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Eficiência da adubação com uréia em pastagens

Nesse ano as chuvas da estação de crescimento no Brasil Central já se iniciaram, em algumas regiões há relatos de mais de 100 mm no mês de agosto. Portanto, é hora de definir as adubações nitrogenadas nas áreas de pastagens, ou áreas de produção de silagem.

As fontes de nitrogênio mais comuns em nosso meio são; uréia, sulfato de amônio e o nitrato de amônio. A tomada de decisão sobre o uso de uma dessas fontes de nitrogênio deve levar em consideração dois aspectos agronômicos: perda por lixiviação do NO3 e perda por volatilização do NH3. Nesse sentido, a uréia é o fertilizante que mais perdas promove, provocando, dessa forma, menor eficiência de adubação. Outro fator a ser levado em consideração é quanto a necessidade do enxofre no sistema. O sulfato de amônia possui enxofre; portanto em uma eventual necessidade desse elemento deve se dar preferência por essa fonte.

Porém, na maioria das vezes o que determina essa tomada de decisão é o custo do nitrogênio e, desse modo, a uréia sempre leva vantagem, pois tem o custo do kg do nitrogênio menor que as outras fontes, tem alta concentração do elemento e facilidade de manipulação.

A decisão pela adubação com uréia pode ser feita de forma mais técnica, isto é, calcula-se o custo do kg do nitrogênio realmente utilizado pela planta. Em outras palavras devemos saber a eficiência do nitrogênio aplicado, o que pode ser medido pela produção de matéria seca por kg de N aplicado (kg MS/kg N).

Um trabalho realizada por Primavesi et al (2000), tenta determinar a eficiência da adubação nitrogenada para as fontes uréia e nitrato de amônio em pastagens de coastcross. O experimento foi realizado em uma área de pastejo com boa fertilidade de solo e que vinha sendo adubada com 300 kg de N/ha.ano na forma de uréia. Foram aplicados cinco doses: 0, 25, 50, 100, 200 kg/ha, após cada corte durante a época das águas. Os cortes foram realizados à cada 24 dias à 10 cm do solo.

Houve diferença de respostas na produção de MS, tanto para fontes de N como para os cortes. Para uréia e também para o nitrato de amônio, as maiores respostas foram para as dosagens de 25 e 50 kg de N/ha (Tabela 1). A eficiência da uréia no primeiro corte foi muito baixa, 4,55 kg MS/kg N, em média para as quatro dosagens de N, isso foi cerca de 14% do valor obtido para a maior eficiência, que ocorreu no segundo corte. No caso do nitrato, a menor eficiência também foi para o primeiro corte, 19,02 kg MS/kg de N, o que significa 49% da maior resposta (2o corte).

Quando se compara a relação da eficiência da adubação com uréia com a do nitrato, nota-se que ela aumenta com a quantidade de N aplicada, sendo em média de 77%. Analisando essa relação somente para a dosagem de 50 kg de N, que é a mais comum de ser usada, conclui-se que ao longo dos cortes a uréia tem uma resposta na produção de MS de somente 67%, isso prejudicado pelo primeiro corte, no qual a eficiência comparativa com o nitrato foi de apenas 23%. Porém, deve se verificar que no períodos mais favoráveis (chuva e umidade relativa alta), a relação pode ser até maior que 1, como é o caso do quarto corte (Tabela 2), significando que a uréia quando aplicada em boas condições climáticas e logo após o corte, pode ter uma eficiência tão boa quanto outras fontes.

Tabela 1: Eficiência do uso de N dos adubos nitrogenados na produção de MS (kg MS/kg N) de coastcross, nos cinco cortes.

Tabela 1

Tabela 2: Relação da eficiência entre uréia e nitrato de amônio para pastagens de coastcross para as diferentes dosagens de N e para a dosagem de 50 kg de N para os diferente cortes.

Tabela 2

Comentário MilkPoint: A escolha da fonte de nitrogênio deve levar em consideração antes de mais nada, a necessidade de adição de enxofre ao sistema. Se for o caso, a fonte deve ser o sulfato de amônio que, além de possuir o enxofre, promove uma menor perda de N. Como em boas condições climáticas a eficiência da uréia pode ser tão alta como o nitrato, por exemplo, deve se alternar as fontes de fertilizantes nitrogenados ao longo da estação de crescimento. Uma sugestão é se fazer a primeira e a última com outra fonte de maior eficiência, e fertilizações intermediárias com uréia, pois nesse período temos as melhores condições climáticas; alta precipitação pluviométrica e alta umidade relativa.

Fonte: Primavesi, A. C.; Corrêa, L. de A.; Pimavesi, O.; da Silva, A. G. e Cantarella, H. Eficiência nutricional de duas fontes de nitrogênio na produção de matéria seca de coastcross. XXXVII Reunião Anual da SBZ, Viçosa-MG, 2000.

1 Comment

  1. Pedro Aurelio disse:

    como é feito a aplicação da ureia nas pastagens ?

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