A diretora-executiva da Agência de Promoção de Exportações (Apex) e ex-ministra, Dorothea Werneck, afirmou ontem que “o embargo canadense à carne brasileira não vai arranhar a imagem do produto brasileiro no exterior e até pode ajudar os pecuaristas a aumentar suas exportações”.
Para ela, logo que os técnicos do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) reconheçam que a doença não existe no Brasil, essa desconfiança gerada pelo embargo será transformada em algo bastante positivo para a imagem do produto brasileiro.
Os pecuaristas do Rio Grande do Sul usarão o certificado do Nafta nas estratégias de promoção da carne in natura no exterior. Ayrton Pinto Santos, coordenador de projetos da área de negócios internacionais do Sebrae-RS, explica que, em razão da presença da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) em países da União Européia, as exportações daquela região têm diminuído. ”Este é o melhor momento para abocanharmos, por exemplo, o mercado do Oriente Médio. Vamos aproveitar a certificação, virar essa situação a nosso favor e reforçar que não temos a doença”, afirmou.
As exportações do setor devem aumentar assim que os técnicos do Nafta divulgarem os resultados da análise que terminou no fim de semana, acredita o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Afins do RS, José Alfredo Knorr. ”Assim que tivermos a aprovação dos técnicos norte-americanos, vamos partir para trabalhar a imagem do nosso produto”, afirmou.
A fraca repercussão do embargo à carne brasileira em outros países favorece ainda mais os produtores brasileiros. ”O impacto do boicote na imagem da nossa carne foi zero aqui nos Estados Unidos, nem rádios nem TVs repercutiram o assunto”, disse o embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa.
(Por Paula Puliti, para Agência Estado, publicado na Folha de Londrina, 21/02/01)