARS, J.W.; ARMSTRONG, T.A.; WRIGHT, C.L.; ODLE, J. Effects of dietary cooper source and concentration on carcass characteristics and lipid and cholesterol metabolism in growing and finishing steers. J. Anim. Sci., v. 78, p. 1053-1059, 2000.

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