Dica de pecuária moderna: façam integração lavoura-pecuária e olhem seus custos – Paulo Carvalho [Arca Agropecuária]
16 de janeiro de 2014
Argentina: abate bovino cresce 10% em 2013
16 de janeiro de 2014

EUA: frio muda cenário de preços e oferta de carne bovina

O frio profundo que varreu os Estados Unidos na semana passada, além de cancelar viagens e elevar o uso de combustíveis, agravou a pressão sobre o mercado doméstico de carne bovina, que já estava em declínio, às voltas com a alta nos custos e outros problemas climáticos. Várias culturas, da laranja ao trigo de inverno, escaparam de maiores danos, mas o frio tornou mais lento o crescimento do gado. Também estendeu a onda de alta dos contratos futuros de gado em Chicago, que chegaram a novos patamares recorde, sinalizando maiores custos com a carne bovina para restaurantes, desde o McDonald's Corp. ao Texas Roadhouse Inc.

“O gado precisa de mais ração apenas para manter a temperatura corporal, em vez de direcionar essa energia extra para ganhar peso”, disse Dean Wang, de 46 anos, dono de cerca de 850 vacas que vão parir nesta primavera americana e de 550 novilhos. “Neste ano, todos começaram a alimentar os animais um pouco antes do que gostariam, por causa da forte neve e do frio”.

O frio profundo que varreu os Estados Unidos na semana passada, além de cancelar viagens e elevar o uso de combustíveis, agravou a pressão sobre o mercado doméstico de carne bovina, que já estava em declínio, às voltas com a alta nos custos e outros problemas climáticos. Várias culturas, da laranja ao trigo de inverno, escaparam de maiores danos, mas o frio tornou mais lento o crescimento do gado. Também estendeu a onda de alta dos contratos futuros de gado em Chicago, que chegaram a novos patamares recorde, sinalizando maiores custos com a carne bovina para restaurantes, desde o McDonald’s Corp. ao Texas Roadhouse Inc.

O rebanho bovino nos EUA encolheu por seis anos consecutivos para o menor número desde 1952, de acordo com números do governo. Uma seca recorde em 2011 destruiu pastagens no Texas. No ano seguinte, os preços dos grãos para ração dispararam, após o maior período de seca no Meio-Oeste desde os anos 30. Com rebanho menor a produção da indústria de carne bovina, que movimenta US$ 85 bilhões, em 2014 vai cair para o menor nível em 20 anos, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.

O preço futuro do boi subiu 12% desde o fim de junho e chegou a US$ 1,377 por libra-peso em 9 de janeiro, maior valor desde o início das negociações na Bolsa Mercantil de Chicago (CME, na sigla em inglês) em 1964. O índice GSCI, da Standard & Poor’s, de 24 matérias-primas, avançou 0,7% no período.

A produção comercial de carne bovina nos EUA pode cair 5,4% neste ano para 11,03 milhões de toneladas, menor volume desde 1994, segundo informou o Departamento de Agricultura em 10 de janeiro. O rebanho encolheu para 89,3 milhões de cabeças em 1º de janeiro de 2013, menor número em 61 anos.

Os animais precisam gerar calor suficiente para ficar aquecidos durante climas frios, segundo Dustin Oedekoven, veterinário na Dakota do Sul. Quando o gado usa a energia para ficar aquecido, gasta as calorias que converteria em peso.

O impacto do frio da semana passada pode ser limitado, já que a ração extra é comum durante os meses de inverno e “no geral, não é um prejuízo”, segundo Harry Knobbe, que cria gado em West Point, no Nebraska. Os criadores no Meio-Oeste preparam-se para levar os animais para as pastagens de inverno, onde há mais abrigos naturais ou artificiais contra o vento.

Embora os rebanhos estejam encolhendo, o mesmo ocorre com a demanda por carne bovina nos EUA. O consumo per capita pode encolher para 24,31 quilos neste ano, o menor desde pelo menos 1970, de acordo com projeções do governo dos EUA.

O número de cabeças de gado em confinamento em 1º de dezembro era o segundo menor nos registros, segundo dados do governo. Embora o milho tenha recuado 49% em agosto de 2012, o preço ainda está 25% acima da média dos últimos 20 anos. O uso de grãos para alimentar os bovinos vai aumentar 22% neste ano, segundo o Departamento de Agricultura.

Mesmo com o declínio na demanda por carne nos EUA, o consumo mundial será o maior desde 2008, uma vez que o aumento de renda nas economias emergentes lhes permite gastar mais em proteínas. As exportações dos EUA somaram 1,1 milhão de toneladas nos 11 meses até 30 de novembro, 4,4% a mais do que no mesmo período de 2012. Japão, Canadá e México são os maiores compradores.

O encolhimento dos rebanhos e o aumento do preço da carne resultam em contas mais altas para consumidores, supermercados e restaurantes. Embora o custo global dos alimentos tenha caído 3,4% em 2013, o da carne subiu 0,5%, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Os consumidores podem pagar até 3,5% a mais pela carne neste ano, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Para o McDonald’s, maior rede de lanchonetes do mundo, a carne é um dos “maiores impactos no custo com commodities” nos EUA, segundo o diretor de finanças da empresa, Peter J. Bensen, disse em teleconferência com analistas sobre os resultados, em outubro passado. A Texas Roadhouse elevou os preços nos últimos dois anos, dentro dos esforços da rede de Louisville, no Kentucky, para “combater o que vem sendo uma inflação bem alta da carne bovina”, disse o presidente da empresa, Scott Colosi, nesta semana, durante apresentação a investidores em Orlando.

As frias temperaturas podem continuar a trazer problemas para os fazendeiros, porque faz parte de um padrão de climas extremos que ocorre, mais ou menos, a cada dez anos e que agora vem assolando os EUA há mais de um mês, fazendo o clima oscilar de temperaturas amenas até congelantes, segundo Tom Kines, meteorologista da AccuWeather Inc., em State College, na Pensilvânia. A região afetada vai do norte do Meio-Oeste até o Sul e ao Atlântico do país.

Confira artigo relacionado:

Mercado de carnes nos EUA: provável redução na produção em 2014. Confira relatório WASDE do USDA

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress